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  • CHAMADA PRORROGADA O Eixo e a Roda – v. 34, n.4 (out. - dez. 2025) Dossiê: Formas do coletivo na literatura brasileira moderna e contemporânea

    2025-05-15

    CHAMADA O Eixo e a Roda – v. 34, n.4 (out. - dez. 2025)

    Dossiê: Formas do coletivo na literatura brasileira moderna e contemporânea

    Organizadores:

    Rebeca Errázuriz-Cruz (Centro de Estudios Americanos, Universidad Adolfo Ibáñez)

    Fábio Roberto Lucas (PUC-SP)

    Jorge Manzi (Pontificia Universidad Católica de Chile)

    Prazo para submissão: 13 de junho de 2025

    O presente dossiê visa constituir um campo amplo de reflexão sobre os vínculos entre formas do literário, do coletivo e do político na literatura brasileira do século XX e XXI, aproximando e contrastando dois marcos históricos, um moderno e outro contemporâneo. Para usar uma imagem de Antonio Candido em “A revolução de 30 e a cultura”, diríamos que tanto as reformas político-sociais do Estado Novo quanto a redemocratização que dá início à Nova República nos anos 1980 constituem uma espécie de vórtice de experiências históricas, que num braço espiral recolhe dilemas sociais, políticos e artísticos de décadas anteriores para processá-los e “dispô-los numa configuração nova”. Entre a construção do Estado moderno e a inserção do Brasil na globalização, os pactos industrial-desenvolvimentistas e as moedas sem lastro neoliberais, a sociedade de massas moderna em escala nacional e as formas sociais contemporâneas atravessadas por múltiplas escalas (incluindo a da nação), este dossiê procura interrogar os modos em que a forma literária interage com essas transformações sociopolíticas, com ênfase na noção de coletividade.

    O foco do dossiê estará na discussão sobre as tensões e dificuldades que tem caracterizado a figuração do coletivo na literatura brasileira desde a modernidade até o presente; dificuldades que podem ser percebidas nitidamente já nas montagens e na forte heteroglossia do modernismo de 22, e dos seus desdobramentos, chegando até as formas desmedidas e corais que, segundo Flora Süssekind, irromperam na literatura mais ambiciosa da Nova República. Como se, retomando os termos Rodrigo Naves, a figuração do coletivo na literatura brasileira exigisse lidar sempre com a “dificuldade da forma”, vinculada ao desafio de dar conta das suas heterogeneidades, antagonismos e violências, e, ao mesmo tempo, das suas potências e horizontes utópicos. Assim, surgem obras que, ao ver de Süssekind, muitas vezes “não pressupõe[m], propriamente (…) uma comunidade, mas, ao contrário, seu ‘perpétuo questionamento’, ‘o perpétuo trabalho de seu limite’”. Neste marco, o dossiê acolherá trabalhos que ofereçam novas análises, interpretações e perspectivas para refletir sobre as complexidades da figuração do coletivo na literatura brasileira moderna ou contemporânea, considerando procedimentos como a montagem, a colagem, a fragmentação, a heteroglossia, formas corais, entre outros, seja na prosa, na poesia ou no teatro. Serão acolhidos também trabalhos de orientação intermidial (literatura e outras artes) ou de orientação comparada com outras tradições literárias (não brasileiras).

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  • CHAMADA O Eixo e a Roda - v. 34, n. 3 (jul. - set. 2025) Dossiê: Territórios indivisíveis: Corpo, escrita e política no Brasil e na América hispânica

    2024-10-24

    CHAMADA O Eixo e a Roda - v. 34, n. 3 (jul. - set.2025)

    Dossiê: Territórios indivisíveis: Corpo, escrita e política no Brasil e na América hispânica

    Organizadores: 

    Ana Carolina Macena (Instituto Federal de São Paulo)
    Debora Duarte dos Santos (Universidade Estadual de Santa Cruz)
    Ellen Maria Vasconcellos (Universidade Nacional Autônoma do México)

