Vivenciando a outridade
escalas, indexicalidade e performances narrativas de universitários imigrantes
Palavras-chave:
Performances Narrativas, Textos, Migração, Microfascismos.Resumo
Considerando a mobilidade dos signos e dos textos, o objetivo do artigo é analisar as performances narrativas construídas por três alunos de graduação que migraram para estudar. Isso é levado a efeito com base nos construtos teórico-analíticos de escala e de ordens de indexicalidade (BLOMMAERT, 2006, 2010; KELL, 2013; MELO; MOITA LOPES, 2014, 2015; SILVERSTEIN, 2003, 2009). O estudo aponta para os microfascismos presentes nas interações cotidianas, mas, sobretudo, para a possibilidade de, ao colocar o foco nas trajetórias de textos que se movem e que possibilitam, nesse fluxo, novas estruturas de participação nas escalas, identificar performances narrativas que desacomodam as visões estabelecidas de sociabilidade e de territorialização.
Downloads
Referências
ALBUQUERQUE JUNIOR, D. M. A invenção do Nordeste e outras artes. São Paulo: Cortez, 1999. 340 p.
ALBUQUERQUE JUNIOR, D. M. Preconceito quanto à origem geográfica e de lugar: as fronteiras da discórdia. São Paulo: Cortez , 2007. 135 p.
AMORIM, M. Cronotopo e exotopia. In: BRAIT, B. (Org.). Bakhtin: outros conceitos-chave. São Paulo: Contexto, 2006. p. 95-114.
ANDERSON, B. Comunidades imaginadas: reflexões sobre a origem e a expansão do nacionalismo. Lisboa: Edições 70, [1983] 2005. 350 p.
AUSTIN, J. L. Quando dizer é fazer: palavras e ação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990. 136 p. Primeira edição de 1962.
BASTOS, L. C.; BIAR, L. A. Análise de narrativa e práticas de entendimento da vida social. DELTA, São Paulo, v. 31, n. especial, p. 97-126, 2015.
BAUMAN, R. Story, performance and event: contextual studies of oral narrative. Cambridge: CUP, 1986. 130 p. Doi: https://doi.org/10.1017/CBO9780511620935
BAUMAN, Z. Globalização: as consequências humanas. Rio de Janeiro: Zahar, 1999. 146 p.
BLOMMAERT, J. Sociolinguistic scales. 2006. Disponível em: https://www.academia.edu/6465214/WP37_Blommaert_2006._Sociolinguistic_scales > Acesso em: 22 mar. 2018.
BLOMMAERT, J. A sociolinguistics of globalization. Cambridge: Cambridge University Press, 2010. 209 p. Doi: https://doi.org/10.1017/CBO9780511845307
BLOMMAERT, J.; RAMPTON, B. Language and superdiversity: a position paper. London: Tilburg University and King’s College, 2011. (Working Papers in Urban Language & Literacies, 70)
BLOMMAERT, J.; DE FINA, A. Chronotopic identities: on the timespace organization of who we are. Tilburg: Tilburg University, 2015. (Tilburg Papers in Culture Studies, 153)
BLOMMAERT, J.; WESTINEN, E.; LEPPÄNEN, S. Further notes on sociolinguistic scales. Tilburg: Tilburg University , 2014. (Tilburg Papers in Culture Studies, 89)
BRAH, A. Cartografías de la diáspora: identidades en cuestión. Madri: Traficantes de Suenos/Mapas, [1996] 2011. 297 p.
BROWN, G.; YULE, G. Discourse analysis. Cambridge: Cambridge University Press , 1983. 302 p. Doi: https://doi.org/10.1017/CBO9780511805226
BUTLER, J. Excitable speech: a politics of the performative. New York: Routledge, 1997. 184 p.
BUTLER, J. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, [1990] 2003. 236 p.
