Amor em tempos de guerra:

análise nos fragmentos dos romances Nino e Sesoncôsis

Autores

Palavras-chave:

Romance antigo; fragmentos; amor;

Resumo

O presente artigo analisa os fragmentos dos romances antigos Nino e Sesoncôsis a partir da leitura de David Konstan, para quem a novidade do romance antigo é apresentar o tema amoroso de modo simétrico. Neste sentido, diferentemente do que ocorre na literatura clássica em geral, no romance, há uma simetria do casal protagonista, já que nenhum deles exerce socialmente um poder sobre o outro. A partir desta chave de leitura, busca-se encontrar elementos que permitem a leitura destes fragmentos, identificando de que modo eles se enquadram genericamente ao romance antigo. Da mesma forma, faz-se uma análise comparativa com a narrativa de amor de “Panteia e Abradatas”, na Ciropedia de Xenofonte, comparando a reação de Ciro diante do amor, com a de Nino e Sesoncôsis, já que os três são personagens histórico-lendários do Oriente. Enquanto Ciro, na obra de Xenofonte, é um líder-militar que recusa o amor com medo de seu efeito para as suas ambições, Nino e Sesoncôsis, personagens de romances, buscam equilibrar seu desejo pessoal amoroso com suas obrigações públicas, não recusando o amor, mas o aceitando.

Palavras-chave: Romance antigo; fragmentos; amor.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

BAKHTIN, M. Questões de literatura e estética. A Teoria do Romance. Tradução de Aurora F. Bernardini et al. São Paulo: Hucitec, 2002.

BRANDÃO, J. L. A Invenção do Romance. Brasília: Editora UNB, 2005.

CERDAS, E. O conto de Panteia: Introdução, Tradução e Notas. Translatio, v.1, p. 16-40, 2020.

CERDAS, E. Questão de gênero: história e ficção na Ciropedia de Xenofonte. In: XXV Semana de Estudos Clássicos/V FAEC: Dionisio: Travessias e transmutações, 2011, Araraquara. Dionisio: Travessias e transmutações. Araquara: Laboratório Editorial FCL-Unesp, 2011. v. 1, p. 68-75.

DORION, L.-A. Xenophon’s Socrates. In: AHBEL-RAPPE, S.; KAMTEKAR, R. (Ed.). A Companion to Socrates. Oxford: Blackwell, 2006, p. 93-109.

GERA, D. L. Xenophon’s Cyropaedia. Style, Genre, and Literary Technique. New York: Oxford University Press, 1993.

GOLDHILL, S. Genre. In: WHITMARSH, T (Org.). The Cambridge companion to greek and roman novel. Cambridge: University Press, 2008. p. 185-200.

GUAL, C. G. Los orígenes de la Novela. Madrid: Ediciones Istmo, 1972.

HÄGG, T. The Novel in Antiquity. Berkeley and Los Angeles: University of California Press, 1991.

HOLZBERG, N. The Genre: Novels proper and the fringe. In: SCHMELING, G. (0rg). The Ancient Novel. an introduction. London and New York. Routelage, 2003. p.11-28.

HUMPHREYS, S. Oikos and Palis. In:_______. The Family, Women and Death: Comparative Studies. London: Routledge, 1983.

HUTCHEON, L. Metaficção historiográfica. “O passatempo do tempo passado”. In: Poética do Pós-Modernismo. História-Teoria-Ficção. Tradução de Ricardo Cruz. Rio de Janeiro: Imago Ed., 1991.

KONSTAN, D. Sexual Symmetry: Love in the Ancient Novel and related genres. Princeton: Princeton University Press, 1994.

LADYNIN, I. A. Sesostris-Sesonchosis-Sesoosis: The Image of the Great King of the Past and its connotations of the Lybian time in Egypt. Cultural heritage of Egypt and Christian Orient, 2000, n. 5, p. 122-142.

LAVAGNINI, B. Eroticorum graecorum fragmenta papyracaea. Leipzig: in aedibus B.G. Teubneri, 1922.

LUKÁCS, G. O romance histórico. Tradução de Rubens Enderle. São Paulo: Boitempo, 2011.

MENDOZA, J. Introducción. In: CÁRITON; JENOFONTE DE ÉFESO. Quéreas y Calírroe; Efesíacas; Fragmentos novelescos. Traducción de Julia Mendoza. Madrid: Gredos, 2002. v.16.

RUAS, V. As “Efesíacas” (ou “Ântia e Habrócomes”): um romance em embrião. In: XENOFONTE DE ÉFESO. As Efesíacas. Ântia e Habrócomes. Tradução, introdução e notas de Vítor Ruas. Lisboa: Edições Cosmos, 2000, p. LXIX-LXXII.

RUIZ-MONTEIRO, C. The Rise of the greek novel. In: SCHMELING, G. (Ed). The novel in the ancient world. Boston: Brill Academic Publishers, 2003. p. 29-88.

SANO, L. História e ficção no romance grego e o caso de Siracusa em Quéreas e Calírroe, de Cáriton de Afrodísias. Eutomia. Revista de Literatura e Linguística. Recife, 2015. n.15, v.1, p. 69-91.

TATUM, J. Xenophon’s imperial fiction: the Education of Cyrus. New Jersey: Princeton University Press, 1989.

STADTER, P. The ficcional narrative in the Cyropaedia. American Journal of Philology, 112: 461-491, 1991.

STEPHENS, S. A; WINKLER, J. J. Ancient Greek Novels. The Fragments. Princeton: Princeton University Press, 1995.

VERNANT, J-P. O casamento. Mito e sociedade na Grécia Antiga. Tradução de Myriam Campelo. Rio de Janeiro: J; Olympio, 2010, pp.48-70.

VIEIRA, B. V. G. O dístico elegíaco em português: tradução de Ovídio, Amores, I, 1, 4, 5, 9. Revista Eletrônica Antiguidade Clássica, n. 002/ Semestre II, 2008, p.26-37

WEIL, H. La Ninopédie. In:. Étude de littérature et de rhythmique grecque, Paris: Librairie Hachette et Cie, 1902. p. 90-106.

ZIMMERMANN, F. (Ed.). Griechische Roman–Papyri und verwandte Texte. Heidelberg: Bilabel, 1936.

Downloads

Publicado

2023-11-23

Como Citar

Cerdas, E. (2023). Amor em tempos de guerra:: análise nos fragmentos dos romances Nino e Sesoncôsis. Nuntius Antiquus, 19(1). Recuperado de https://periodicos.ufmg.br/index.php/nuntius_antiquus/article/view/48016