Mediações da informação: sentidos sócio-históricos

Autores

Palavras-chave:

mediação e informação. Materialismo histórico. Conhecimento e tecnologia. Mediação social.

Resumo

O termo mediação apresenta-se no campo de estudos da informação como importante categoria que orienta o olhar para as diferentes questões relacionadas à produção, acesso, consumo, apropriação e organização de informações. Considerando a relevância que o termo adquiriu na Ciência da Informação e a polissemia que marca o seu uso, o artigo tem em vista apresentar reflexões derivadas de pesquisa de pós-doutorado que buscou, dentre outros objetivos, explorar a gênese histórica e filosófica do termo, bem como apontar perspectivas do seu uso na construção e apreensão dos objetos info-comunicacionais na contemporaneidade. Para tanto, investiga as raízes do conceito na dialética (G.W.F. Hegel; K. Marx) e sua reformulação por meio do construto “mediação social” no campo comunicacional (M. Martín Serrano). Finalmente, consideram-se abordagens de linhagem francesa das Ciências da Informação e da Comunicação (Y. Jeanneret; J. Davallon) sobre a economia das escritas na web, com foco nas micro-formas documentárias. Essas diferentes abordagens mostram-se complementares no sentido de abarcar diferentes planos das mediações da informação - macro e micro sociais, teórico-conceituais e empírico-aplicados, documentários e processuais - em suas múltiplas e relacionais determinações.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ABBAGNANO, Nicolas. Dicionário de filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

ALMEIDA, Marco Antônio de. Mediação cultural e da informação: considerações socioculturais e políticas em torno de um conceito. In: ENANCIB, 8, 2007, Salvador, BA. Anais [...] Promovendo a inserção internacional da pesquisa brasileira em Ciência da Informação. Salvador, BA: Universidade Federal da Bahia, 2007. p.1-16

BOLAÑO, César. Indústria cultural, informação e capitalismo. São Paulo: Hucitec/Polis, 2000.

BOLAÑO, César. Crítica e emancipação nos estudos da informação, da comunicação e da cultura. Epitic, Rio de Janeiro, v.20, n.1, p. 100-110, 2018.

BOTTOMORE, Tom. Dicionário do pensamento marxista. São Paulo: Zahar, 2010.

CARDOSO, Ana Maria Pereira. Retomando possibilidades conceituais: uma contribuição à sistematização do campo da informação social. Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG, Belo Horizonte, v. 23, n. 2, p. 107-114, 1994.

CIAVATTA, Maria. O conhecimento histórico e o problema teórico-metodológico das mediações. In: FRIGOTTO, G.; CIAVATTA, M (Org.). Teoria e educação no labirinto do capital. Petrópolis: Vozes, 2001. p. 2017- 245.

DAVALLON, Jean. L’économie des écritures sur le web. Paris: Hermès Science- Lavoisier, 2012. v. 1.

DAVALLON, Jean. A mediação: a comunicação em processo? Prisma.com, n 4, p. 3-36, 2007. Disponível em: http://prisma.cetac.up.pt/A_mediacao_a_comunicacao_em_processo.pdf. Acesso em: 14 de mai. 2019.

DAVALLON, Jean. Objeto concreto, objeto científico, objeto de investigação. Prisma.com, n.2, p. 33-48, 2006.

GUNN, Richard. Marxism and mediation. Common Sense, n. 2, jul, 1987.

HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. Ciência da Lógica: a doutrina do Ser. Petrópolis: Vozes, 2017.

INWOOD, Michael. Dicionário Hegel. Rio de Janeiro: J. Zahar, 1997.

JAPIASSÚ, Hilton, MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

JEANNERET, Yves. A relação entre uso e mediação no campo de pesquisa em informação e comunicação na França. RECIIS, Revista Eletrônica de Comunicação, Informação e Inovação em Saúde, v. 3, n. 3, p. 25-34, 2009.

JEANNERET, Yves. Analisar as redes sociais como dispositivos infocomunicacionais: uma problemática. In : TOMAEL M.I. ; MARTELETO, R.M. (Org.) Informação e Redes Sociais: interface de teorias, métodos e objetos. Londrina: Eduel, 2015, p. 11-31.

KOFLER, Leo. História e dialética: estudos sobre a metodologia da dialética marxista. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2010.

LALANDE, André. Vocabulário técnico e crítico da filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1993.

LAVAL, Christian; DARDOT, Pierre. A nova razão de mundo. São Paulo: Boitempo, 2016.

LOPES, Ruy Sardinha. Informação, conhecimento e valor. 2006. 174 f. Tese (Doutorado em Filosofia) – Faculdade de Ciências Humanas e Filosofia, Universidade de São Paulo, 2006, 207p.

MARTELETO, Regina Maria. Redes sociais, mediação e apropriação de informações: situando campos, objetos e conceitos na pesquisa em ciência da informação. Tendências da Pesquisa Brasileira em Ciência da Informação, Brasília, v .3, n. 1, p.27-46, jan./dez., 2010. Disponível em: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/2247. Acesso em: 13 mai. 2019.

MARTELETO, Regina Maria. Epistemologia social e cultura digital: reflexões em torno das formas de escritas na web. Em Questão, Porto Alegre, v. 21, n. 3, p. 9-25, 2015.