    Prazo para submissão:  24 de fevereiro de 2025

     

    Jean-Luc Nancy propõe uma abordagem distinta para pensar a escrita quando afirma que escrever é um gesto que "toca no corpo, por essência". Nesta perspectiva, para além de sua dimensão simbólica, Nancy reconhece na escrita a sua materialidade ao concebê-la como uma extensão do corpo, em sua extremidade. A escrita seria, portanto, esse espaço limite de partilha onde se dá a inscrição do corpo-fora, permitindo que este seja tocado e possa tocar outros corpos, afetando-se e afetando-os mutuamente.

    Haja vista esta espécie de contiguidade entre corpo e escrita, que contempla também todo tipo de modulações performáticas, o objetivo deste dossiê é investigar como a escrita do corpo, em certas manifestações literárias — principalmente, brasileiras e hispano-americanas —, torna-se rota para pensar novos modos de existência e resistência, nos quais se afirma a materialidade de corpos escritos. Ao invés de reconhecer a vida exclusivamente por sua dimensão transcendental, separada de sua dimensão corpórea, buscam-se artigos que instigam a pensar a existência como uma densidade indivisível, em um contexto onde a vida coincide consigo mesma, com seu modo de ser imanente, isto é, com a materialidade dos corpos e das coisas que os cercam, que se tocam e se entrecruzam infinitamente (DELEUZE, GUATTARI).

    Nesse sentido, assim como Deleuze afirma que “os corpos não se definem por seu gênero ou sua espécie, por seus órgãos e suas funções, mas por aquilo que podem, pelos afetos dos quais são capazes, tanto na paixão quanto na ação”, interessam-nos para o diálogo que ora abrimos propostas que explorem a escrita e a arte como espaço de intersecção e implicação física, material, problematizando os dualismos que distanciam mente/corpo, humano/não humano, pessoa/coisa, na tentativa de forjar a noção de humano (ESPOSITO): corpos tecnológicos, corpos pós-orgânicos, corpos animalizados, corpos mutantes, corpos em atuação.

    São também bem-vindas propostas que investiguem modos de sobrevivência em meio à precariedade da vida, à catástrofe, aos fins e à violência à qual estes corpos estão expostos (BUTLER), discutindo dispositivos biopolíticos de reinvenção da vida e afirmação de outras subjetividades não-normativas ou controláveis, dignas de direitos: corpos enfermos, corpos precários, corpos disformes, corpos migrantes, corpos de gênero e sexualidade dissidentes, enfim, corpos marginalizados.

     

    Referências

    BUTLER, Judith. Vida precária: os poderes do luto e da violência. Tradução de Andreas Lieber. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2019.

    DELEUZE, Gilles; PARNET, Claire. Diálogos. Tradução de Eloisa Araújo Ribeiro. São Paulo: Escuta, 1998.

    DELEUZE, Gilles. A Imanência: uma vida… Educação & Realidade, v. 27, n. 2, 2002, p. 10-18. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/educacaoerealidade/article/view/31079. Acesso em: 4 out. 2024.

    DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs. Tradução de Aurélio Guerra Neto, Ana Lúcia de Oliveira, Lúcia Cláudia Leão e Suely Rolnik. São Paulo: Editora 34, 1999. v. 3.

    DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs. Tradução de Suely Rolnik. São Paulo: Editora 34, 2008. v. 4.

    ESPOSITO, Roberto. Las personas y las cosas. Tradução de Federico Villegas. Buenos Aires: Katz Editores, 2016.

    ESPOSITO, Roberto. Imunidad, comunidad, biopolítica. Las Torres de Lucca. Madrid, v.1, Jul.- dic. 2012, p. 101-114.

    NANCY, Jean-Luc. Corpus. Tradução de Tomás Maia. Lisboa: Vega, 2000.

     

     

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