Um instrumento para a boa vida

o juízo dos outros em Plutarco

Autores

Palavras-chave:

Plutarco, filosofia, modo de vida, ética, alma, discurso

Resumo

Plutarco de Queroneia (45-125), importante representante do medioplatonismo, destacará a importância das paixões no horizonte da experiência humana como um traço que lhe distingue e, ao fazê-lo, considera o tópos a ser ocupado pelo juízo dos outros na vida humana. É patente também o apelo de Plutarco para a atenção a ser dada para a atuação na pólis, a vida política, com os outros, que poderá ser usada como um instrumento para a boa vida. Platão, afirma Plutarco, nos advertirá sobre os perigos do amor desmesurado por si mesmo, uma vez que é complexo para o ser humano ser um juiz honesto e imparcial de si próprio, emergindo a necessidade da escuta atenta dos juízos dos outros. Plutarco parte da matriz filosófica platônica que impulsiona seus escritos, instigando seu leitor à sabedoria prática e realizando um convite a uma análise especular que exigirá um ser humano intelectualmente ativo e atento para a esperança do florescimento da virtude. O filósofo lançará mão da parrhesía, a fala franca, que lhe será recorrente tanto em suas Vidas Paralelas (Vitae), quanto nos Tratados Morais (Moralia), provocando, no espírito de seu leitor, a necessidade de uma paidéia ancorada no autoexame e na reta audição, bem como na observação atenta dos demais agentes da pólis. O convite do polígrafo é para que o ser humano se atente para a necessidade de depurar-se a si mesmo e entregar-se ao esforço de oportunamente depurar os demais atores que conosco agem e padecem.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

BECK, M. A Companion to Plutarch. South Carolina: Wiley-Blackwell, 2014.

CÂMARA, A. G. Sobre a unidade do Fedro de Platão: o movimento psicagógico e a arte retórica. Tese (Doutorado em Filosofia) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2018. Disponível em: https://repositorio.pucsp.br/jspui/handle/handle/21497. Acesso em: 01 out. 2023.

DIAS, A. C. S. Alcibíades primeiro de Platão: estudo e tradução. Dissertação de Mestrado – Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, 2015. Disponível em: https://doi.org/10.11606/D.8.2015.tde-09102015-140733. Acesso em: 01 out. 2023.

DIELS, H; KRANZ, W. (Hrsg.) Die Fragmente der Vorsokratiker. Griechisch und Deutsch. Bd. 2. Zürich: Weidmann, 1996; 18a edição a partir da 6a edição de 1952.

DILLON, J. The Middle Platonists. A Study of Platonism 80 BC to 220 AD. Ithaca, New York: Cornell University Press, 1977. Reimpr. in London: Duckworth,1996.

FERREIRA, A. M. G. O homem de Estado ateniense em Plutarco: o caso dos Alcmeónidas. Coimbra: Humanitas Supplementum, 2012.

FOUCAULT, M. A hermenêutica do sujeito. Curso dado no Collège de France (1981-1982). Edição estabelecida por Fréderic Gros sob a direção de François Ewald e Alessandro Fontana. Trad. de Márcio Alves da Fonseca e Salma Tannus Muchail. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

HADOT, P. A filosofia como maneira de viver – entrevistas de Jeannie Carlier e Arnold I. Davidson. Trad. de Lara Christina de Malimpensa. São Paulo: É realizações, 2016.

HADOT, P. O que é a filosofia antiga? Trad. de Dion Davi Macedo. 3.ed. São Paulo: Loyola, 2004.

JAEGER, W. Paidéia: a formação do homem grego. Trad. de Artur M. Parreira. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

JAZDZEWSKA, K. Reading Plato’s “big letters”: the opening of Plutarch’s De audiendo and Plato’s Republic. In: PACE, G., CACCIATORE, P. V. (eds.). Gli scritti di Plutarco: tradizione, traduzione, ricezione, commento. Atti del IX Convegno Internazionale della International Plutarch Society, Napoli (D’Auria) 2013. p. 245-250.

