Livros infernais

analisando a obra de Monteiro Lobato sob a perspectiva do Imaginário Social

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.35699/2237-6658.2021.26676

Palabras clave:

Monteiro Lobato, Imaginário Social, Ditadura militar brasileira, Livros proibidos, Livros infernais

Resumen

Este artigo aborda a temática dos livros infernais e o processo de censura sob a perspectiva do Imaginário. A investigação realizada teve como aporte teórico principal os aspectos simbólicos presentes em contextos de proibição literária baseando-se em autores como Maria Luiza Carneiro (2002), Michel Foucault (1989) e Carlos Serbena (2003). Objetivou-se compreender o Imaginário Social presente durante a ditadura militar brasileira através da comparação das obras Peter Pan (1930) e Reinações de Narizinho (1931) escritas por Monteiro Lobato, em contraponto ao discurso da máquina ideológica estatal. A metodologia utilizada foi a Análise de Conteúdo, de Laurence Bardin (1979), configurando-se como uma pesquisa qualitativa. Os resultados mostraram que os discursos dos agentes censores se relacionaram, nessas obras, a cinco categorias discursivas e constatou-se que o imaginário, como função social, é capaz de legitimar regimes através de discursos políticos dados como verdadeiros por estes. Paralelamente, sugere-se a potencialidade da leitura literária infantil para instilar reflexões e crítica em seus leitores.

Biografía del autor/a

  • Yago Henrique Andrade Almeida, Universidade Federal de Minas Gerais

    Graduando em Biblioteconomia na Escola da Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais. Atuou como bolsista voluntário de Iniciação Científica do Gabinete de Estudos da Informação e do Imaginário (GEDII/PPGCI) e atualmente é pesquisador associado deste mesmo gabinete. Também é monitor da disciplina de Gestão de Unidades de Informação e estagiário na empresa NITRO Histórias Visuais. Suas linhas de pesquisa de interesse são: Livros Proibidos; Imaginário Social; Indexação de Imagens; Arquitetura da Informação; Estudos de Usuários; e Tecnologias aplicadas à Biblioteconomia.

  • Claudio Paixão Anastácio de Paula, Universidade Federal de Minas Gerais

    Residente do IEAT, Claudio Paixão Anastácio de Paula é graduado em Psicologia pela Fundação Mineira de Educação e Cultura, mestre em Ciência da Informação pela UFMG e doutor em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo (USP). É professor Associado do Departamento de Teoria e Gestão da Informação (DTGI) da Escola de Ciência da Informação da UFMG. É coordenador do GEDII (Gabinete de Estudos da Informação e do Imaginário no Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação da UFMG (PPGCI/UFGM). É pesquisador do GECCI (Grupo de Estudos Cognitivos em Ciência da Informação) e do EPIC (Estudos de Práticas Informacionais e Cultura), ambos vinculados ao PPGCI/UFMG. É também coordenador do curso de especialização em "Gestão da Informação e Pessoas" (GIP) do Núcleo de Informação Tecnológica e Gerencial (NITEG) da ECI/UFMG. Possui capítulos de livros e artigos publicados sobre Abordagem Clínica da Informação (ACI), inconsciente, imaginação, informação, imaginário, gestão do conhecimento, pós-modernidade, transhumanismo, psicoterapia, saúde, educação, psicologia administração e psicologia organizacional. Atua na investigação das relações entre a informação enquanto um objeto de estudo interdisciplinar e as ciências que se dedicam a estudá-la; dos processos afetivos e simbólicos que subjazem e influenciam os fenômenos infocomunicacionais; da ampliação do escopo da Ciência da Informação a partir da introdução de pesquisas que incorporem a ação do imaginário e dos conteúdos e reações inconscientes nos processos informacionais, na cognição e na interpretação da realidade de indivíduos e grupos; e de uma crítica da chamada ?identidade brasileira? a partir da sua compreensão como a idealização de uma hiperidentidade baseada em identidades múltiplas violentamente enfeixadas. Inclui, entre suas experiências, atividades junto à ACT. Inc. (Companhia especializada em avaliação e certificação educacional, ocupacional e profissional) no Brasil e em sua sede em Iowa City, EUA. Foi Membro do Comitê Executivo da International Association for Junguian Studies (IAJS). 

  • Eliane Pawlowski de Oliveira Araújo, Universidade Federal de Minas Gerais

    Graduada em Administração, é Especialista em Gestão Estratégica da Informação (2010), Mestra (2013) e Doutora (2017) em Ciência da Informação - área de Gestão da Informação e Conhecimento - pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com estágio pós-doutoral (2019) pelo Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação da mesma Universidade. Exerce a função de Coordenadora Adjunta do Gabinete de Estudos da Informação e do Imaginário (GEDII/UFMG) dedicando-se a pesquisas que abordam temas relacionados aos comportamentos e práticas informacionais e dimensões simbólicas do uso da informação. É membro do Centro de Investigação em Comunicação, Informação e Cultura Digital ( CIC.Digital) da Universidade do Porto, Portugal. Desenvolve estudos na área de educação a distância tendo atuado como tutor pelo Centro de Apoio a Educação a Distância - CAED/UFMG no período de 2012/2013. Foi servidora da Universidade Federal de Minas Gerais, lotada no Sistema de Bibliotecas, exercendo atividades na área de planejamento, gestão e apoio a projetos. Com formação em Análise de Sistemas pelo Instituto de Ciências Exatas (ICEx/UFMG), coordenou o projeto de Inventário do parque computacional da UFMG (1999) da Assessoria de Tecnologia da Informação e exerceu a Coordenação Adjunta do Programa de Administração e Gerenciamento de resíduos sólidos (Geresol UFMG), de 1999 a 2004.

