Da pura liberdade do riso
Palavras-chave:
Platão, Luciano, riso, liberdade, poéticaResumo
A proposta deste artigo é a de defender a hipótese de que a poética de Luciano de Samósata, que tem como critério a noção de pura liberdade composicional e temática, tem como consequência uma pura liberdade também em relação ao riso. Luciano conceituará sua poética como uma mistura harmônica entre comédia e diálogo filosófico. Ora, mas Platão também se apropriou de vários elementos da comédia na composição de seus diálogos, além de defender uma tese sobre o ridículo que parece se confundir com a própria prática socrática, desempenhando, pois, importante papel dramático. De modo a esclarecer a diferença quanto a questão do riso nesses dois autores, o artigo será dividido em duas partes: na primeira, apresentar-se-á a tese que Platão desenvolve no Filebo sobre o ridículo, procurando demonstrar os usos críticos do riso em seu pensamento de modo geral; na segunda parte, por sua vez, discutir-se-á o estatuto da poética luciânica, de modo a tornar visível a maneira como Luciano vira do avesso a relação entre filosofia e comédia que teria sido estabelecida por Platão, libertando o riso da clausura da gravidade filosófica.
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