Desejo e fúria de Ovídio pelas tabelas: Amores 1.11 e 1.12
DOI:
https://doi.org/10.17851/1983-3636.12.2.289-302Palavras-chave:
elegia erótica, duplicidade, tradução, Ovídio.Resumo
Apresenta-se, neste artigo, a tradução do díptico (Amores 1.11 e 1.12) precedida de uma introdução em que o tradutor busca apresentar as motivações práticas e teóricas subjacentes à sua execução. Desenvolve-se uma breve reflexão sobre a duplicidade e a desigualdade tanto dos versos quanto dos personagens que vivem duas diferentes situações de uma fábula amorosa. O díptico oferece dois lances opostos de uma tentativa de amor, sua esperança e seu fracasso. Desejava o poeta se declarar. Desejava o encontro. Desejava Amor em seu sentido carnal (1.11), mas recebe a negativa, caindo em fúria, não contra a amada, mas contra as dúplices tabuinhas (1.12), sendo essas últimas mais uma metonímia da dubiedade do gênero elegíaco como praticado por Ovídio. A tradução, em uma estrofe portuguesa composta por dois decassílabos seguidos de um hexassílabo, procura replicar poeticamente alguns aspectos sonoros, sintáticos e semânticos percebidos no texto de partida.
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