Comparação de narrativas sobre Canudos na perspectiva da história dos saberes psicológicos
DOI:
https://doi.org/10.35699/1676-1669.2021.15286Palavras-chave:
Canudos, Euclides da Cunha, história dos saberes psicológicos, vivências da temporalidadeResumo
O objetivo do artigo é comparar duas narrativas acerca de um evento histórico à luz da história dos saberes psicológicos: o movimento de Canudos liderado por Antônio Conselheiro. As narrativas comparadas são: a interpretação dada por Euclides da Cunha acerca das características psicológicas dos participantes desse movimento, em Os Sertões; e os relatos acerca das experiências subjetivas vivenciadas em narrativas orais de sobreviventes de Canudos, colhidas por Odorico Tavares. As duas fontes, produzidas em diferentes gêneros literários (literatura e memória oral) focam as vivências dos participantes de Canudos, divergindo na forma como foram colhidas: a primeira por um observador externo e escritor interprete da visão cultural da intelectualidade brasileira da época; a segunda, expressão narrativa dos atores do movimento entrevistados. Os lugares-comuns evidenciados em ambas as narrativas foram analisados à luz dos respectivos universos histórico-culturais. As divergências emergentes são relacionadas a teorias e saberes psicológicos inerentes a esses universos.
Downloads
Referências
Alcântara, P. (1924). Da Psychologia Experimental. Revista de Medicina, 6(32-33), 1-4.
Augusto, C. B. & Ortega, F. (2011). Nina Rodrigues e a Patologização do Crime no Brasil. Revista Direito GV, 7(1), 221-236.
Barreto, L. P. (1874). Tres philosophias, primeira parte: philosophia teológica. Rio de Janeiro: Laemmert.
Barreto, L. P. (1876). Tres philosophies: philosophia metaphisica. Jacarehy: Typpographia Commercial.
Barreto, L. P. (1967). As Três Filosofias e outras obras filosóficas, 1874. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo-Grijalbo.
Bolsanello, M. A. (1996). Darwinismo social, eugenia e racismo “científico”: sua repercussão na sociedade e educação brasileiras. Educar, 12, 153-165.
Boschi, Caio C. (2006). Espaços de sociabilidade na América Portuguesa e historiografia brasileira contemporânea. Varia Historia, 22(36), 291-313. https://doi.org/10.1590/S0104-87752006000200004
Bulferetti, L. (1975). Cesare Lombroso: con 20 tavole fuori testo. Torino: Unione Tipografico / Editrice Torinese.
Calasans, J. (2002). Canudos: origem e desenvolvimento de um arraial messiânico. Revista USP, 54, 72-81.
Campos, N. (1935). Aspectos da Psicologia. Boletim da Assistência Municipal, 223-226.
Campos, N. (1935). Os fundamentos positivos da Psicologia moderna. Boletim da Secretaria Geral de Saúde e Assistência, 1(3), 5-10.
Campos, N. (1937). As acquisições da moderna Psychologia. Boletim da Secretaria Geral de Saúde e Assistência, 3(6), 63-67.
Campos. F. & Claro, R. (2012). Oficina de História. São Paulo: Leya.
Carruthers, M. (2006). Machina memorialis. Meditazione, retórica e costruzione delle immagini (400-1200) (L. Iseppi, Trad.). Pisa: Edizioni della Scuola Normale. (Original publicado em 1998).
Carvalho, J. M. (1987). Os Bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Companhia das Letras.
Costa, J. F. (1979). Ordem Médica e Norma Familiar. São Paulo: Graal.
Costa e Silva, C. (1982). Roteiro da vida e da morte: um estudo do catolicismo no sertão da Bahia. São Paulo: Ática.
Couto, J. (1988). A Construção do Brasil. Lisboa: Cosmos.
Cunha, E. (1884). Ondas e outros poemas Esparsos. Em: E. Cunha. Obras Completas (p. 637). Rio de Janeiro: Aguilar.
Cunha, E. (1966). Em Viagem. Em: E. Cunha. Obras Completas (p. 517). Rio de Janeiro: Aguilar.
Cunha, E. (2015). Os sertões. 14ª ed. Rio de Janeiro: Record.
Daibert, R. (2015). A religião dos bantos: novas leituras sobre o calundu no Brasil colonial. Estudos Históricos, 28(55), 7-25.
Desbonnets, T. (1974). Dalla vita di San Francesco. Leggenda dei tre compagni 1411. Em T. Desbonnets (Cur.). Atas Franciscanae Historiae, LXVII (p. 144).
