Cícero: exílio, cartas e repetições
DOI:
https://doi.org/10.17851/1983-3636.11.1.63-87Parole chiave:
Cícero, epistolografia, retórica, figuras de repetição, exílio.Abstract
Considerando a relevância tanto das cartas de Cícero no âmbito dos estudos clássicos, quanto das figuras de repetição no campo da retórica, este artigo tem o objetivo de verificar o uso que o famoso orador, estadista e escritor romano do primeiro século a.C. fez das referidas figuras nas 34 cartas por ele escritas durante o seu exílio, que ocorreu entre 58-57 a.C. devido a uma perseguição política empreendida pelo então tribuno da plebe, Públio Clódio Pulcro. A metodologia deste estudo baseia-se na revisão da bibliografia concernente às figuras de repetição e no levantamento de todas as ocorrências de tais figuras na correspondência ciceroniana de exílio, com o objetivo de interpretá-las de modo a revelar a intenção comunicativa subjacente à argumentação do orador. O texto mostra como o uso de tais recursos oratórios, em um gênero textual geralmente considerado despretensioso em termos de estilo, ajudou a ampliar o poder de convencimento de Cícero em relação aos leitores originais do conjunto de cartas redigidas em um dos períodos mais tempestuosos de sua vida. Assim, este artigo pretende contribuir não só para ampliar o conhecimento da força argumentativa das figuras de repetição, mas também para divulgar uma parte significativa da obra de um dos mais importantes nomes da literatura universal.
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