Considerações sobre a literatura de Hilda Hilst e Samuel Beckett com base na crítica filosófica da linguagem de Fritz Mauthner
DOI:
https://doi.org/10.17851/2358-9787.26.3.75-100Palavras-chave:
Hilda Hilst, Samuel Beckett, Fritz Mauthner, crítica da linguagem.Resumo
Este artigo tem por objetivo propor um diálogo entre alguns aspectos da produção literária dos escritores Hilda Hilst e Samuel Beckett, tomando como principal fundamentação teórica a crítica filosófica da linguagem traçada por Fritz Mauthner em seu Beiträge zu einer Kritik der Sprache, publicado originalmente entre 1901 e 1902. Ainda que outros textos dos dois escritores sejam eventualmente mencionados, serão esboçadas análises mais específicas de duas narrativas curtas: “Vicioso Kadek” (1977), de Hilst, e “Imagination Morte Imaginez” (1965), de Beckett. Apesar de visivelmente distintos em sua proposta estética, ambos os textos apontam para uma linguagem que se descobre incapaz de significar de maneira satisfatória, por meio de situações de incomunicabilidade vividas por seus personagens ou descrições sofríveis que acabam limitadas à condição de gaguejos. Esse impasse encontra ecos na filosofia de Mauthner, cujo ensaio versa sobre as limitações da linguagem.
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