Você Iria Sozinha?

Sobre Ser Mulher e Fazer Pesquisa de Campo no Brasil

Autores

  • Eliene Faria Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
  • Naiara Paola Oliveira Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
  • Renata Martins Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

DOI:

https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.29727

Palavras-chave:

Mulher, Aprendizagem, Etnografia

Resumo

Este artigo propõe reflexões a respeito da condição e das aprendizagens das mulheres na realização de trabalhos de campo. Tomando como ponto de partida a análise dos registros de campo de três pesquisadoras da UFMG - com pesquisas etnográficas em lazer e educação - o artigo estabelece o diálogo entre as experiências de pesquisas das autoras e a produção acadêmica mais ampla, sobretudo, com os estudos decoloniais, feminismo, produção acadêmica das mulheres, vulnerabilidade e violência de gênero. O trabalho sinaliza reflexões sobre o fazer científico das mulheres e seus desdobramentos no contexto de uma ciência hegemonicamente masculina/branca/hetero. Além de apontar as desigualdades de gênero no meio acadêmico, os receios e as possíveis contribuições das mulheres nas pesquisas, o artigo propõe reflexões sobre a importância de construção de alternativas para a reversão do quadro atual.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ABRAMOVAY, Miriam (coord.). Juventude, violência e vulnerabilidade social na América Latina: desafios para políticas públicas. Brasília: UNESCO, BID, 2002. 192 p.

AYRES, José Ricardo; et al. Risco, vulnerabilidade e práticas de prevenção e promoção da saúde. In: CAMPOS, G.; et al. Tratado de Saúde Coletiva. São Paulo: Editora Fiocruz; 2006. p.

ARROYO, Miguel González. Outros sujeitos, outras pedagogias. Petrópolis: Vozes, 2014.375-417.

BIROLI, Flávia. Gênero e desigualdade: limites da democracia no Brasil. São Paulo: Boitempo, 2018. 311 p.

BONETTI, Aline Lima. Não basta ser mulher, tem de ter coragem: Uma etnografia sobre gênero, poder, ativismo feminino popular e o campo político feminista de Recife- PE. 2007. 258 f. Tese (Doutorado) - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2007.

BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Censo da Educação Superior 2019 - Notas Estatísticas – Disponível em: http://download.inep.gov.br/educacao_superior/censo_superior/documentos/2020/Notas_Estatisticas_Censo_da_Educacao_Superior_2019.pdf. Acesso em: 13 nov. 2020.

______. Lei nº 13.104, de 9 de mar. de 2015. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13104.htm. Acesso em: 10 dez. 2020.

______. Lei nº. 11.340, de 7 de ago. de 2006. Lei Maria da Penha. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm. Acesso em: 10 dez. 2020.

______.. Estudo exploratório sobre o professor brasileiro - Com base nos resultados do Censo Escolar da Educação Básica 2007. 2009. Disponível em: https://portal.mec.gov.br/dmdocuments/estudoprofessor.pdf. Acesso em: 17 nov. 2020.

CASTRO, Antônio Luiz Coimbra de. Glossário de defesa civil: estudos de riscos e medicina de desastres. Ministério do Planejamento e Orçamento, Departamento de Defesa Civil. Brasília, 2007.

CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE – CONASEMS, 2020. Protagonismo feminino na saúde: mulheres são a maioria nos serviços e na gestão do SUS. Disponível em: http://www.conasems.org.br/o-protagonismo-feminino-na-saude-mulheres-sao-a-maioria-nos-servicos-e-na-gestao-do-sus/. Acesso em 12 dez. 2020.

FARIA. A aprendizagem na e da prática social: um estudo etnográfico sobre as práticas de aprendizagem do futebol em um bairro de Belo Horizonte. 2008. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2008.

GAGO, Verônica. La potencia feminista: o el deseo de cambiarlo todo. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Tinta Limón, 2019. 256 p.

GOMES, A. M. R.; FARIA, E. R.; BERGO, R. S. Aprendizagem na/da etnografia: reflexões conceitual-metodológicas a partir de dois casos bem brasileiros. Revista FAEEBA. Salvador, v. 28, n. 56, p. 116-135, set./dez. 2019 .

GALVÓ, P. P. Introdução: Centros familiares de formação em alternância. Pedagogia da alternância, Alternância e desenvolvimento, Bahia, 2. ed. p.15-24, Nov. 1999.

GONÇALVES, Benjamin S. (ed.). Perfil social, racial e de gênero das 500 maiores empresas do Brasil e suas ações afirmativas. Curadoria Enap. 2016. Disponível em http://www3.ethos.org.br/wp-content/uploads/2016/05/Perfil_Social_Tacial_Genero_500empresas.pdf. Acesso em: 13 dez. 2020.

GROSSI, Miriam. “Na busca do ‘outro’ encontra-se a si mesmo”. In: ______. (org.). Trabalho de campo e subjetividade. Florianópolis: PPGAS/UFSC, 1992, p. 7-18.

HARAWAY, D. “Modest-Witness @ Second-Millenium” (1996). In: HARAWAY, D. (ed.). The Haraway Reader. New York: Routledge, 2004. p. 223-250.

HARDING, S. Ciencia y Feminismo. Madrid: Morata, 1996.

HOOKS, Bell. O feminismo é para todo mundo: políticas arrebatadoras. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2018. E-book.

