Os censos do INEP como critério para entender a formação em Psicologia

gênese, panorama e indicadores atuais

Autores

  • Paulo Coelho Castelo Branco Universidade Federal do Ceará
  • Ana Beatriz Araújo Santiago Universidade Federal do Ceará
  • Raquel Fernandes Pinheiro Universidade Federal do Ceará
  • Sérgio Dias Cirino Universidade Federal de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.35699/1676-1669.2022.34930

Palavras-chave:

base de dados, ensino superior, estudantes universitários, formação do psicólogo, políticas públicas

Resumo

Objetivamos refletir como os censos do INEP podem possibilitar um critério para analisar a formação do psicólogo no Brasil. Estabelecemos uma estratégia metodológica baseada na pesquisa bibliográfica e análise documental. Contextualizamos o surgimento do INEP e a sua lógica de estabelecer o censo do ensino superior pelas figuras de Lourenço Filho e Anísio Teixeira, suas estadas na Universidade de Columbia e apropriações de ideias psicológicas, educacionais e administrativas. Adentramos tais censos, entre 1940-2010, para entender o expansionismo educacional e a formação do psicólogo. No censo de 2020, observamos: predominância de cursos privados sobre os públicos; expansão formativa em cursos interioranos; expressão da mercantilização da Psicologia; discrepância entre os cursos de Bacharelado e Licenciatura; equivalência e diminuição da oferta de cursos de Licenciatura no ensino público e privado. Concluímos que a análise empreendida ajuda a entender o campo da formação do psicólogo em suas nuances históricas, políticas, estatísticas, sociais e educacionais.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Paulo Coelho Castelo Branco, Universidade Federal do Ceará

Paulo Coelho Castelo Branco é Pós-Doutorando e Doutor em Psicologia pela Universidade Federal de Minas Gerais. Docente do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Ceará.

Ana Beatriz Araújo Santiago , Universidade Federal do Ceará

Ana Beatriz Araújo Santiago é graduanda em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará. Bolsista PIBIC/UFC.

Raquel Fernandes Pinheiro , Universidade Federal do Ceará

Raquel Fernandes Pinheiro é graduanda em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará. Bolsista PIBIC/UFC.

Sérgio Dias Cirino , Universidade Federal de Minas Gerais

Sérgio Dias Cirino é Doutor em Psicologia pela Universidade de São Paulo. Docente do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais. Bolsista Produtividade CNPq Nível 2.

Referências

Associação de Servidores do INEP (2021). Servidores não confiam na gestão do INEP, diz ASSINEP no Senado. Disponível em: https://noticias.r7.com/educacao/servidores-nao-confiam-na-gestao-do-inep-diz-assinep-no-senado-17112021.

Azevedo, F. (1932). A reconstrução educacional no Brasil ao povo e ao governo: manifesto dos pioneiros da Educação Nova. São Paulo: Companhia Editora Nacional.

Barros, A. (2015). Expansão da Educação Superior no Brasil: limites e possibilidades. Educação & Sociedade, 36(131), 361-390. doi: 10.1590/ES0101-7330201596208.

Bortoloti, K. & Cunha, M. (2013). Anísio Teixeira e a psicologia: o valor da mensuração. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, 94(236), 32-52. doi: 10.1590/S2176-66812013000100003.

Cellard, A. (2008). A análise documental. Em J. Poupart e outros (Orgs.). A pesquisa qualitativa: enfoques epistemológicos e metodológicos (A. Cristina, Trad., pp. 295-316). Petrópolis: Vozes. (Original publicado em 1997).

Chaves, V. & Amaral, N. (2016). Política de expansão da educação superior no Brasil – o Prouni e o Fies como financiadores do setor privado. Educação em Revista, 32(4), 49-72. doi: 10.1590/0102-4698162030.

Cintra, M. & Bernardo, M. (2017). Atuação do Psicólogo na Atenção Básica do SUS e a Psicologia Social. Psicologia: Ciência e Profissão, 37(4), 883-896. doi: 10.1590/1982-3703000832017.

Cirino, S., Knupp, D., Lemos, L., & Domingues, S. (2007). As novas diretrizes curriculares: uma reflexão sobre a licenciatura em Psicologia. Temas em Psicologia, 15(1), 23-32. Recuperado em 22 de junho, 2021, de http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=513751430004.

Cordeiro, M. (2018). A psicologia no SUAS: uma revisão de literatura. Arquivos Brasileiros de Psicologia, 70(3), 166-183. Recuperado em 22 de junho, 2021, de http://pepsic.bvsalud.org/pdf/arbp/v70n3/12.pdf.

