SOBRE A DETERMINAÇÃO CONTEXTUAL DO QUE É DITO: Uma comparação de duas versões do contextualismo radical

Autores

  • Eduardo Marchesan

Palavras-chave:

o que é dito, onteúdo proposicional, intenção, contextualismo radical

Resumo

Duas versões contemporâneas do contextualismo radical em filosofia da linguagem, uma defendida por François Recanati e outra por Charles Travis, centram sua crítica à distinção tradicional entre semântica e pragmática na categoria de dito (what is said), tal como descrita por Paul Grice. Ambas as versões se contrapõem à ideia de que o que é dito é determinado plenamente pelo significado convencional da sentença proferida acrescido da fixação do valor de elementos indexicais. Ambas sustentam, a partir desta crítica, que uma enunciação não necessariamente expressa um conteúdo proposicional associado ao significado literal da sentença. Neste artigo, busco mostrar que a partilha desta tese negativa geral esconde divergências importantes. Centrando minha análise na reformulação feita por Recanati da categoria de what is said, busco mostrar como ela se organiza a partir da preservação e radicalização de princípios essenciais da pragmática griceana, bem como da ideia de que elementos subsentencias possuem um conteúdo proposicional mínimo atrelado à sua significação. Em seguida, busco apontar como a negação total da pragmática griceana e deste mínimo proposicional por Travis não apenas revela uma divergência profunda em relação a Recanati, mas gera problemas para a tentativa de reestruturação da noção de what is said.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AUSTIN, J. L. “How to do things with words”. Cambridge: Harvard University Press, 1962.
BORG, E. “Pursuing meaning”. Oxford: Oxford University Press, 2012.
CAPPELEN, H., LEPORE, E. “Insensitive semantics”. Oxford: Blackwell, 2005.
CHAPMAN, S. “Paul Grice, Philosopher and Linguist”. New York: Palgrave Macmillan, 2005.
GRICE, P. “Studies in the way of words”. Cambridge: Harvard University Press, 1989.
KAPLAN, D. “Demonstratives.” In: ALMOG, J. WETTSTEIN, H., PERRY, J. Themes from Kaplan. Oxford: Oxford University Press, pp.481-563, 1989.
MORAN, R. “The exchange of words”. Oxford: Oxford University Press, 2018.
NEALE, S. “Paul Grice and the Philosophy of Language”. Linguistics and Philosophy, 15, pp. 509-559, 1992.
RECANATI, F. “The pragmatics of what is said”. Mind & language, Vol. 4, Nr. 4, pp. 295-329, 1989.
_____. “Direct reference: from language to thought”. Oxford: Blackwell, 1993.
_____. “Literal/non-literal”. Midwest Studies in Philosophy, Oxford, Vol. 25, Nr. 1, pp. 264-274, 2001.
_____. “Literal meaning”. Cambridge: Cambridge University Press, 2004.
_____. “Pragmatic enrichment”. 2010a [on line]. Disponível em https://jeannicod.ccsd.cnrs.fr/ijn_00503959/document (Acessado em 10 de maio de 2019).
_____. “Truth-conditional pragmatics”. New York: Oxford University Press, 2010b.
SPERBER, D., WILSON, D. “Relevance: Communication and Cognition”. Oxford: Blackwell, 1986.
STANLEY, J. “Language in context”. Oxford: Oxford University Press, 2007.
STEVENSON, C. L. “Ethics and language”. New Haven: Yale Univesity Press, 1944.
STRAWSON, P. F. “On referring”. Mind, Oxford, Vol. 59, Nr. 235, pp. 320-344, Jul. 1950.
TRAVIS, C. “Thought’s footing. Oxford: Oxford University Press, 2006.
_____. “On what is strictly speaking true”. In: TRAVIS, C. Occasion-sensitivity. New York: Oxford, 2008a, pp. 19-64.
_____. “Annals of analysis”. In: TRAVIS, C. Occasion-sensitivity. New York: Oxford, 2008b, pp. 65-93.
____. “Meaning’s role in truth”. In: TRAVIS, C. Occasion-sensitivity. New York: Oxford, 2008c, pp. 94-108.

Downloads

Publicado

02-10-2020

Como Citar

MARCHESAN, E. . SOBRE A DETERMINAÇÃO CONTEXTUAL DO QUE É DITO: Uma comparação de duas versões do contextualismo radical. Revista Kriterion, [S. l.], v. 61, n. 145, 2020. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/kriterion/article/view/25655. Acesso em: 30 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos