Sujeito e modernidade na poética de Carlos Drummond de Andrade

Autores

  • Marlise Sapiecinski

DOI:

https://doi.org/10.17851/2358-9787.8..165-182

Palavras-chave:

Sujeito, Modernidade, História.

Resumo

É entendendo que as relações contraditórias do movimento poéticomoderno nunca foram tranqüilas é que se pretende pensar a poética deCarlos Drummond de Andrade, tendo em vista a questão do sujeito nalírica moderna e suas correspondências com a problemática damodernidade, considerando-se, sobretudo, a consciência que o artistapassa a ter de seu próprio papel histórico. Nesse sentido, foram evidenciadasas relações entre poesia, filosofia e história na tentativa de melhorcompreensão do universo poético do autor. Seja através da imagem dodandy baudelairiano ou na figura gauche de Drummond, ou mesmo nomutismo de Rimbaud, revela-se o profundo sentido da condição do poetamoderno: abandonado à sua própria fatalidade, ele está condenado àmissão primordial de apontar a caducidade e a barbárie de seu tempo,ainda que muitas vezes o faça pelo avesso, pronunciando-se por meio dosilêncio ou encarcerando a linguagem em si mesma, pois há muito nãoconsegue integrá-la nos discursos da sociedade. A modernidade, comodisse Alfredo Bosi, se dá como recusa e ilhamento. Mas a despeito dissotudo, e a tudo isso resistindo, paradoxalmente, o poeta moderno nãodeixou de penetrar seu tempo com a lâmina afiada do olhar que lançasobre todas as coisas. Foi o que fez Drummond, com a força de um lirismointerpretativo que elevou a poesia brasileira aos mais altos níveis da criaçãoartística universal.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Referências Bibliográficas

ADORNO, Theodor. Conferência sobre lírica e sociedade. In: BENJAMIN, Walter et al.

Textos escolhidos. São Paulo: Abril Cultural, 1975.

ASCHER, Nelson. Um poeta múltiplo. Cult – Revista Brasileira de Literatura. Ano III, set.

BAUDELAIRE, Charles. Sobre a modernidade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.

BENJAMIN, Walter. A modernidade e os modernos. Trad. Heindrun K. Mendes da Silva

et al. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1975.

BERMAN, Marshall. Tudo o que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade.

ed. Trad. Carlos Felipe Moisés e Ana Maria L. Ioriatti. São Paulo: Companhia das

Letras, 1986.

ESTEBAN, Claude. Crítica da razão poética. Trad. Paulo A. N. da Silva. São Paulo:

Martins Fontes, 1991.

FRIEDRICH, Hugo. Estrutura da lírica moderna. Trad. Marise M. Curioni. São Paulo:

Duas Cidades, 1978.

HABERMAS, Jürgen. O discurso filosófico da modernidade. Trad. Ana Maria Bernardo

et al. Lisboa: Dom Quixote, 1990.

MERQUIOR, José Guilherme. Razão do poema: ensaios de crítica e de estética. 2. ed.

Rio de Janeiro: Topbooks, 1996.

PAZ, Octavio. Signos em rotação. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 1996.

______. Os filhos do barro. Trad. Olga Savary. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.

SANTOS, Pedro B. Poesia brasileira e modernidade. Letras, UFSM, Santa Maria: UFSM/

CAL, n. 1, jan. 1991.

VICO, Giambattista. Princípios de uma ciência nova. 2. ed. Trad. Antônio de Almeida

Prado. São Paulo: Abril Cultural, 1979.

Downloads

Publicado

2002-08-30