Iracema (de 1865 a 1981)

literatura, cinema e formação da identidade brasileira

Autores

  • Verônica Daniel Kobs Centro Universitário Campos de Andrade

DOI:

https://doi.org/10.17851/2358-9787.31.1.187-207

Palavras-chave:

Iracema, romantismo, colonização, adaptação fílmica, brasilidade

Resumo

Este artigo, por meio da metodologia da análise comparativa, objetiva fazer uma leitura do romance Iracema (1865), de José de Alencar, para relacioná-lo ao filme Iracema: uma transa amazônica (1981), dirigido por Jorge Bodanzky e Orlando Senna. O referencial teórico abrange os postulados de Antonio Candido, Zilá Bernd, Wayne Booth, Marcel Martin, entre outros. Pelo fato de as obras analisadas corresponderem a mídias e épocas distintas, este estudo estabelece comparações concernentes à intermidialidade e aos contextos socio-históricos dos séculos XIX e XX. Com base nessa associação, é possível constatar que, apesar das diferenças midiáticas, o enredo do filme reflete questões políticas relativas à década de 1970, dando ênfase ao imperialismo, de modo a aprofundar alguns temas que a prosa romântica já utilizava, como, por exemplo, o antagonismo entre próprio e estrangeiro. Diante desses resultados, conclui-se que, no que se refere ao processo de colonização, o filme propõe nova abordagem interpretativa, por privilegiar os ideais modernistas. Dessa forma, este trabalho contempla dois momentos da história e da literatura brasileiras, focalizando nuances fundamentais na formação da identidade nacional.

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Publicado

2024-04-23

Edição

Seção

Sumário