VIDA E DIREITO ENTRE GIORGIO AGAMBEN E YAN THOMAS

Autores

  • Benjamim Brum Neto Universidade Federal do Paraná

Palavras-chave:

Direito, Roma, biopolítica, dispositivo, arqueologia

Resumo

O presente artigo pretende explorar um tema ainda incipiente na literatura secundária referente ao estatuto do direito em Giorgio Agamben e ao peso do direito romano em seus trabalhos. Para isso lançamos mão do debate entre Agamben e Yan Thomas, um importante historiador do direito romano com quem Agamben teve um contato bastante intenso. Ao longo do artigo pretenderemos mostrar três coisas: em primeiro lugar, a relação de Agamben com a biopolítica, destacando, sobretudo, o aspecto articulatório da noção de dispositivo que subjaz suas investigações. Em segundo lugar, a importância do ensaio Vita necisque potestas de Yan Thomas, que servirá para Agamben introduzir diferenças em relação a Hannah Arendt e Michel Foucault. Por fim, lançaremos luz sobre o estatuto do direito no pensamento de Agamben, que, é a nossa hipótese, comunga da visão thomasiana: o direito não seria uma realidade metafísica ou substancial, mas funcionaria por meio de artifícios e ficções, o que nos permite pensar o direito enquanto um autêntico dispositivo biopolítico.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AGAMBEN, G. “Autoritratto nello studio”. Milano: Nottetempo, 2017a.

______. “Categorias italianas: estudos de poética e literatura”. Florianópolis: UFSC, 2014.

______. “Epílogo: por uma teoria do poder destituinte”. In: Uso dos corpos. Tradução de Selvino J. Assmann. São Paulo: Boitempo, 2017b.

______. “Homo sacer: o poder soberano e a vida nua”. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2010.

______. “L’archéologue et l’historien. Dialogue avec Giorgio Agamben”. Critique, Nr. 836-837, pp. 164-171, 2017c/1.

______. “Meios sem fim: notas sobre a política”. Belo Horizonte: Autêntica, 2015a.

______. “O aberto: o homem e o animal”. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017d.

______. “O que é um dispositivo?” In: O que é o contemporâneo? e outros ensaios. Chapecó: Argos, 2009.

______. “O reino e a glória: uma arqueologia teológica da economia e do governo”. São Paulo: Boitempo, 2011a.

______. “O sacramento da linguagem: uma arqueologia do juramento”. São Paulo: Boitempo, 2011b.

______. “Signatura rerum: sur la méthode”. Paris: Vrin, 2008.

______. “Tra il diritto e la vita”. In: THOMAS, Y. Il valore delle cose. Macerata: Quodlibet. pp. 7-18, 2015b.

ARENDT, H. “A condição humana”. Tradução de Roberto Raposo. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2017.

BARBOSA, J. “Política e tempo em Giorgio Agamben”. São Paulo: Educ, 2014.

BRUM NETO, B. “Notas introdutórias à noção de arqueologia em Giorgio Agamben: deslocamentos interpretativos de Foucault”. Trágica: estudos sobre Nietzsche, Vol. 11, pp. 92-110, 2018.

______. “O paradigma da Oikonomia em Giorgio Agamben: entre o dispositivo e a máquina trinitária”. In: Correia, A.; Nascimento, D.; Müller, M. C. Filosofia Política Contemporânea. Coleção XVII Encontro ANPOF: ANPOF, pp. 158-178, 2017.

______. “Soberania e biopolítica em Giorgio Agamben”. Dissertação de mestrado para obtenção do título de mestre em filosofia pela UFPR, 2016.

CHIGNOLA, S. “Sul dispositivo: Agamben, Foucault e Deleuze”. In: Genealogie della modernità: teoria radicale e critica postcoloniale. Napoli: Meltemi, 2017.

DUBOULOZ, J. “Puissance de mort et puissance de vie du père romain sur son fils. Lecture croisée de Michel Foucault et de Yan Thomas”. In. Une histoire au présent. Les historiens et Michel Foucault Damien Boquet, Blaise Dufal et Pauline Labey (dir.). pp. 41-58, 2013. [Online] Disponível em https://books.openedition.org/editionscnrs/24026 (Acessado em 23 de novembro de 2020).

ESPOSITO, R. “Pensiero vivente: Origine e attualità della filosofia italiana”. Torino: Einaudi, 2010.

FONSECA, M. A. “Michel Foucault e o direito”. São Paulo: Saraiva, 2012.

FOUCAULT, M. “Histoire de la sexualité I. La volonté de savoir”. Paris: Gallimard, 1976.

______. “Segurança, território, população: curso dado no Collège de France (1977-1978)”. Edição estabelecida por M. Senellart sob a direção de F. Ewald e A. Fontana; tradução E. Brandao; revisão da tradução C. Berliner. São Paulo: Martins Fontes, 2008. (Coleção Tópicos).

HEIDEGGER, M. „Der Ursprung des Kunstwerks“. In: Gesamtausgabe I. Abteilung: Veröffentlichte Schriften 1914-1970. Band 5, Holzwege. Frankfurt am Main: Satz und Druck: Limburger Vereinsdruckerei GmbH, 1977.

ROMANDINI, F. L. “A comunidade dos espectros. I. Antropotécnica”. Desterro: Cultura e Barbárie, 2012.

SPANÒ, M. “Le parole e le cose (del diritto)”. In: THOMAS, Y. Il valore delle cose. Macerata: Quodlibet, 2015.

THÉVENIN, P. “Los infortunios de la infrajuricidad. El análisis de las normas de Foucault a Yan Thomas”. Glossae. European Journal of Legal History, Nr. 11, pp. 52-64, 2014. [Online] Disponível em http://www.glossae.eu.

THOMAS, Y. “Il valore delle cose”. Macerata: Quodlibet, 2015.

______. “Imago naturae. L’institution de la nature”. In. Théologie et droit dans la formation de l’État moderne, Rome, (coll. EFR 147), p. 241-278, 1991.

______. “Le sujet de droit, la personne et la nature. Sur la critique contemporaine du sujet de droit», Le Débat, Nr. 100, pp. 85-107, 1998/3.

______. “Les opérations du droit”. Paris: Gallimard, 2011.

______. “L’institution juridique de la nature. Remarques sur la casuistique du droit naturel à Rome”. In. Revue d’histoire des Facultés de droit et de la science juridique, 6, pp. 27-48, 1988.

______. “Los artificios de las instituciones”. Buenos Aires: Eudeba, 1999.

______. “Michel Villey, la romanistique et le droit romain”. In: Droit, nature, histoire, Aix-Marseille, pp. 31-41, 1985.

Downloads

Publicado

08-06-2021

Como Citar

BRUM NETO, B. VIDA E DIREITO ENTRE GIORGIO AGAMBEN E YAN THOMAS. Revista Kriterion, [S. l.], v. 61, n. 147, 2021. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/kriterion/article/view/34449. Acesso em: 18 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos