Mário de Andrade e o sequestro da sexualidade

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Palavras-chave:

Mário de Andrade, sexualidade, silenciamento, teoria queer

Resumo

Passadas muitas décadas de sigilo, a Controladoria Geral da União autorizou, em 2005, a abertura de uma carta de Mário de Andrade a Manuel Bandeira, na qual o autor aborda sua homossexualidade. A recepção foi da expectativa com o tema (Silviano Santiago), passando pela recalcitrância institucional (Casa de Rui Barbosa) até a relativização da questão (José Miguel Wisnik). Desde então, o erotismo em Mário de Andrade tem saído da zona cinzenta do silenciamento e recebido maior apreço, como atesta a edição de Seleta erótica de Mário de Andrade (2022), organizada por Eliane Robert Moraes. Sustentado pela teoria queer, o presente texto procura problematizar a recepção da carta, trabalhando com a hipótese de que a sexualidade em Mário de Andrade foi “sequestrada” pela esfera pública – no sentido técnico que o autor empresta ao termo. Inicia pela exposição da homofobia manifesta nos contemporâneos de Mário; aborda diretamente a carta e o contexto de sua recepção; propõe uma leitura de Girassol da Madrugada como estratégia poética de enunciação da sexualidade; e finaliza com a formulação da questão do sequestro a partir de um discurso de Paul B. Preciado para uma sociedade de psicanalistas.

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Publicado

2024-07-31

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Artigos