As primeiras traduções brasileiras da Lisístrata
seu contexto e sua recepção
Palavras-chave:
Lisístrata, Recepção dos Clássicos, História da TraduçãoResumo
As primeiras traduções de Lisístrata, de Aristófanes, no Brasil datam dos anos sessenta do século passado apenas. Em 1964, Mário da Gama Kury publica a peça com o título A Greve do Sexo (Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964), em volume conjunto com A Revolução das Mulheres (Assembléia de Mulheres); em 1967, Millôr Fernandes a traduz a pedido da atriz Ruth Escobar, que a leva à cena no mesmo ano em montagem de grande repercussão em São Paulo – a tradução, contudo, só seria publicada dez anos mais tarde (São Paulo: Abril Cultural, 1977). Essas traduções tiveram grande sucesso comercial e ainda hoje continuam a ser lidas e editadas, apesar de a comédia ter recebido novas versões desde então. Entendendo que elas são produto do seu tempo e constituem formas de recepção do legado antigo, pretendo investigar como o contexto histórico-cultural brasileiro da época determinou a) a escolha dessa comédia, até então negligenciada por editoras e ausente dos palcos; b) as opções adotadas pelos tradutores para verter a obra. Paralelamente vou apontar como elas determinaram a recepção da comédia no Brasil, que vai além do âmbito literário, contribuindo para tornar a personagem um símbolo de resistência política e de militância feminista no contexto da ditadura militar.
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