CARR, E. S.; LEMPERT, M. Scale: discourse and dimensions of social life. Oakland: University of California Press, 2016. 276 p. Doi: https://doi.org/10.1525/luminos.15
CONNELLY, F. M.; CLANDININ, D. J. Pesquisa narrativa: experiência e história em pesquisa qualitativa. Uberlândia: Edufu, 2011. 250 p.
COSTA, H. O fascismo social explode em países periféricos como o Brasil. 2017. Disponível em: http://www.substantivoplural.com.br/uma-ditadura-de-novo-tipo-o-fascismo-social/ >. Acesso em: 31 ago. 2018.
DE FINA, A.; GEORGAKOPOULOU, A. Analyzing narrative: discourse and sociolinguistic perspectives. Cambridge: Cambridge University Press , 2012. 240 p.
FABRÍCIO, B. F.; MOITA LOPES, L. P. “Does the picture below show a heterosexual couple or not?”: reflexivity, entextualization, scales and intersectionalities in a gay man’s blog. FABRÍCIO, B. F.; MOITA LOPES, L. P. Gender and language. No prelo.
FONSECA, T. M. G. et al. Microfascismos em nós: práticas de exceção no contemporâneo. Psicologia Clínica, Rio de Janeiro, v. 20, n. 2, p. 31-45, 2008.
FOUCAULT, M. A ordem do discurso. 5. ed. São Paulo: Loyola, [1971] 1999. 79 p.
FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, [1979] 2010. 295 p.
FREEMAN, M. Why narrative is here to stay. A return to origins. In: HYVÄRINEN, M.; HATAVARA, M.; HYDEN, L.-C. (Org.). The travelling concepts of narrative. Amsterdam: John Benjamins, 2013. 311 p. Doi: https://doi.org/10.1075/sin.18.04fre
FREITAS, L. F. R. A pedagogia do gauchismo: uma análise a partir da diáspora gaúcha. 2006. 159f. Tese (Doutorado em Educação) - Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2006.
FREITAS, L. F. R. A sala de aula como um espaço que constitui a identidade gaúcha. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 32, n. 2, p. 49-61, jul./dez. 2007.
FREITAS, L. F. R. Posicionamentos interacionais em pequenas histórias contadas por um universitário migrante - performances de masculinidade heterossexual. Fórum Linguístico, Florianópolis, v. 14, n. 2, p. 2116-2127, abr./jun. 2017. Doi: https://doi.org/10.5007/1984-8412.2017v14n2p2116
FREITAS, L. F. R.; MOITA LOPES, L. P. “Sobre feminismo, sobre racismo, sobre xenofobia, sobre tudo” - desequilíbrios narrativos em performances heterossexuais de um aluno migrante branco. Calidoscópio, São Leopoldo, v. 15, n. 2, p. 305-316, maio/ago. 2017.
GAL, S. Scale-making: comparison and perspective as ideological projects. In: CARR, E. S.; LEMPERT, M. (Org.). Scale: discourse and dimensions of social life. Oakland: University of California Press , 2016. p. 91-111
GEE, J. Situated language and learning: a critique of traditional schooling. New York: Routledge , 2004. 144 p.
GUBRIUM, J. F.; HOLSTEIN, J. A. From the individual interview to the interview society. In: GUBRIUM, J. F.; HOLSTEIN, J. A. (Org.). Postmodern interviewing. London: Sage, 2003. p. 21-49. Doi: https://doi.org/10.4135/9781412985437.n2
GUMPERZ, J. Convenções de contextualização. In: RIBEIRO, B. T.; GARCEZ, P. M. Sociolinguística interacional. São Paulo: Loyola , [1982] 2002. p. 149-182.
HAESBAERT, R. O mito da desterritorialização: do “fim dos territórios” à “multiterritorialidade”. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004. 396 p.
HARDT, M.; NEGRI, A. Multidão: guerra e democracia na era do império. Rio de Janeiro: Record, 2005. 532 p.
