Ouvindo a si mesmo na depressão:

análise quanti/quali de memórias autobiográficas com estímulos de autorreferência

Resumen

A Memória Autobiográfica (MA) forma narrativas cuja evocação serve à diversas funções, como guiar comportamentos futuros, criar/manter vínculos sociais, e a manutenção do auto conceito. Nesse escopo, o presente estudo buscou comparar os tipos de MAs evocadas, sua especificidade, valência e conteúdo, ao utilizar MAs do próprio sujeito como estímulos, em grupo com e sem sintomatologia depressiva. A amostra consistiu de 20 graduandos entre 18 e 41 anos, de João Pessoa-PB. Utilizou-se: Inventário Beck de Depressão – II, Entrevista Clínica Estruturada para os Transtornos do DSM-5, e o Teste de Memória Autobiográfica. Dentre os resultados, grande parcela dos sujeitos com sintomatologia depressiva recontou a mesma narrativa, mais detalhadamente. Outra parcela, ainda maior: novas MAs específicas. Além disso, tal grupo clínico respondeu melhor ao ouvir memórias de cunho emocional negativo e positivo, enquanto observado prejuízo na evocação autobiográfica específica para aquelas narrativas categorizadas como pistas de valência emocional neutra. Tanto a valência emocional quanto o nível de especificidade têm motivado estudos sobre seu papel nos processos de saúde mental, seja como fator protetivo ou ferramenta psicoterapêutica em sintomatologias diversas. O presente estudo contribui nessa direção, reforçando questionamentos que podem direcionar pesquisas futuras, para um melhor entendimento desses processos e sua aplicabilidade psicoterápica.