Cury, B. & Ferreira Neto, J. (2014). Do currículo mínimo às diretrizes curriculares: os estágios na formação dos psicólogos. Psicologia em Revista, 20(3), 494-512. doi: 10.5752/P.1678-9523.2014V20N3P494.

Decreto nº 9741 (2019, 15 de fevereiro). Altera o Decreto nº 9.711, de 15 de fevereiro de 2019, que dispõe sobre a programação orçamentária e financeira, estabelece o cronograma mensal de desembolso do Poder Executivo federal para o exercício de 2019 e dá outras providências. Brasília, DF: Diário Oficial da União. Recuperado em 22 de junho, 2021, de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/D9711.htm.

Ferreira, M. (2008). O centro de pesquisas educacionais do INEP e os estudos em ciências sociais sobre a educação no Brasil. Revista Brasileira de Educação, 13(38), 279-411. doi: 10.1590/S1413-24782008000200007.

Ferreira Neto, J. (2010). Uma genealogia da formação do psicólogo brasileiro. Memorandum, 18. 130-142. Recuperado em 22 de junho, 2021, de http://www.fafich.ufmg.br/~memorandum/a18/ferreiraneto01.pdf.

Fierro, C. (2019). From philanthropy and household arts to the scholarly education of psychologists and educators: a brief history of the University of Columbia's Teachers College (1881-1930). Revista de Historia de la Psicología, 40, 11-23. doi: 10.5093/rhp2019a16.

Fonseca, S. & Namen, A. (2016). Mineração de dados do INEP: uma análise exploratória para nortear melhorias no sistema educacional brasileiro. Educação em Revista, 32(1), 133-157. doi.org/10.1590/0102-4698140742.

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. (2007). Inep completa 70 anos. Recuperado de http://inep.gov.br/artigo/-/asset_publisher/B4AQV9zFY7Bv/content/inep-completa-70-anos/21206.

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. (2018). Dados do censo da educação superior: as universidades brasileiras representam 8% da rede, mas concentram 53% das matriculas. Recuperado de http://portal.inep.gov.br/artigo/-/asset_publisher/B4AQV9zFY7Bv/content/dados-do-censo-da-educacao-superior-as-universidades-brasileiras-representam-8-da-rede-mas-concentram-53-das-matriculas/21206.

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. (2020a). Conheça o Inep. Recuperado de http://portal.inep.gov.br/conheca-o-inep#:~:text=O%20Instituto%20Nacional%20de%20Estudos,econ%C3%B4mico%20e%20social%20do%20pa%C3%ADs.

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. (2020b). Sinopses estatísticas da Educação Superior - Graduação. Recuperado de http://portal.inep.gov.br/web/guest/sinopses-estatisticas-da-educacao-superior.

Izidoro, I., Jorcuvich, D. & Costa, J. (2019). O retrato da licenciatura em psicologia no Brasil. Em D. F. Andrade (Ed.). Educação no Século XXI (pp. 30-39). Belo Horizonte: Poisson.

Lei n° 4.119 (1962, 27 de agosto). Dispõe sobre os cursos de formação em psicologia e regulamenta a profissão de psicólogo. Brasília, DF: Presidência da República. Recuperado em 22 de junho, 2021, de https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-4119-27-agosto-1962-353841-normaatualizada-pl.html.

Lima, T, & Mioto, R. (2007). Procedimentos metodológicos na construção do conhecimento científico: a pesquisa bibliográfica. Katálysis, 10(esp.), 37-45. Recuperado em 09 de dezembro, 2021, de https://www.scielo.br/pdf/rk/v10nspe/a0410spe.pdf.

Lisboa, F. & Barbosa, A. (2009). Formação em Psicologia no Brasil: um perfil dos cursos de graduação. Psicologia: Ciência e Profissão, 29(4), 718-737. doi: 0.1590/S1414-98932009000400006.

Lourenço Filho, M. (1940). Tendências da educação brasileira. São Paulo: Melhoramentos.

Lourenço Filho, M. (1954). A Psicologia no Brasil. Em F. Azevedo (Org.). As ciências no Brasil (pp. 23-40). São Paulo: Melhoramentos.

Macedo, J-P. & Dimenstein, M. (2011). Expansão e interiorização da Psicologia: reorganização dos saberes e poderes na atualidade. Psicologia: Ciência e Profissão, 31(2), 296-313. doi: 10.1590/S1414-98932011000200008.