MARTELETO, Regina Maria. Redes sociais, mediação e apropriação de informações: situando campos, objetos e conceitos na pesquisa em Ciência da Informação. Tendências da Pesquisa Brasileira em Ciência da Informação, Brasília, v.3, n.1, p.27-46, jan./dez. 2010. Disponível em: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/2247. Acesso em: 30 ago. 2019.

MARTÍN-BARBERO, Jesus. De los medios as la mediaciones: comunicación, cultura y hegemonía. Barcelona: Ed. Gustavo Gili, 1987.

MARTÍN SERRANO, Manuel. La mediación social: Edición conmemorativa del 30 aniversario. Madrid: Akal, 2008.

MARTÍN SERRANO, Manuel. Mediación y sociedad: voz mediación. Chasqui-Rev.Latinoamericana de Comunicación, n. 114-115, p. 24-26, 2011.

Disponível em: https://revistachasqui.org/index.php/chasqui/article/view/550/550. Acesso em:10 de maio 2019.

MARTINS, Ana Amélia Lage. Mediação: reflexões no campo da Ciência da Informação. 2010. 252 f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação), Escola de Ciência da Informação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.

MARTINS, Ana Amélia Lage. Mediação: categoria ontológica, lógica, epistemológica e metodológica. Investigaciones Bibliotecológicas, v. 33, n. 80, p. 133-154, 2019a. Disponível em: http://rev-ib.unam.mx/ib/index.php/ib/article/view/58036/52003. Acesso em: 20 de ago. de 2019

MARTINS, Ana Amélia Lage. Em torno da mediação: contribuições para fundamentação teórico-epistemológica da categoria nos estudos da informação. Ciência da Informação em Revista, v. 6, n. 1, 2019b.

MARTINS, Ana Amélia Lage. Mediação: perspectivas dialéticas. In: COLLOQUE SCIENTIFIQUE INTERNATIONAL DU RÉSEAU MUSSI, 4. Actes [...] Lille: Université Lille3, p. 63-74, 2018.

MARX, Karl. Grundrisse. São Paulo: Boitempo, 2011.

MARX, Karl. Contribuição à crítica da economia política. São Paulo: Expressão Popular, 2008.

MÉSZÁROS, Istvan. Para Além do Capital: rumo a uma teoria da transição. São Paulo/SP: Boitempo, 2002.

MORA, José Ferrater. Dicionário de Filosofia 5. ed. Lisboa: Dom Quixote, 1982.

O’CONNOR, Brian. The concept of mediation in Hegel and Adorno. Bulletin of Hegel Society of Great Britain, n. 39/40, p. 84-96, 1999.

PORTUGAL, Sílvia. Contributos para uma discussão do conceito de rede na teoria sociológica. Coimbra: CES/Universidade de Coimbra, Oficina no. 271, 2007.

PUGLIESI, Márcio; BINI, Edson. Pequeno diccionario de filosofia. São Paulo: Hemus, 1997.

RAMBALDI, Enrico. Mediação. In: Enciclopédia Einaudi, v. 10, Dialectica. Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1989, p. 143-174.

ROSENTAL, Mark Moisevich; STRAKS, G.M. Categorias del materialismo dialectico. Ciudad de Mexico: Grijalbo, 1960.

Para uma abordagem sobre a dimensão ontológica, lógica, epistemológica e metodológica da mediação na dialética consultar: MARTINS, A. A. L. Mediação: categoria ontológica, lógica, epistemológica e metodológica. Investigacion Bibliotecologica, v. 33, n. 80, p. 133-154, 2019.

O processo histórico de constituição do gênero humano, a passagem do ser puramente biológico para o ser social contou com a forma de mediação fulcral do trabalho, uma vez que foi por meio da relação entre humanos e natureza mediada pelo trabalho que a satisfação das necessidades humanas, orientada não mais pela lógica instintiva do animal, mas por uma ação conscientemente direcionada a um fim, se tornou possível. O trabalho (e os instrumentos de trabalho) são, assim, para Marx, mediações fundamentais para que o ser social exista, ou em outros termos, a condicionante da existência humana, em todas as épocas, a partir da qual se constitui o ser social.

O autor observa que Marx questiona, frequentemente, o porquê de as relações de produção assumirem determinadas formas. As “formas” em questão são a forma-mercadoria, a forma- valor, a forma-dinheiro, a forma-salário etc., entendidas como mediações da relação capital-trabalho e das relações de classes sob o capitalismo (GUNN, 1987).

Manuel Martín Serrano é professor e pesquisador da Facultad de Ciencias de la Información, da Universidad Complutense de Madrid.

Uma discussão sobre as micro-formas documentárias e mediações foi feita na 4ª Jornada Internacional da Rede Mussi, realizada na Escola de Ciência da Informação da UFMG, em 2019.

Downloads

Publicado

2021-04-01

Como Citar

Amélia Lage Martins, A. ., & Maria Marteleto, R. (2021). Mediações da informação: sentidos sócio-históricos. Perspectivas Em Ciência Da Informação, 26(1). Recuperado de https://periodicos.ufmg.br/index.php/pci/article/view/32870

Edição

Seção

Artigos