Pactos de vida e de morte

uma reflexão ética em tempos de barbárie

Autores

  • Fernanda Valim Côrtes Miguel Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
  • Gustavo Henrique Rückert Universidade Federal de Pelotas

DOI:

https://doi.org/10.17851/2358-9787.31.1.67-81

Palavras-chave:

Olhos d’água, Conceição Evaristo, violência, resistência

Resumo

O artigo realiza uma leitura crítica de “A gente combinamos de não morrer”, conto que integra a antologia Olhos d’água (2014), de Conceição Evaristo. O objetivo do estudo foi o de refletir sobre como a violência agencia as formas de vida contemporâneas das personagens na narrativa em consonância com a história de nosso próprio passado escravocrata e colonial, dores profundamente traumáticas que não conseguiram, até hoje, ser devidamente elaboradas e, por isso, superadas. Partindo também do interesse pelas questões de gênero e das memórias coletivas e afrodescendentes, procuramos problematizar a relação entre a ética da vida e a criação literária, destacando modos como os efeitos memorialistas da escravidão negra que se manifestam na narrativa levam os corpos das personagens do conto a encenar gêneros e a praticar violências na constituição de suas identidades negras.

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Publicado

2024-04-23

Edição

Seção

Sumário