Uma análise sobre a subjetividade do “eu” nas metáforas da cor na obra O menino marrom, de Ziraldo

Autores

  • José Gomes Pereira Universidade Federal de Juiz de Fora
  • Bárbara Inês Ribeiro Simões Daibert Universidade Federal de Juiz de Fora

DOI:

https://doi.org/10.17851/2358-9787.30.2.54-75

Palavras-chave:

preconceito, identidade, criança, cores, humanização

Resumo

Este trabalho desenvolve uma abordagem crítica sobre a obra literária O menino marrom, do escritor Ziraldo. Publicado pela primeira vez em 1986, o livro apresentou como protagonista o menino marrom, que acabou conhecendo e fazendo amizade com o chamado menino cor-de-rosa. Tal obra descreveu os detalhes dessa amizade, frente às curiosidades pessoais, diferenças, valores humanos e questões raciais. O contexto da dúvida favoreceu, a cada um dos dois meninos, a construção de suas próprias identidades. Essa construção pode ser descrita sob três níveis: observação, comparação e relacionamento. Os personagens se observaram, compararam suas diferenças e conseguiram estabelecer um relacionamento de amizade, descobrindo traços de humanidade, respeito e convivência harmônica nas diversidades étnico-raciais. Considerando que o autor desenvolveu uma linguagem figurada, o propósito desta pesquisa é analisar as metáforas da cor, que permitem nivelar e tipificar as marcas de subjetividade do “eu”. Um “eu” em constante expansão, em torno de si, e na perspectiva do outro. Para tanto, serão utilizados, dentro de um quadro teórico-metodológico, os conceitos de identidade e alteridade de Zilá Bernd (1987, 1988) e os estudos pós-coloniais de Frantz Fanon (2008). Portanto, O menino marrom, de Ziraldo, é uma interessante ferramenta pedagógica da literatura infantil para ser desenvolvida em sala de aula, pois desarma a expectativa pré-estabelecida pela cultura europeia, do branco prevalecendo sobre o negro, e apresenta novas relações de ressignificação do mundo a partir da visão de duas crianças.

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Referências

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Publicado

2024-04-23

Edição

Seção

Artigos