Marilene Felinto: uma escrita antifascista e contracolonial

Autores

DOI:

https://doi.org/10.17851/2358-9787.34.3.222-236

Palavras-chave:

Marilene Felinto, poética contracolonial, escrita antifascista

Resumo

Dispomos uma análise geral de vinte e três artigos de opinião e quatro resenhas de autoria de Marilene Felinto, publicados de fevereiro de 2023 à setembro de 2024 na Gama Revista, publicação do grupo Nexo Jornal e do sítio eletrônico Universo Online – UOL. Utilizamos metodologias contracoloniais para a análise de dados (Spyer Dulci, T. M.; Rocha Malheiros, M., 2021; Fernandes, 2023), interessados em problematizar como a autora, rasura processos de subjetivação coloniais e que lugar reserva em sua escrita para a episteme dominante e para os saberes contra hegemônicos. Como resiste à colonialidade e suas técnicas de expropriação de vantagens políticas e econômicas? Inferimos que, o corpus de pesquisa estudado acolhe vozes historicamente silenciadas e desafia o cânone branco-patriarcal, questiona a mídia comercial macho-branca e se insurge contra a vergonhosa concentração de renda. Antifascista e contracolonial, a escrita de Felinto – mulher, negra e esquerdista, como se descreve – é relevante peça de análise crítica acerca da realidade brasileira. Poética e irônica, ecoa lutas atuais, antirracistas, anticapitalistas, feministas e ecológicas, contesta a transparência da realidade social, a promiscuidade entre as grandes corporações neoliberais e a política moderno/colonial. Sobretudo, na contramão de uma vida burocrática e egocentrada, ao colocar em pauta lutas e sonhos de sujeitos dissidentes, sua escrita crítica e ácida reencena poética necessária para reinventar a vida.

 

Biografia do Autor

  • Alexandre de Oliveira Fernandes, Instituto Federal de Educação e Tecnologia (IFBA)

     Doutor em Ciências da Literatura (UFRJ); professor de Língua Portuguesa e Literatura do IFBA. Professor permanente no Programa de Pós-Graduação em Letras: Linguagens e Representações (PPGL - UESC - início: 2020). Desenvolve e orienta estudos em Ciências da Literatura com interface em Branquitude, Estudos Queer e Decoloniais, Desconstrução, Macumba, Epistemologias Dissidentes, Literatura e psicanálise. Estuda especialmente Jacques Derrida, Judith Butler, Homi Bhabha e Muniz Sodré. Em 2019 concluiu pós-doutorado oferecido pelo Mestrado Profissional em História Profissional da África, da Diáspora e dos Povos Indígenas da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), desenvolvendo a pesquisa intitulada: Axé: filosofia/epistemologia exuriana em textos de Ifá, sob a supervisão do Professor Doutor Emanoel Luis Roque Soares. Editor da Abatirá - Revista de Ciências Humanas e Linguagens (UNEB), desde janeiro de 2020.

Referências

BARTHES, R. O grau zero da escrita: seguido de novos ensaios críticos. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

BUTLER, J. Quadros de guerra: quando a vida é passível de luto? Tradução: Sérgio Tadeu de Niemeyer Lamarão e Arnaldo Marques da Cunha. Editora Civilização Brasileira. Rio de Janeiro. 2017.

ECO, U. O fascismo eterno. Rio de Janeiro: Record, 2018.

FANON, F. Pele negra, máscaras brancas. São Paulo: Ubu Editora, 2020.

FELINTO, M. Autobiografia de uma escrita de ficção. Ou: por que as crianças brincam e os escritores escrevem. São Paulo, Edição da autora, 2019.

FELINTO, M. As mulheres de Tijucopapo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.

FERNANDES, A. O.. Notas para decolonizar a metodologia de pesquisa ou sobre fazer a metodologia gozar. In: Alexandre de Oliveira Fernandes; Marcos Lopes de Souza; Natalino Perovano Filho. (Org.). Metodologias contracoloniais em relações étnicas raciais e de gênero. Curitiba, PR: Apris Editora, 2023.

MBEMBE, A. Crítica da Razão Negra. São Paulo: N-1 edições, 2014.

MIGNOLO, Walter. Desobediência epistêmica: a opção descolonial e o significado de identidade em política. Cadernos de Letras da UFF, 34, p. 287-324, 2008.

MOMBAÇA, Jota. Não vão nos matar agora. Rio de Janeiro: Cobogó, 2021.

SPYER DULCI, T. M.; ROCHA MALHEIROS, M. Um giro decolonial à metodologia científica: Apontamentos epistemológicos para as metodologias desde e para a América Latina. Revista Spirales, Revista para a integração da América Latina e Caribe, Programa de Pós-Graduação em Integração Contemporânea da América Latina (PPG-ICAL) da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), 2021.

TIBURI, M. Como conversar com um fascista: Reflexões sobre o cotidiano autoritário brasileiro. 9. ed. Rio de Janeiro: Record, 2017.

Downloads

Publicado

2025-10-14

Edição

Seção

Dossiê: Territórios indivisíveis: Corpo, escrita e política no Brasil e na América hispânica