Sublime e crise da eloquência

aproximações entre Castro Alves e Cruz e Sousa

Autores

  • Fabiano Rodrigo da Silva Santos Universidade Estadual Paulista

DOI:

https://doi.org/10.17851/2358-9787.32.3.224-249

Palavras-chave:

Castro Alves, Cruz e Sousa, sublime, romantismo, simbolismo

Resumo

Estas considerações buscam discutir o modo como a estética do sublime representa um ponto sensível para o desenvolvimento de uma poesia, cujas imagens, relacionadas à impossibilidade e à aspiração ao transcendente, repercutem espécie de crise da eloquência, expressa no poema “O vôo do Gênio”, de Castro Alves, e em diversos momentos da poesia de Cruz e Sousa, de que se destaca o poema “Tédio”. Considerando-se a relevância da retórica para a vida letrada do Brasil do século XIX, pretende-se demonstrar que uma linguagem estética, como o sublime, que revela as insuficiências do discurso eloquente, pode ser considerada indício de flagrante inovação artística. Assim, as manifestações do sublime entrevistas em Castro e Alves e Cruz e Sousa atestariam a conversão da retórica da elevação, familiar à poesia dos oitocentos, em uma moderna poética da grandeza negativa, consciente dos limites do discurso e imbuída do anseio por aquilo que o transcende.

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Publicado

2024-04-23