“A gente combinamos de não morrer”

enfrentamento, resistência e renegociação na escrita de Conceição Evaristo

Autores

  • Tito Matias-Ferreira Júnior Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte

DOI:

https://doi.org/10.17851/2358-9787.31.1.233-247

Palavras-chave:

enfrentamento, resistência, renegociação, escrita, Conceição Evaristo

Resumo

A escrita de Conceição Evaristo está marcada por questões ainda marginalizadas pela cultura hegemônica, assim como pelo cânone literário, por abordar temas como o da condição da mulher negra no Brasil. Além disso, sua escrita também se ocupa em retratar a linguagem diária de grupos subalternos, posicionados quase sempre à margem do discurso hegemônico. Nesse sentido, esta pesquisa investiga alguns dos caminhos de luta e resistência percorridos por Conceição Evaristo para se tornar uma escritora. Para tanto, falas, depoimentos e entrevistas de Evaristo acerca de sua biografia e de suas percepções em relação ao apagamento da presença, da língua e dos costumes dos negros na sociedade brasileira serão analisados. Em sua escrita, Evaristo procura combater a promoção de uma universalidade construída como característica do significado de ser brasileiro a partir do esquecimento das contribuições das culturas de matriz africana no Brasil. A escritora confronta esse caráter universal também na produção literária e em seu consumo, pois, ao se promover um padrão universal de literatura, não se leva em consideração as especificidades do fazer literário de mulheres, primordialmente, de mulheres negras. Com isso, este estudo visa compreender como a escritora Conceição Evaristo utiliza a sua escrita para ressignificar o papel das mulheres de cor, ao confrontar os estereótipos produzidos pela literatura universal e, também, a invisibilidade pela cultura hegemônica, bem como ao utilizar a sua escrita como uma ferramenta de reposicionamento em relação aos espaços culturais de diferença e inferiorização; possibilitando sua inscrição no mundo para além da subalternidade.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

CANOFRE, F. “Falar sobre preconceito no Brasil é derrubar o mito de democracia racial”. Conceição Evaristo inaugurou na literatura brasileira o estilo que batizou de “escrevivência”. In: SUL21. 2018. Disponível em: . Acesso em: 21 mai. 2018.

CAZES, L. Conceição Evaristo: a literatura como arte da ‘escrevivência’. In: O GLOBO. 2016. Disponível em: . Acesso em: 21 mai. 2018.

DUARTE, E. A. Mulheres marcadas: literatura, gênero, etnicidade. SCRIPTA. Belo Horizonte, v. 13, n. 25, p. 63-78, 2º sem. 2009.

EVARISTO, C. Gênero e Etnia: uma escre(vivência) da dupla face. In: Nossa Escrevivência. 2003. Disponível em: . Acesso em: 21 maio. 2018.

EVARISTO, C. Da grafia-desenho de minha mãe, um dos lugares de nascimento de minha escrita. In: Nossa Escrevivência. 2005. Disponível em: . Acesso em: 21 maio. 2018.

EVARISTO, C. Poemas da recordação e outros movimentos. Belo Horizonte: Nandyala, 2008. p. 10-11.

EVARISTO, C. Literatura negra: uma poética de nossa afro-brasilidade. SCRIPTA. Belo Horizonte, v. 13, n. 25, p. 17-31, 2º sem. 2009a.

EVARISTO, C. Dos sorrisos, dos silêncios e das falas. In: Nossa Escrevivência. 2009b. Disponível em: . Acesso em: 21 maio. 2018.

EVARISTO, C. Becos da Memória. Rio de Janeiro: Pallas, 2017. p. 161.

EVARISTO, C. Nossa Escrevivência. In: Nossa Escrevivência. 2018. Disponível em: . Acesso em: 21 maio. 2018.

GONÇALVES, A. B. Processos de (re)definição na poesia de Conceição Evaristo. SCRIPTA. Belo Horizonte, v. 13, n. 25, p. 51-61, 2º sem. 2009.

Downloads

Publicado

2024-04-23

Edição

Seção

Sumário