Encontros e ruídos entre a psicanálise freudiana e a antropologia de Franz Boas
da Clark University a Totem e Tabu
DOI:
https://doi.org/10.35699/1676-1669.2021.29615Palavras-chave:
Psicanálise, Antropologia, Franz Boas, totemismo, Totem e TabuResumo
O presente artigo visa analisar criticamente ecos do encontro de Sigmund Freud com o antropólogo alemão Franz Boas na Clark University em 1909, cujos termos presentes em suas conferências são de relevância para o esclarecimento de trocas epistêmicas e metodológicas da psicanálise com as teorias sociais, em especial, a antropologia social. Busca-se demonstrar como o projeto de Totem e Tabu ressoa à convocatória de Boas realizada na conferência Problemas psicológicos na antropologia. Mas a desconsideração freudiana às críticas ao evolucionismo feitas pelo antropólogo, por sua vez, produziu importantes ruídos ao diálogo entre as disciplinas. Explicitamos como a obra de Boas, em sua leitura específica do totemismo e da noção de inconsciente, precursora da linguística estrutural, foi um elo essencial para a aproximação dos saberes psicanalíticos e antropológicos no escopo do plano lógico de formalização resgatado na interlocução entre Lévi-Strauss e Lacan a partir da década de 1950.
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