KANT, LIBERDADE E A HERMENÊUTICA DO FRACASSO
Palavras-chave:
Liberdade, Moralidade, Escolha, ImputabilidadeResumo
Neste artigo, analiso o modo como uma importante tradição interpretativa do kantismo se deixou desencaminhar pelo fato de Kant trabalhar, em sua filosofia prática, com duas acepções distintas e aparentemente conflitantes da liberdade da vontade humana em sentido positivo: como causalidade numênica e como poder de escolha entre possibilidades alternativas. Em primeiro lugar, defendo que nenhuma acepção de liberdade na filosofia kantiana pode ser conflitante com aquela que, afirmada nas mais importantes obras fundacionais do filósofo, a define como o efetivo (e não meramente potencial) exercício da racionalidade moral. Em seguida, procuro mostrar, por argumentos tanto textuais, quanto conceituais, a impertinência da adesão predominante a uma versão equivocada da segunda delas: a liberdade de escolha como o poder de escolher a favor ou contra a moralidade. Finalmente, sustento que a única maneira consistente de se entender a liberdade de escolha em consonância com a liberdade como efetivo exercício da moralidade implica uma real dificuldade conceitual no kantismo, que é o problema da imputabilidade das decisões imorais. O fio condutor desta exposição é uma interpretação de passagens essenciais do artigo de Karl Ameriks de 2002 intitulado “Pure Reason of Itself Alone Suffices to Determine the Will”.
Downloads
Referências
KANT, I. Gesammelte Schriften. Hrsg.: Bd. 1-22: Preussische Akademie der Wissenschaften, Bd 23: Deutsche Akademie der Wissenschaften zu Berlin, ab Bd. 24: Akademie der Wissenschaften zu Göttingen. Berlin: 1900ff.
KANT, I. (1990) Kritik der Reinen Venunft. Hamburg: Felix Meiner;
ULRICH, Johann August Heinrich. (1788) Eleutheriologie, oder über Freyheit und Notwendigkeit. Jena: Cröker;
SHÖNECKER, D. (2013) “Kant`s Moral Intuitionism: The Fact of Reason and Moral Predispositions”. Kant Studies Onlinhe;
HILL, T. (2008) “Kant on Weakness of the Will”. In: HOFFMANN, T. (Ed.). Weakness of the Will from Plato to the present. Washington D.C., The Catholic University of America Press, 210-230;
AMERIKS, Karl. (2002) “Pure reason of itself alone suffices to determine the will”. In: HÖFFE, Otfried (Hrgb). Kritik der Praktischen Vernunft. Akademieverlag, Berlin, pp. 99-114;
SIDGWICK, H. (1962) The Methods of Ethics. Palgrave Macmillan;
TIMMERMANN, Jens. (2007) “Freedom and moral failure: Reinhold and Sidgwick”. In: Kant`s Groundwork of Metaphysics of Morals: a Commentary. New York ,Cambridge University Press;
GUYER, P. (2017) “The Struggle for Freedom: Freedom of the Will in Kant and Reinhold”. In: WATKINS, Eric. Kant on Persons and Agency. Cambridge University Press.
WEIL, E. (1990) Problèmes Kantiens. Paris, J. Vrin
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Revista Kriterion
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.