Agora é que são elas
um romance em xeque
DOI:
https://doi.org/10.17851/2358-9787.30.3.110-128Palavras-chave:
Paulo Leminski, Agora é que são elas, Teoria do Túnel, Linguagem InvertebradaResumo
O artigo analisa o romance Agora é que são elas, de Paulo Leminski, tendo como ponto de partida a ideia do próprio autor de que seria impossível escrever um romance nos moldes tradicionais em pleno século XX. Para Leminski, os grandes romancistas do século passado, como Joyce e Kafka, nasceram no século XIX e se formaram antes da Primeira Guerra Mundial, por isso sua produção estaria de acordo com os princípios criativos oitocentistas. Assim, o artigo investiga o Agora é que são elas, enquadrando-o tanto na “Teoria do túnel”, de Julio Cortazar, que diz que alguns escritores destroem as formas literárias tradicionais para construir a própria linguagem, quanto nas reflexões sobre a “Linguagem Invertebrada”, de Reinaldo Laddaga, que usa a imagem dos ossos como metáfora da rigidez criativa.
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