Sociedade ilhada

um percurso entre Grande sertão: veredas e Cabra marcado para morrer

Autores

  • Tiago Lopes Schiffner Universidade Federal do Rio Grande do Sul

DOI:

https://doi.org/10.17851/2358-9787.31.3.297-319

Palavras-chave:

Grande sertão, veredas, Cabra marcado para morrer, desenvolvimentismo, tensões formais, materialismo dialético

Resumo

O objetivo deste estudo é analisar o contexto de criação e as tensões formais de Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, e o filme Cabra marcado para morrer, de Eduardo Coutinho. O intuito é apontar os lances narrativos semelhantes entre ambos. Argumenta-se que essas similaridades são ocasionadas pela perspectiva de integração social iniciada na década de 50, a qual é obstaculizada pelo Golpe militar de 1964. Nesse percurso, assinala-se o viés conciliatório do filme, cuja ocorrência remete à matriz de pensamento própria ao desenvolvimentismo, com promessas de integração das décadas de 50 e 60, o que desencadeia proximidades estéticas entre o registro fílmico e uma das maiores obras da nossa literatura – não esquecendo, obviamente, as particularidades artísticas desses objetos e seus resultados, em parte diversos. Assim, a finalidade deste trabalho é investigar a formalização do filme em cotejo com a do romance e examinar como elas incorporam e respondem aos dilemas enfrentados nos seus respectivos períodos de criação. Para tanto, o pressuposto teórico basilar do projeto é o materialismo dialético, que equaciona a relação entre forma literária e processo social.

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Publicado

2024-04-23

Edição

Seção

Sumário