A IMAGEM DO “JARDIM DE ADÔNIS” E A REFLEXÃO SOBRE A ESCRITA COMO PARADIGMA PARA DETERMINAÇÃO DO LÓGOS NO FEDRO DE PLATÃO (276B1-277B3)
Palabras clave:
Platão, escrita, oralidade, dialética, lógosResumen
O trecho entre 276b1 e 277b3 do diálogo Fedro tem sido usado como indício de uma dicotomia entre oralidade e escrita, que seria, por sua vez, signo de uma inconciliável relação entre a dialética e a escrita. Ambas são associadas, respectivamente, a uma atividade séria (spoudé) e a uma brincadeira ou jogo (paidiá). Em nossa leitura, pretendemos mostrar não ser possível subscrever tal associação, tendo em vista que, por um lado, a passagem deve ser lida como uma espécie de síntese de uma reflexão mais abrangente (a determinação do lógos filosófico, i.e., a dialética) e, por outro, que nela se entreveem camadas de significação produzidas pelo diálogo intertextual (o debate sobre a escrita encetado entre Alcidamante e Isócrates). Nesse sentido, propomos uma interpretação que leva em conta uma análise imanente da passagem, mostrando que ela carece dos significantes para uma dicotomia oralidade vs. escrita, seguida de uma reflexão que a repõe no enquadre do diálogo, ao analisarmos os sentidos filosóficos da imagem do “Jardim de Adônis” e da oposição entre paidiá e spoudé.
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