Macedo, J-P., Lima, M., Dantas, C. & Dimenstein, M. (2017). Transnacionalização do Ensino Superior: impactos nos Processos Formativos em Psicologia no Brasil. Psicologia: Ciência e Profissão, 37(4), 852-868. doi: 10.1590/1982-3703004272016.

Macedo, J-P., Ramos, B., Souza, C., Lima, M. & Fonseca, K. (2018). Formação em Psicologia e oligopolização do ensino superior no Brasil. Estudos de Psicologia, 23(1), 46-56. doi: 10.22491/1678-4669.20180006.

Mancebo, D., Valle, A. & Martins, T. (2015). Políticas de expansão da educação superior no Brasil 1995-2010. Revista Brasileira de Educação, 20(80), 31-50. doi: 10.1590/S1413-24782015206003.

Martins, C. (2009). A reforma universitária de 1968 e a abertura para o ensino superior privado no Brasil. Educação & Sociedade, 30(106), 15-35. doi: 10.1590/S0101-73302009000100002.

Ministério da Educação. (2019). Future-se. Recuperado em 22 de junho, de http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/52641.

Pandita-Pereira, A. & Sekkel, M. (2012). Possibilidades de atuação para o licenciado em psicologia nas Etecs. Psicologia: Ciência e Profissão, 32(4), 972-985. doi: 10.1590/S1414-98932012000400015.

Prates, B., & Castelo Branco, P. (2018). Experiência formativa em psicologia segundo estudantes de uma universidade interiorizada: estudo fenomenológico. Psicologia, Diversidade e Saúde, 7(3), 402-413. doi: 10.17267/2317-3394rpds.v7i3.1922.

Prates, B., Feitosa, E., Monteiro, P. & Castelo Branco, P. (2019). Considerações sobre a formação do psicólogo no Brasil: revisão sistemática. Estudos Interdisciplinares em Psicologia, 10(2), 97-115. doi: 10.5433/2236-6407.2019v10n2p97.

Rocha, A. (2016). Experiências norte-americanas e projetos de educação no Distrito Federal e em São Paulo (1927-1935): Anísio Teixeira, Noemi Silveira, Isaías Alves e Lourenço Filho. Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde, Casa de Oswaldo Cruz – Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ.

Rudá, C., Coutinho, D. & Almeida Filho, N. (2019). Formação em psicologia: uma análise curricular de cursos de graduação no Brasil. E-Curriculum, 17(2) 419-440. doi: 10.23925/1809-3876.2019v17i2p419-440.

Rudá, C. & Silva, G. (2020). Formação do psicólogo na Bahia: uma análise a partir do Enade 2015. Educação, 44, 01-24. doi: 10.5902/19846444.

Sganderla, A. & Carvalho, D. (2008). Lourenço Filho: um pioneiro da relação entre psicologia e educação no Brasil. Psicologia da Educação, 26, 173-190. Recuperado em 22 de junho, 2021, de http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psie/n26/v26a10.pdf.

Soares, A. (2010). A Psicologia no Brasil. Psicologia: Ciência e Profissão, 30(esp.), 08-41. doi: 10.1590/S1414-98932010000500002.

Teixeira, A. (1952). Discurso de posse do Professor Anísio Teixeira no Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, 17(46), 69-79. Recuperado em 22 de junho, de http://www.bvanisioteixeira.ufba.br/artigos/discurso2.html.

Teixeira, A. (1956). A educação e a crise brasileira. São Paulo: Companhia Editora Nacional.

Teixeira, A. (2005). Ensino superior no Brasil: análise e interpretação de sua evolução até 1969 (Coleção Anísio Teixeira, Vol. 10). Rio de Janeiro: EDUFRJ. (Original publicado em 1969).

Teixeira, A. (2007). Educação para a Democracia: introdução à administração educacional (2ª ed). Rio de Janeiro: UFRJ. (Original publicado em 1936).

Turci, D., Lourenço, E. & Cirino, S. (2020). A licenciatura em Psicologia no Brasil: a institucionalização na regulamentação da formação. Memorandum: Memória e História em Psicologia, 37. doi: 10.35699/1676-1669.2020.15822.

Downloads

Publicado

2022-02-09

Como Citar

Castelo Branco, P. C., Santiago , A. B. A., Pinheiro , R. F., & Cirino , S. D. (2022). Os censos do INEP como critério para entender a formação em Psicologia: gênese, panorama e indicadores atuais. Memorandum: Memória E História Em Psicologia, 39. https://doi.org/10.35699/1676-1669.2022.34930

Edição

Seção

20 anos de Memorandum: memória e história em psicologia