Eliade, M. (1991). Paradiso e utopia: Il messianismo nella società americana. I Quaderni di Avallon. Rivista di studi sull’uomo e sul sacro, 24, 29-50.
Facchinetti, C. & Munoz, P. F. N. (2013). Emil Kraepelin na ciência psiquiátrica do Rio de Janeiro, 1903-1933. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, 20(1), 239-262.
Fontes franciscanas dalla vita di San Francesco (1974). Leggenda dei tre compagni 1411. Em T. Desbonnets (Cur.). Atas Franciscanae Historiae, LXVII (p. 144). Edition critique, in AFH, LXVII, pp. 38 -144.
Galton, F. (1988). Natural abilities and the comparative worth of races. Em L. T. Benjamin Jr. (Org). A History of Psychology: original sources and contemporary research (sem pp.). Nova York: McGraw Hill.
Gobineau, A. (1933). Essai sur l’inégalité des races humaines. Paris: Firmin-Didot. (Original datado de 1858).
Gusmão, A. S. I. (1685). História do Predestinado Peregrino e de seu Irmão Precito. Lisboa: Deslandes.
Hartog, F. (1996). Regime de historicidade, tempo, história e a escrita da História: a ordem do tempo. KVHAA Konferenser, 37, 95-113.
Iglesias, T. C. (2011) Fontes franciscanas: os franciscanos na historiografia do Brasil e na história da educação brasileira. Revista HISTEDBR On-line, 11(43), 254-267.
Ilha, Fr. M. (1975). Narrativa da custódia de Santo Antônio do Brasil: 1584-1621. Rio de Janeiro: Vozes.
Kehl, R. F. (1919). O que é eugenia. Em Sociedade Eugênica de São Paulo. Annaes de Eugenia (pp. 219-223). São Paulo: Revista do Brasil.
Kehl, R. F. (1929). Hereditariedade e intelligencia. Boletim de Eugenia, 6(8), 1-4.
Leite, S. (1938). História da Companhia de Jesus no Brasil. São Paulo. Editora Loyola.
Lopes, E. (1938). Eugenia e hygiene mental [conferência na Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo – Sessão 10/outubro/1938]. Annaes Paulistas de Medicina e Cirurgia, 6, 621-622.
Loyola, I. (1991). Autobiografia (A. Cardoso, Trad.). São Paulo: Edições Loyola (Original datado de 1555).
Lynn, R. (1991). Race differences in intelligence: a global perspective. The Mankind Quarterly, 31(3), 255-296.
Macedo, N. (1929). Memorial de Vilanova. Rio de Janeiro: O Cruzeiro.
Machado, R.; Loureiro, A.; Luz, R. & Muricy, K. (1978). Danação da norma: a medicina social e constituição da psiquiatria no Brasil. Rio de Janeiro: Edições Graal.
Masiero, A. L. (2002). Psicologia das raças e religiosidade no Brasil: uma intersecção histórica. Psicologia: Ciência e Profissão, 22(1), 66-79.
Masiero, A. L. (2005). A Psicologia Racial no Brasil (1918-1929). Estudos de Psicologia, 10(2), 199-206.
Massimi, M. (2003). Representações acerca dos índios brasileiros em documentos jesuítas do século XVI. Memorandum, 5, 69-85.
Massimi, M. (2005). Palavras, almas e corpos no Brasil colonial. São Paulo: Edições Loyola.
Massimi, M. (2012). A novela História do Predestinado Peregrino e de seu irmão Precito (1682) – Compêndio dos saberes antropológicos e psicológicos dos jesuítas no Brasil colonial. Em M. Massimi (Org). A Novela História do Predestinado Peregrino e de seu irmão Precito (1682) (pp. 15-56), São Paulo: Edições Loyola.
Massimi, M. (2016). História dos saberes psicológicos. São Paulo: Paulus.
Massimi, M. (2020). Psychological Knowledge in Brazilian Culture. History and Systems of Psychology. Oxford: Oxford University Press.
Medeiros, M. (1908). A questão dos methodos em Psicologia. Arquivos Brasileiros de Psychiatria, Neurologia e Medicina Legal, 4(1-2), 23-51.
Melià, B. (1990). A terra sem mal dos Guaranis. Economia e Profecia – Revista de Antropologia, 3, 34-46.
