“Não precisas tirar a máscara” – Notas sobre a carta no jornal e o jornal na carta
DOI:
https://doi.org/10.17851/2358-9787.27.1.153-179Palavras-chave:
carta, jornal, ficçãoResumo
Resumo: Este artigo visa apresentar algumas reflexões sobre as relações entre a escrita epistolar, a ficção e o jornal instauradas em textos publicados por Aluísio Azevedo, Lúcio de Mendonça e Júlio Ribeiro em fins do século XIX no Brasil. A partir da leitura de suas obras Mattos, Malta ou Matta?, O marido da adúltera e Cartas sertanejas, respectivamente, busca-se tecer aproximações entre a carta e o jornal, de forma a destacar as confluências que marcam estes suportes de escrita cotidiana, bem como evidenciar certo diálogo instaurado por estes autores com os anônimos leitores das folhas diárias, diálogo que denota uma nova percepção política de seu tempo e um novo estilo literário, o naturalismo.
Palavras-chave: carta; jornal; ficção.
Abstract: This article aims to present reflections about the relations among epistolary writing, fiction and newspaper in the writings of Aluísio Azevedo, Lúcio de Mendonça and Júlio Ribeiro at the end of the 19th century in Brazil. Those reflections are based on the author’s pieces of writing Mattos, Malta ou Matta?, O marido da adúltera and Cartas sertanejas, respectively. We attempt to draw approximations between the letter and the newspaper so as to highlight the similarities of such daily life texts as well as to establish connections between these authors and their anonymous readers of daily news. Such connection evidences a new political perception at that time and a new literary style – naturalism.
Keywords: letter; newspaper; fiction.
Referências
AZEVEDO, A. A Giovani. Gazetinha, Rio de Janeiro, n. 132, 12 e 13 jun. 1882a. Disponível em:<http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=706850&PagFis=314&Pesq= memorias%20de%20um%20condemnado>. Acesso em: 6 jul. 2017.
AZEVEDO, A. A Giovani. In: ______. O touro negro: crônicas e epistolário. São Paulo: Martins, 1954. p. 47-51.
AZEVEDO, A. Mattos, Malta ou Matta? Rio de Janeiro: Ediouro, [19--]. (Coleção Prestígio). Disponível em:<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000017.pdf>. Acesso em: 4 jul. 2017.
AZEVEDO, A. Melhores contos de Aluísio de Azevedo. Organização de Ubiratan Machado. São Paulo: Global, 2008.
AZEVEDO, A. Mysterio da Tijuca. Rio de Janeiro: Folha Nova, 1882b. Disponível em: <https://digital.bbm.usp.br/handle/bbm/4820>. Acesso em: 10 jul. 2017.
BROCA, B. A vida literária no Brasil – 1900. Rio de Janeiro: José Olympio/Academia de Letras, 2005.
DARNTON, R. A leitura rousseauista e um leitor “comum” do século XVIII. In: CHARTIER, Roger (Org.). Práticas da leitura. São Paulo: Estação Liberdade, 1996. p. 143-176.
DIAZ, B. O gênero epistolar ou o pensamento nômade: formas e funções da correspondência em alguns percursos de escritores no século XIX. Tradução de Brigitte Hervot, Sandra Ferreira. São Paulo: Edusp, 2016.
GUIMARÃES, J. C. Contrapontos: notas sobre correspondência no modernismo. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 2004.
HAROCHE-BOUZINAC, G. Escritas epistolares. Tradução de Ligia Fonseca Pereira. São Paulo: Edusp, 2016.
HOUAISS, A.; VILLAR, M. S. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.
MELLO, D. E. M. Aluísio Azevedo: processo de composição e crítica. 2008. 149 f. Tese (Doutorado em Literatura Brasileira) ‒ Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.
MENDONÇA, L. O marido da adúltera. São Paulo: Editora Três, 1974. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ea000672.pdf>. Acesso em: 28 jun. 2017.
MEYER, M. Folhetim: uma história. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
NASCIMENTO, J. L. Júlio Ribeiro: ciência, política e arte. In: RIBEIRO, Júlio. Cartas sertanejas: procellarias. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo/ FUNDAP, 2007. p. v-xxxix.
O PAÍS. Rio de Janeiro, ano I, n. 58, 27 nov.; n. 59, 28 nov.; n. 64, 3 dez.; n. 65, 4 dez.; n. 66, 5 dez.; n. 67, 6 dez. 1884. Disponível em: <http://memoria.bn.br/DOCREADER/DocReader.aspx?bib=178691_01&PagFis=265&Pesq=castro%20malta>. Acesso em: 10 jul.2017.
RIBEIRO, J. A carne. São Paulo: Círculo do Livro, 1988.
RIBEIRO, J. Cartas sertanejas: procellarias. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo/FUNDAP, 2007.
SANTOS, M. D. Ao sol carta é farol: a correspondência de Mário de Andrade e outros missivistas. São Paulo: Annablume, 1998.
SÜSSEKIND, F. O romance epistolar e a virada do século XIX: Lúcio de Mendonça e João do Rio. In: ______. Papéis colados. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2003. p. 229-244.
VASCONCELLOS, E. Intimidade das confidências. Teresa – Revista de Literatura Brasileira, São Paulo, n. 8/9, p. 372-389, 2008.
ZILBERMAN, R. “Entre o privado e o público: Aluísio Azevedo e as cartas a Giovani”. Machado de Assis em Linha, São Paulo, v. 10, n.
, p. 16-41, 2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/mael/v10n21/1983-6821-mael-10-21-0016.pdf>. Acesso em: 20 jan. 2018.