INGOLD, Tim. Estar vivo: ensaios sobre movimento, conhecimento e descrição. Petrópolis: Vozes, 2015. 390 p.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo Demográfico 2010: características da população e dos domicílios: resultados do universo. In: IBGE. Sidra: sistema IBGE de recuperação automática. Rio de Janeiro, 2011a. Disponível em: http://www.sidra.ibge.gov.br/cd/cd2010universo.asp?o=5&i=P. Acesso em: 28 nov. 2020.

______. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua: outras formas de trabalho: 2018. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101650_informativo.pdf. Acesso em: 28 nov. 2020.

INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA; Fórum brasileiro de segurança pública (org.). Atlas da violência 2020. Brasília; Rio de Janeiro; São Paulo: IPEA; FBSP, 2020.

JASANOFF, Sheila. States of Knowledge. The co-production of Science and Social Order. London/New York: Routledge, 2004. 316 p.

LAVE, Jean.; WENGER, ETiene. Situated learning: legitimate peripheral participation. Cambridge, UK: Cambridge University Press, 1991. 140 p.

LATOUR, Bruno. O objetivo da ciência não é produzir verdade indiscutíveis, mas discutíveis. Jornal Correio do Povo. Porto Alegre, mar. 11, 2017. Disponível em: https://www.correiodopovo.com.br/blogs/dialogos/bruno-latour-o-objetivo-da-ciencia-nao-e-produzir-verdade-indiscutiveis-mas-discutiveis-1.306155. Acesso em: 17 nov. 2020.

LÖWY, Ilana. Por que tão devagar? Os obstáculos para a igualdade dos sexos na pesquisa científica. In: GROSSI, Miriam Pillar. & REA, Caterina Alessandra. (org.). Teoria feminista e produção do conhecimento situado: ciências humanas, biológicas, exatas e engenharias. Florianópolis: Tribo Ilha; Salvador: Devires, 2020. p. 231 – 246.

MAFFIA, D. “Epistemología Feminista: por una inclusión de lo femenino en la ciencia”. In: GRAF, N. B.; FLORES, J. (ed.). Ciencia, tecnología y género en Iberoamérica. México: Universidad Autónoma de México; Plaza y Valdés, 2005. p. 623-633.

MALINOWSKI, Bronislaw. Argonautas do Pacifico ocidental: um relato do empreendimento e da aventura dos nativos nos arquipélagos da Nova Guiné Melanésia. 3. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1984. 424p.

MARTIN, E. “Anthropology and the Cultural Study of Science”. Science Technology & Human Values, v. 23, n. 1, p. 24-44, 1998.

MARTINS, Fernanda. M. & ALAGIA. Laura Almeida. Guerra contra as mulheres: uma análise feminista da violência sobre a precarização de mulheres e os efeitos da pandemia. Revista Opinião Filosófica, v.10, n. 01, 2019. p. 01 - 16.

MARTINS, Renata. Um olhar para a escola família agrícola e para a pedagogia da alternância como possibilidade de problematização do lazer no entrelaçamento dos tempos da escola, do trabalho e da experiência cultural. 2018. Dissertação (Mestrado em Estudos do Lazer) - Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2018.

OLIVEIRA, Naiara P. O lazer para além do urbano: a produção social do tempo e do território no povoado do Galheiros, Diamantina, Minas Gerais. 2019. Dissertação (Mestrado em Estudos do Lazer) - Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2019. 142 f.: il.

PRODUTIVIDADE acadêmica durante a pandemia: Efeitos de gênero, raça e parentalidade. Parent in Science, 2020. Disponível em: http://bit.ly/2ApPHl0. Acesso em: 08 nov. 2020.

PEIRANO, Mariza. A favor da etnografia. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1995.

PÉREZ-BUSTOS, Tania. Pensando con cuidado La producción de conocimiento: referentes antropológicos feministas y um ejemplo etnográfico. In: GROSSI, Miriam Pillar. & REA, Caterina Alessandra. (org.). Teoria feminista e produção do conhecimento situado: ciências humanas, biológicas, exatas e engenharias. Florianópolis: Tribo Ilha; Salvador: Devires, 2020. p. 91 – 108.

ROSSITER, Margaret. “The Matthew {Mathilda} effect in Science”. Social Studies of Science, v. 23, p. 326-341, 1993.

RUSS, Joanna. How to suppress Women’s’ Writing. Austin: University of Texas Press, 1983.

SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula. Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2010. 637 p.

SPELMAN, Elizabeth. Inessential Woman. Boston: Beacon, 1988.

TRAWEEK, S. Beamtimes and lifetimes: The world of high energy physics. Cam- bridge: Harvard University Press, 1988.

WAGNER, Roy. A invenção da cultura. São Paulo: Cosac & Naify, 2010. 253 p.

ZALUAR, Alba. A máquina e a revolta – As organizações populares e o significado da pobreza. São Paulo: Editora Brasiliense, 1994 [1985].

Downloads

Publicado

2021-03-17

Como Citar

Faria, E. ., Oliveira, N. P., & Martins, R. (2021). Você Iria Sozinha? Sobre Ser Mulher e Fazer Pesquisa de Campo no Brasil. LICERE - Revista Do Programa De Pós-graduação Interdisciplinar Em Estudos Do Lazer, 24(1), 263–301. https://doi.org/10.35699/2447-6218.2021.29727

Edição

Seção

Artigos Originais