“Saturno não tem superfície”
lastros de melancolia nos indecidíveis de Marília Garcia
Palavras-chave:
poesia brasileira contemporânea; melancolia; montagem; Marília Garcia.Resumo
Como se conjugam os vestígios da perda, do luto, da melancolia, em uma poesia reconhecida por sua contenção, cuja investigação e descrição dos processos muitas vezes parecem destinadas a subtrair a emoção, o derramamento, o pathos? Para tentar responder a essa questão, este artigo plana sobre a obra da poeta Marília Garcia, detendo-se principalmente em seu livro Expedição: nebulosa (2023), que desde o título é marcado pelos traços da morte e do luto, mas também pelo “sim” fundador de recomeços. Supõe-se que um lastro melancólico atravessa as vozes dos poemas e, apesar disso, os procedimentos formais variados alargam as possibilidades de registro das situações de perda que não necessariamente são expressões de um sujeito lírico que sofre, mas de um sujeito analítico, marcado por referências. Mais do que se ater a um campo conceitual dado, esta leitura baseia-se, sobretudo, em reflexões de Didi-Huberman, Susan Sontag, Jacques Derrida e Roland Barthes, acerca da montagem, da melancolia, da perda e do luto.
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