Clics de Curitiba pelo polaco louco
DOI:
https://doi.org/10.17851/2358-9787.30.3.38-58Palavras-chave:
Quarenta Clics em Curitiba, Paulo Leminski, Literatura, Cidade, Palavra-imagemResumo
O poeta curitibano Paulo Leminski, em colaboração com o fotógrafo Jack Pires, publicam, em 1976, Quarenta Clics em Curitiba. O volume reúne quarenta páginas soltas, sem numeração, que os autores chamam de “pranchas”. Quarenta fotografias, de Pires, e quarenta poemas, de Leminski, são integrados no mesmo espaço de leitura que compõe o livro-objeto ou livro-caixa. A arquitetura do livro, sua estrutura solta e sem numeração, impede qualquer sequencialização orientada de leitura, e cria o que pode ser interpretado como a memória de um deslocamento des-hierarquizado por ruas sem endereço, numa cidade paratática. Impedido de criar focos de atenção, sequências ou estruturas narrativas, o fotolivro “recria” o ato de passear pela cidade, ou o que pode ser interpretado como um deslocamento por instantes ou ocorrências independentes da cidade. Quarenta Clics é o mais notável experimento do envolvimento do poeta com sua cidade, a presença do registro imediato do cotidiano curitibano. Exploro, neste artigo, o experimento intermidiático que é Quarenta Clics em Curitiba, com atenção a densa relação poeta-cidade.
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