MORPHEW, D. R. Passionate Platonism: Plutarch on the Positive Role of Non-Rational Affects in the Good Life. Unpublished Dissertation. Ann Arbor, MI. 2018.

PLATÃO. Diálogos: Fedro. Trad. de Carlos Alberto Nunes. Belém: Editora Universidade Federal do Pará, 2007.

PLUTARCO. Como ouvir. Trad. de J. C. C. Mendonça. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

PLUTARCO. Œuvres Morales. Du contrôle de la colère. Trad. R. Flacelière. Tome I. Paris: Les Belles Lettres, 2003.

PLUTARCO. Vidas paralelas: Alcibíades e Coriolano. Trad. do grego, introd. e notas de Maria do Céu Fialho e Nuno Simões Rodrigues. 2. ed. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2012.

PLUTARCO. Vidas paralelas: Péricles e Fábio Máximo. Trad., introd. e notas Ana Maria Guedes Ferreira, Ália Rosa Conceição Rodrigues. 3. ed. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2013.

PLUTARQUE. Vies. Tome IV. Timoléon-Paul Émile. Texte établi et traduit par Robert Flacelière e Émile Chambry. Paris: Les Belles Lettres, 1966.

PLUTARQUE. Vies Parallèles. Trad. de Anne-Marie. Ozanam. Paris: Quarto Gallimard, 2001.

PLUTARCO. Da virtude e do vício. Trad., introd. e notas de Maria Aparecida de Oliveira Silva. Perspectivas – Revista do Colegiado de Filosofia da UFT, n. 2, 2016, p. 101-109. Disponível em: https://doi.org/10.20873/rpv1n2-14. Acesso em: 01 out. 2023.

PLUTARCO. De Ísis e Osíris. Ed. bilíngue. Trad., introd. e notas de Maria Aparecida de Oliveira Silva. São Paulo: MAOS, 2022.

PLUTARCO. Se as paixões da alma são piores que as do corpo. Trad., introd. e notas de Maria Aparecida de Oliveira Silva. Revista do Laboratório de Dramaturgia – LADI/UnB, 11, 2019, p. 257-271. Disponível em: https://doi.org/10.26512/dramaturgias.v0i11.27380. Acesso em: 01 out. 2023.

PINHEIRO, J. Plutarco transmissor da paideia e da politeia: o tratado Ad Principem indoctum. In: MARTOS; M. J. F.; MACÍAS, V. C.; SÁNCHEZ, R. C. (eds.). Plutarco, entre dioses y astros: Homenaje al profesor Aurelio Pérez Jiménez de sus discípulos, colegas y amigos. Zaragoza: Libros Pórtico, 2019. p. 525-544.

OZANAM, A.-M. Préface. In: PLUTARQUE. Vies parallèles. Trad. de Anne-Marie Ozanam. Paris: Gallimard, 2001. p. 19-21.

SÊNECA. Annaei Senecae ad Novatvm de Ira. Traduzido por LIMA, Ricardo Antonio Fidelis. “De Ira de Sêneca – Tradução, Introdução e Notas”. São Paulo, 2015. Dissertação de Mestrado apresentada ao PPG do Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Disponível em: https://doi.org/10.11606/D.8.2016.tde-14032016-110602. Acesso em: 01 out. 2023.

STEPHAN, C. L. Filosofia como prática de vida: um diálogo entre Pierre Hadot e Michel Foucault. Aprender – Cad. de Filosofia e Psic. Da Educação. Vitória da Conquista, v. 16, n. 27, p. 11-29, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.22481/aprender.i27.10852. Acesso em: 01 out. 2023.

Downloads

Publicado

2024-06-27

Como Citar

Freitas, V. (2024). Um instrumento para a boa vida: o juízo dos outros em Plutarco. Nuntius Antiquus, 20(1). Recuperado de https://periodicos.ufmg.br/index.php/nuntius_antiquus/article/view/51598

Edição

Seção

Filosofia e Vida