A origem do mal

a tríade detetive-criminoso-vítima em O sorriso da hiena, de Gustavo Ávila

Autores

  • João Vitor de Paula Souza Universidade Estadual Paulista

DOI:

https://doi.org/10.17851/2358-9787.32.1.186-216

Palavras-chave:

literatura brasileira contemporânea, literatura policia, Gustavo Ávila, tríade policial clássica, desestabilização do gênero policial

Resumo

O presente artigo tem por objetivo analisar as desestabilizações do gênero policial clássico em O sorriso da hiena, obra policial brasileira contemporânea, publicada por Gustavo Ávila em 2017, de modo a evidenciar caracterizações das personagens que compõem a configuração esperada da tríade policial clássica: detetive-criminoso-vítima. Dessa maneira, a fundamentação teórica parte de textos que discutem o gênero policial, desde sua gênese até atualizações desse tipo de narrativa, especialmente no que diz respeito à tríade mencionada, como França & Sasse (2016), Leidens (2019), Marques (2016), Massi (2011), Oliveira (2016), e Todorov (2006). Assim, a partir da análise interpretativa dos trechos do romance, foram tecidos apontamentos que evidenciam como as personagens da narrativa são descritas e como se relacionam no transcorrer da obra, levando à sua reconfiguração. Os resultados indicam, portanto, que os componentes da tríade policial clássica não são categorias rígidas ou estanques, mas antes, elementos bastante flexíveis e adaptáveis a diferentes épocas, culturas e obras. Desse modo, ilustra-se uma desestabilização, ainda que parcial, do gênero policial clássico, tendo em vista que a obra de Ávila apresenta caracterizações e relações entre as personagens que podem ser descritas como inovadoras e, nesse sentido, possibilitam reflexões não esperadas ou não observadas em obras clássicas, o que testemunha a inventividade do gênero policial, sempre propício a algum tipo de evolução, tanto no nível formal como no temático.

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Publicado

2024-04-23

Edição

Seção

Sumário