Semiótica de Úrsula, o aberrante

Autores

  • Luciano Barbosa Justino Universidade Estadual da Paraíba

DOI:

https://doi.org/10.17851/2358-9787.32.4.244-260

Palavras-chave:

Úrsula, A preta Susana, Semiótica negra, Maria Firmina dos Reis

Resumo

O objetivo desta leitura de Úrsula, obra de Maria Firmina dos Reis publicado originalmente em 1859, primeiro romance a semiotizar o navio negreiro e outras tantas e relevantes primeiridades, é explorar, com base no episódio da Preta Susana, um capítulo estranho e destoante, como ele tensiona o núcleo dominante da trama, no qual, apesar do que tem dito a fortuna crítica da obra, faltam o trabalho escravo e uma produção de subjetividade eminentemente negra. É a irrupção da máquina capitalista da escravidão no capítulo aberrante “A preta Susana”, que a ideologia da forma teima em tentar ocultar, o foco deste artigo. Entende-se que o mérito e a atualidade inescapável do romance devem-se à tensão instaurada pela semiotização destes dois mundos, da ideologia da forma romântica escravista, recorrente em todo o romance, posta em face da irrupção de um lugar de fala contundentemente negro que Susana dá a ver no capítulo IX, analisados à luz dos conceitos de objeto imediato e de objeto dinâmico da Semiótica.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

DALCOL, Mônica Saldanha; ALÓS, Anselmo Peres. O mundo da vida e o mundo do texto em Úrsula, de Maria Firmina dos Reis. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 27, n. 1, p. 1-15, 2019. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/1806-9584-2019v27n150550r. Acesso em: 19 dez. 2023.

DEELY, John. Semiótica básica. São Paulo: Ática, 1990, 215 p.

DELEUZE, Gilles. Crítica e clínica. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 2011, 208 p.

DUARTE, Constância Lima. REIS, Maria Firmina. Úrsula. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 13, n. 2, p. 437-456, 2005. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/S0104-026X200500020020. Acesso em: 19 dez. 2023.

DUARTE, Eduardo de Assis. Maria Firmina dos Reis e os primórdios da ficção afro-brasileira. In: REIS, Maria Firmina. Úrsula. Florianópolis: Ed. Mulheres; Belo Horizonte: PUC Minas, 2009. p. 263-279.

FANINI, Angela Maria Rubel; PASSOS, João Carlos dos. A importância da obra Úrsula de Maria Firmina dos Reis: um libelo contra a escravidão em forma de romance. Cadernos de Gênero e Tecnologias, Curitiba, v. 13, n. 41, p. 285-301, jan./jun. 2020. Disponível: https://periodicos.utfpr.edu.br/cgt/article/view/10503. Acesso em: 19 dez. 2023.

LAPOUJADE, David. Deleuze, os movimentos aberrantes. 2. ed. Tradução: Laymert Garcia dos Santos. São Paulo: n-1 Edições, 2017. 319 p.

MBEMBE, Achille. Crítica da razão negra. Tradução: Sebastião Nascimento. São Paulo: n-1, 2018, 320 p.

MUZART, Zahidé Lupinacci. Uma Pioneira: Maria Firmina dos Reis. Muitas Vozes, Ponta Grossa, v. 2, n. 2, 2013, p. 247-260. Disponível em: https://revistas.uepg.br/index.php/muitasvozes/article/view/6400. Acesso em: 19 dez. 2023.

NÖTH, Winfried. Panorama da semiótica: de Platão a Peirce. São Paulo: Annablume, 1995, 149 p.

REIS, Maria Firmina dos. Úrsula. Florianópolis: Ed. Mulheres; Belo Horizonte: PUC Minas, 2009, 279 p.

SANTAELLA, Lucia. Semiótica aplicada. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002, 186 p.

SCHWARZ, Roberto. Um mestre na periferia do capitalismo. 5. ed. São Paulo: Editora 34, 2012, 280 p.

Downloads

Publicado

2024-04-23

Edição

Seção

Dossiê: Literaturas negras brasileiras em discussão