O terror, a piedade e a verossimilhança
alinhamentos conceituais da tragédia grega e do fantástico
DOI:
https://doi.org/10.17851/2358-9787.31.2.175-192Palavras-chave:
fantástico, tragédia, trágico, teoria da literaturaResumo
Para além de reconhecer a permanente relevância de uma das obras precursoras dos estudos voltados ao problema da criação literária, a Arte Poética, de Aristóteles (1993), este artigo dispõe-se a explorar pontos de interesse e aproximações conceituais entre as teorias do fantástico e o texto do filósofo grego. Propõe-se, a caminho de uma compreensão do quadro, um alinhamento comparativo de suas semelhanças, a fim de demonstrar a recorrência e a pertinência que alguns elementos críticos assumem nessas duas diferentes tradições da poética. Nota-se, nesse processo, três elementos recorrentes nas propostas teóricas e em seus objetos: o terror, como efeito a ser alcançado no receptor; a piedade, como relação desejada entre o interlocutor e a realidade das personagens representadas; e a verossimilhança, como elemento necessário para a realização dos dois efeitos anteriores.
Referências
ARISTOTELES. Poética. Trad. Eudoro de Souza. São Paulo: Ars Poetica, 1993.
AUERBACH, Erich. A cicatriz de Ulisses. In: AUERBACH, Erich Mimesis: a representação da realidade na literatura ocidental. Trad. George Bernard Sperber. São Paulo: Perspectiva, 2015. p.1-20.
BAKHTIN, Mikhail. Questões de literatura e de estética: a teoria do romance. Trad. Aurora Fornoni Bernardini et al. 7. ed. São Paulo: Hucitec, 2014.
BOCAYUVA, Izabela. Sobre a catarse na tragédia grega. Anais de Filosofia Clássica, Rio de Janeiro, 2008. v. 2. no. 3. p. 46-52.
CORTÁZAR, Julio. Las puertas del cielo. In: CORTÁZAR, Julio. Bestiario. Madrid: Santillana, 2004. p.119-139.
CORTÁZAR, Julio. Valise de cronópio. São Paulo: Perspectiva, 2008.
ELIOT, Thomas. Tradition and the Individual Talent. In: ELIOT, Thomas. The Sacred Wood. Essays on Poetry and Criticism. 7. ed. Londres: Methuen & Co. Ltd., 1950.
FRYE, Northrop. Anatomy of Criticism. Princeton, New Jersey: Princeton University Press, 2000.
KAFKA, Franz. A metamorfose. Trad. Robson Soares de Medeiro. Rio de Janeiro: Anima. 1985
LOVECRAFT, Howard. The transition of Juan Romero. Donavan K. Loucks, 2009. Disponível em: http://www.hplovecraft.com/writings/texts/fiction/tjr.aspx. Acessado pela última vez no dia 05 de maio de 2020.
MONFARDINI, Adriana. O mito e a literatura. Revista Terra roxa e Outras Terras. Londrina, v. 5 p. 50-61, 2005.
POE, Edgar Allan. O gato preto. In: O gato preto e outros contos. Trad. Guilherme da Silva Braga. São Paulo: Hedra, 2008. p. 41-55.
POE, Edgar Allan. The Philosophy of Composition. Philadelphia, Pennsylvania: Graham’s Magazine, 1846. vol. XXVIII, n. 4, p. 163-167. Disponível em: https://jerrywbrown.com/wpcontent/uploads/2015/01/Edgar-Allan-Poe-The-Philosophy-of-Composition.pdf. Acessado pela última vez no dia 5 de maio de 2020.
RICŒUR, Paul. Tempo e narrativa. Trad. Claudia Berliner. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2010.
ROAS, David. A ameaça do fantástico: aproximações teóricas. Trad. Julián Fuks. São Paulo: Editora Unesp, 2014.
SANTOS, Adilson. A tragédia grega: um estudo teórico. Revista Investigações, Recife. V.18. n. 1. p. 41-67, 2005.
SÓFOCLES. Édipo Rei. Tradução por Donaldo Schüler. Rio de Janeiro: Lamparina, 2004.
STOKER, Bram. Drácula. Trad. Doris Goettems. São Paulo: Editora Landmark, 2015.
TODOROV, Tzvetan. Introdução à literatura fantástica. Trad. Maria Clara Correa Castello. São Paulo: Perspectiva, 2017.