Rio do tempo, fluir de mágoas
Astrid Cabral e a poética da expansão e retração
Palavras-chave:
Astrid Cabral; luto; melancolia; memória; finitude.Resumo
Este artigo pretende evidenciar como a poesia de Astrid Cabral representa a inevitável melancolia da existência finita, a ciência de que se vive para a morte. A sua aparente simplicidade, a partir de objetos e situações do dia a dia, revela uma complexidade filosófica ímpar acerca da percepção da finitude, da melancolia, do luto e da solidão, mostrando que a memória, muitas vezes, pode ser um espaço catalisador para a manutenção da sanidade, bem como o fazer poético, uma possibilidade de superação da dor. A fim de comprovar essa hipótese, demarcou-se um caminho de leitura que inicia com Ponto de Cruz (1979) e prossegue até Íntima Fuligem (2017), destacando poemas que ilustram a ideia. Para fundamentar o trajeto de análise serão usados autores como Freud (2011); Henry Bergson (2006); Martin Heidegger (2004).
Referências
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