Triste fim de Clarice Lispector ou A paixão segundo Lima Barreto: a linguagem precária de Macabéa e Clara dos Anjos

Autores

  • Gabriel Chagas Universidade Federal do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.17851/2358-9787.30.2.194-208

Palavras-chave:

Lima Barreto, Clarice Lispector, literatura brasileira, literatura comparada, teoria pós-colonial

Resumo

O presente artigo tem como objetivo criar uma leitura comparativa entre os romances Clara dos Anjos, de Lima Barreto, e A hora da estrela, de Clarice Lispector. Para tanto, a tentativa de elaborar uma linguagem própria será o tema convergente entre as narrativas, a partir das experiências ficcionais de suas protagonistas. Como aparato teórico, a investigação parte de uma pesquisa bibliográfica que percorre a tradição pós-colonial, aqui indicada pelos escritos do filósofo Achille Mbembe, da teórica Gayatri Spivak e do psiquiatra Frantz Fanon. A abordagem requisita também a noção de enquadramento proposta pela filósofa norte-americana Judith Butler, cujas premissas permitem uma melhor discussão em torno do aspecto não-hegemônico dos corpos, chave de leitura fundamental para as personagens estudadas neste trabalho. Sendo assim, tendo como base o método comparativo de análise, o artigo demonstra em que medida a precariedade da linguagem pode ser utilizada como ferramenta na leitura desses dois romances. Com isso, propõe um caminho interpretativo para as duas obras sob uma perspectiva contemporânea, arraigada nos marcadores sociais da diferença e na formação de sociedades coloniais.

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Publicado

2024-04-23

Edição

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Artigos