Referencias

ANAZ, Sílvio. O limite entre o real e o imaginário. Produção de Casa do Saber. [S.l]: YouTube, 2018. 1 video (6m). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=C33fFS7M2FI&t=245s. Acesso em: 02 de jun. de 2020.

ARAÚJO, Alberto Filipe; TEIXEIRA, Maria Cecília Sanchez. Gilbert Durand e a pedagogia do imaginário. Letras de Hoje, Porto Alegre, v. 44, n. 4, p. 7-13, 2009.

ARAÚJO, Eliane Pawlowski Oliveira. Comportamento informacional em processos decisórios estratégicos: dimensão simbólica do uso da informação por gestores. Orientador: Claudio Paixão Anastácio de Paula. 2017. 361 f. Tese de Doutorado em Ciência da Informação. Escola da Ciência da Informação. ECI/UFMG, Belo Horizonte, 2017. Disponível em: https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-AXVN94/1/tese_eliane_pawlowski_vfinal_corrigida_apos_defesa_com_ata.pdf. Acesso em: 4 de jun. de 2020.

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1979. 225 p.

CARNEIRO, Maria Luiza Tucci. Livros proibidos, ideias malditas: o DEOPS e as minorias silenciadas. 2. ed. ampl. São Paulo: Ateliê Editorial: FADESP, 2002. 204p.

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. 8. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1989.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. 42. ed. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2014.

LOBATO, M. Reinações de Narizinho. [S.l.]: [S. n.], [1931]. Disponível em: http://www.valdiraguilera.net/bu/sitio-picapau.pdf . Acesso em 8 fev. 2020a.

LOBATO, M. Peter Pan. [S.l.]: Monteiro Lobato & Cia, [1930]. Disponível em: http://bedigital.soaresbasto.pt/copsmaster/ebooks/Monteiro%20Lobato/Peter%20Pan%20%2855%29/Peter%20Pan%2 0-%20Monteiro%20Lobato.pdf Acesso em 8 fev. 2020b.

MAFFESOLI, Michel. Michel Maffesoli: o imaginário é uma realidade. Revista Famecos, v. 8, n. 15, p. 74-82, 2001.

MORA, Pascual. Bolívar, imaginario social. Cifra Nueva, v. 115, p. 101-113, 2002. Disponível em: http://licenciados-admvirtuales.tripod.com/sitebuildercontent/sitebuilderfiles/bolivarimaginariosocial.pdf . Acesso em 02 de jul. de 2020.

PAULA, Cláudio Paixão Anastácio. Informação e Psicodinâmica organizacional: um estudo teórico. 1999. 206 f. Dissertação de Mestrado – Faculdade de Ciência da Informação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 1999.

PENTEADO, J.R.W. Os filhos de Lobato: o imaginário infantil na ideologia do adulto. Rio de janeiro: Qualitymark/Dunya, 1997.

PITTA, D.P.R. Iniciação à teoria do imaginário de Gilbert Durand. Recife: UFPE, 1995. Disponível em: gepai.yolasite.com/resources/Texto%20Iniciação%20Teoria%20do%20Imaginário.doc. Acesso em: 4 de jun. de 2020.

REIMÃO, Sandra. O livro Programa de saúde: um caso de censura durante a ditadura militar brasileira. História, Ciências, Saúde. Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 20, supl., p. 1393-1401, nov. 2013.

REIMÃO, Sandra. "Proíbo a publicação e circulação..." - censura a livros na ditadura militar. Estud. av., São Paulo, v. 28, n. 80, p. 75-90, abr. 2014. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142014000100008&lng=en&nrm=iso Acesso em 24 Jan. 2020.

SERBENA, Carlos Augusto. Imaginário, ideologia e representação social. Cadernos de Pesquisa Interdisciplinar em Ciências Humanas, v. 4, n. 52, p. 2-13, 2003.

Publicado

2021-06-02

Cómo citar

Livros infernais: analisando a obra de Monteiro Lobato sob a perspectiva do Imaginário Social. Múltiplos Olhares em Ciência da Informação - ISSN 2237-6658, Belo Horizonte, v. 11, p. e-26676 , 2021. DOI: 10.35699/2237-6658.2021.26676. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/moci/article/view/26676. Acesso em: 22 dec. 2024.