Esquisitar pontes

Possíveis diálogos entre feministas queer chicanas e brasileiras para uma crítica literária de margem

Autores

  • Thayse Madella Universidade Federal de Santa Catarina

DOI:

https://doi.org/10.17851/2358-9787.30.4.158-179

Palavras-chave:

pontes, esquisito, queer, chicana, geopolítica, feminismo

Resumo

A proposta deste artigo é esquisitar pontes e aproximar os feminismos contra- hegemônicos da América Latina, mais especificamente do Brasil, dos pensamentos produzidos pelas Chicanas, na fronteira entre os EUA e o México. Através dessa aproximação, buscamos potencializar a crítica literária feminista brasileira ao considerar processos de produção de conhecimento advindos de posicionamentos marginalizados. Enquanto a conceituação do esquisito vem do trabalho da pesquisadora brasileira Eliana Ávila (2015), a construção de pontes entre distintos grupos marginalizados emerge do pensamento fronteiriço de Gloria Anzaldúa e Cherríe Moraga (1981). Os trabalhos de Lélia Gonzalez (1984, 1988) e Larissa Pelúcio (2012) também se entrelaçam aos de autoras Chicanas para questionar relações de poder a apagamentos culturais históricos. Ao esquisitar pontes, desenvolve-se diálogos e articulações a partir de uma visão conscientemente parcial capazes de encontrar as potencialidades políticas para construções epistemológicas que levam em consideração os saberes localizados. É desse posicionamento que reforçamos a proposta de um queer esquisito e questionamos as relações geográficas de poder a partir de uma perspectiva brasileira.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ANZALDÚA, G. Borderlands/La Frontera: the new mestiza. San Francisco: Aunt Lute, 2007.

ANZALDÚA, G. Queer(izar) a escritora - loca, escritora y chicana. In: BRANDÃO, I. et al. (ed.). Traduções da cultura: perspectivas críticas feministas (1970-2010). Tradução: Tatiana Nascimento. Florianópolis: Editora da UFSC, 2017. p. 409–425.

ÁVILA, E. de S. “Do high-tech à azteca”: descolonização cronoqueer na ciberarte chicana. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 23, n. 1, p. 191–206, jan./abr. 2015. DOI: https://doi.org/10.1590/0104- 026X2015v23n1p191.

ÁVILA, E. de S. Esquisita(r) demais a escritora: notas sobre a teorização queer de Gloria Anzaldúa. In: CAVALCANTI, I.; COSTA, C. de L.; LIMA,

A. C. A. (ed.). Traduções da cultura: perspectivas críticas feministas (1970- 2010). Florianópolis: Editora da UFSC, 2017. p. 309–353.

BRANDÃO, A.; SOUSA, R. L. Inventário de uma infância sapatão em um mundo de imagens. Revista brasileira de estudos de homocultura - Rebeh, [s. l.], v. 3, n. 9, p. 121–137, 2020. DOI: 10.31560/2595-3206.2020.9.10459.

BUTLER, J. Bodies that matter: on the discursive limits of “sex”. New York: Routledge, 1993.

BUTLER, J. Problemas de gênero: feminismo e a subversão da identidade. Tradução: Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

CARDOSO, F. O sul não é meu país. Geledés, [s. l.], 22 out. 2015. Questão Racial. Disponível em: https://www.geledes.org.br/o-sul-nao-e-meu-pais/. Acesso em: 1 fev. 2020.

COSTA, C. de L; ÁVILA, E. de S. Gloria Anzaldúa, a consciência mestiça e o “feminismo da diferença”. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 13, n. 3, p. 691–703, set./dez. 2005. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104- 026X2005000300014.

COSTA, V. F. O sul não é o meu país. Desacato, [s. l.], 30 set. 2016. Disponível em: http://desacato.info/o-sul-nao-e-meu-pais/. Acesso em: 1 fev. 2020.

DALCASTGNÈ, R. A crítica literária em periódicos brasileiros contemporâneos: uma aproximação inicial. Estudos de literatura brasileira contemporânea, Brasília, n. 54, p. 195–209, 2018. DOI: https://doi. org/10.1590/10.1590/2316-40185411.

FOUCAULT, M. Arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012.

FOUCAULT, M. A história da sexualidade: A vontade do saber. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014. v. 1.

GONZALEZ, L. Racismo e sexismo na cultura brasileira. Revista Ciências Sociais Hoje, [s. l.], p. 223–244, 1984.

GONZALEZ, L. A categoria político-cultural de amefricanidade. Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, v. 92-93, p. 69–82, jan./jun. 1988.

HARAWAY, D. Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Tradução: Mariza Corrêa. Cadernos Pagu, Campinas, v. 5, p. 7–41, 1995.

HOOKS, B. E eu não sou uma mulher? Tradução: Libanio Bhuvi. Rio de Janeiro: Record, 2019.

LIBRANDI-ROCHA, M. Escutar a escrita: por uma teoria literária ameríndia. O eixo e a roda, Belo Horizonte, v. 21, n. 2, p. 179–202, 2012. DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2358-9787.21.2.179-202.

LORDE, A. Irmã outsider: ensaios e conferências. Tradução: Stephanie Borges. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2019.

MELO, A. C. Ressignificações na periferia do ensaísmo latino-americano: Gabriel Mariano e Gloria Anzaldúa. Outra Travessia, Florianópolis, n. 17, p. 181–192, 2014. DOI: https://doi.org/10.5007/2176-8552.2014n17p181.

MENDOZA, B. A epistemologia do sul, a colonialidade de gênero e o feminismo latino-americano. In: BRANDÃO, I. et al. (ed.). Traduções da cultura: perspectivas críticas feministas (1970-2010). Tradução: Laureny Aparecida Lourenço Silva. Florianópolis: Editora da UFSC, 2017. p. 753–775.

MOHANTY, C. T. Sob os olhos do ocidente: estudos feministas e discursos coloniais. In: BRANDÃO, I. et al. (ed.). Traduções da cultura: perspectivas críticas feministas (1970-2010). Tradução: Maria Isabel de Castro Lima. Florianópolis: Editora da UFSC, 2017. p. 309–353.

MORAGA, C. ANZALDÚA, G. This bridge called my back: writings by radical women of color (1981). [s.l.]: Third Woman Press, 2002.

MORAGA, C. Loving in the war years: lo que nunca pasó por sus labios. Cambridge: South End Press Classics, 2000. https://doi. org/10.1515/9780822393962.

MORAGA, C. A xicana codex of changing consciousness: writings, 2000- 2010. Durham: Duke University Press, 2011.

PELÚCIO, L. Subalterno quem, cara pálida? apontamentos às margens sobre pós-colonialismos, feminismos e estudos queer. Contemporânea, São Carlos, v. 2, n. 2, p. 395–418, 2012.

RESULTADO das eleições 2018. O Globo, Rio de Janeiro, 2018. Disponível em: https://infograficos.oglobo.globo.com/brasil/mapa-eleicao-2018- presidente-2-turno.html. Acesso em: 1 fev. 2020.

SPIVAK, G. C. Can the subaltern speak? In: WILLIAMS, P.; CHRISMAN,

L. (ed.). Colonial discourse and post-colonial theory: a reader. [s .l.] Columbia University Press, 1993.

Downloads

Publicado

2024-04-23

Edição

Seção

Dossiê: O Brasil e as literaturas de língua inglesa: interlocuções