Moreira, N. J. (1868). A Questão étnico-antropológica: o cruzamento das raças acarreta a degradação intelectual e moral do produto hibrido resultante?. Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro – Seção de Obras Raras, 264, 4,1(23), 16-17.
Morel, A. B. (2008) Acerca da conservação da espécie humana, sua propagação. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 11(3), 497-501.
Mota, M. B. & Braick, P. R. (2012). História das Cavernas ao Terceiro Milênio: do avanço imperialista no século XIX aos dias atuais. São Paulo: Editora Moderna.
Moura, C. (1964). Introdução ao pensamento de Euclides da Cunha. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira S/A.
Munanga, K. (1996). Origem e Histórico do quilombo na África. Revista USP, 28, 56-63.
Nascimento, A. (1980). Quilombismo. Rio de Janeiro: Editora Vozes.
Oda, A. M. G. R. (2000). Nina Rodrigues e A loucura epidémica de Canudos. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 3(2), 139-144.
Oliveira, R. (2002). Euclides da Cunha, Os Sertões, e a invenção de um Brasil profundo. Revista Brasileira de História, 22(44), 511-537.
Oursel, R. (1979). Pellegrini nel Medioevo: gli uomini, le strade, i santuari (A. Monti, Trad.). Milano: Jaca Book. (Original publicado em 1978).
Pereira, N. M. (1939). Compendio Narrativo do Peregrino de América. Rio de Janeiro: Edição Academia Brasileira.
Ribeiro, C. (1932). Psicologia: sua definição, seu objeto e suas divisões através de múltiplas divergências. Salvador: Arquivos Nina Rodrigues.
Romão, T. L. C. (2018). Sincretismo Religioso como estratégia de sobrevivência transacional e translacional: divindades africanas e santos católicos em tradução. Trabalhos em Linguística Aplicada, 57(1), 353-381.
Sangenis, L. F. C. (2018). O Franciscano e o Jesuíta: tradições da educação brasileira. Educação & Realidade, 43(2), 691-709.
Santos, B. M. M. (2012). Lombroso no Direito Penal: o destino d’O Homem Delinquente e os perigos de uma ciência sem consciência. Em: CONPEDI, (pp. 7209-7229). Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia.
Schmitt, A., Turatti, A., Manzoli, M. C. & Carvalho, M. C. P. (2002). A atualização do conceito de quilombo: identidade e território nas definições teóricas. Ambiente & Sociedade, 10, 129-136.
Silva, L. L. (1931). Cruzamento do preto com branco. Boletim de Eugenia, 30(3), 3-4.
Skidmore, T. (1989) Preto no branco. Raça e nacionalidade no pensamento brasileiro (R. S. Barbosa, Trad.) Rio de Janeiro: Paz e Terra. (Original publicado em 1979).
Souza, N. P. B. & Galvão, G. (2007). O estigma de uma obra: a trajetória de Euclides da Cunha e suas reapropiações sob o ponto de vista do positivismo e do evolucionismo. Revista da SBHC, 5(2), 173-184.
Stein, E. (1999). Psicologia e scienze dello spirito: contributi per uma fondazione filosófica (A. M. Pezzella, Trad.). Roma: Città Nuova. (Original publicado em 1970).
Stepan T., Nancy L. (1990). Eugenics in Brazil (1917-1940). Em M. B. Adams (Org). The wellborn science, eugenics in Germany, France, Brazil and Russia, pp. 331-391. Oxford: Oxford University Press.
Tavares, O. & Verger, P. (1947). Roteiro de Canudos – I e II: O reduto de Antônio Conselheiro. O Cruzeiro, 39(3), 9-18.
Vasconcellos, P. L. (2017). Antônio Conselheiro, por ele mesmo. São Paulo: É Realizações.
Ventura, R. (1996). Euclides da Cunha e a República. Estudos Avançados, 10(26), 275-291.
Ventura, R. (1997). Canudos como cidade iletrada: Euclides da Cunha na urbs monstruosa. Revista de Antropologia, 40(1), 165-181.
Vianna, F. J. O. (1930). Os typos eugenicos. Boletim de Eugenia, 19, 3-4.
Vianna, F. J. O. (1991). O eugenismo paulista. Em Vianna, F.J.O. Ensaios inéditos (pp. 69-73). Campinas: Editora da UNICAMP.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Memorandum: Memória e História em Psicologia
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os trabalhos publicados na revista eletrônica Memorandum: Memória e História em Psicologia são licenciados sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.