IRVINE, J. T. Going upscale: scales and scale-climbing as ideological projects. In: CARR, E. S.; LEMPERT, M. Scale: discourse and dimensions of social life. Oakland: University of California Press , 2016. p. 213-231.
JACQUEMET, M. Transidiomatic practices: language and power in the age of globalization. Language & Communication, Amsterdam, n. 25, p. 257-277, 2005.
KELL, C. Ariadne’s thread: literacy, scale and meaning making across space and time. Tilburg: Tilburg University , 2013. (Tilburg Papers in Cultural Studies, 81)
KIM, J-H. Understanding narrative inquiry. Washington, DC: Sage, 2016. 341 p.
MELO, G. C. V.; MOITA LOPES, L. P. Ordens de indexicalidade mobilizadas nas performances discursivas de um garoto de programa: ser negro e homoerótico. Linguagem em (Dis)curso, Tubarão, v. 14, n. 3, p. 653-673, set./dez. 2014.
MELO, G. C. V.; MOITA LOPES, L. P. “Você é uma morena muito bonita”: A trajetória textual de um elogio que fere. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, v. 54, n. 1, p. 53-78, jan./jul. 2015. Doi: https://doi.org/10.1590/0103-18134345161352
MENDES, J. M. Fascismo social. 2013. Disponível em: https://www.ces.uc.pt/observatorios/crisalt/index.php?id=6522&id_lingua=1&pag=7738 >. Acesso em: 31 out. 2018.
MOITA LOPES, L. P. Por uma linguística aplicada indisciplinar. São Paulo: Parábola, 2006. 279 p.
MOITA LOPES, L. P. A performance narrativa do jogador Ronaldo como fenômeno no esporte e no sexo em um jornal carioca: multimodalidade, posicionamento e iconicidade. Revista da Anpoll, [s.l.], v. 27, p. 129-157, 2009.
MOITA LOPES, L. P. (Org.) O português no século XXI: cenário geopolítico e sociolinguístico. São Paulo: Parábola , 2013. 398 p.
MOITA LOPES, L. P. Global Portuguese: linguistic ideologies in late modernity. New York: Routledge , [2015] 2018. 235 p.
NAIL, T. The figure of the migrant. Stanford: Stanford University Press, 2015. 295 p.
PENNYCOOK, A. Global Englishes and transcultural flows. New York: Routledge , 2007. 189 p.
PETERSON, E. E.; LANGELLIER, K. M. The performance turn in narrative studies. Narrative Inquiry, Thousand Oaks, v. 16, n. 1, p. 173-180, 2006. Doi: https://doi.org/10.1075/ni.16.1.22pet
PHILIPS, S. U. Algumas fontes de variabilidade cultural na ordenação da fala. In: RIBEIRO, B. T.; GARCEZ, P. M. (Org.). Sociolinguística interacional. São Paulo: Loyola , [1976] 2002. p. 21-43.
RAMPTON, B. Language in late modernity: interaction in an urban school. Cambridge: Cambridge University Press , 2006. 443 p. Doi: https://doi.org/10.1017/CBO9780511486722
SAFATLE, V. Um fascista mora ao lado. 2017. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/vladimirsafatle/2017/03/1863080-um-fascista-mora-ao-lado.shtml >. Acesso em: 23 abril 2018.
SANTOS, B. S. A difícil reinvenção da democracia frente ao fascismo social. 2016. Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br/159-noticias/entrevistas/563035 >. Entrevista concedida a Ricardo Machado. Acesso em: 31 ago. 2018.
SANTOS, M. Por uma outra globalização. Rio de Janeiro: Record , 2000. 174 p.
SILVA, D. N. Pragmática da violência: o Nordeste na mídia brasileira. Rio de Janeiro: 7Letras, 2012. 163 p.
SILVERSTEIN, M. Indexical order and the dialectics of sociolinguistic life. Language & Communication, Amsterdam, v. 23, p. 193-229, 2003. Doi: https://doi.org/10.1016/S0271-5309(03)00013-2
SILVERSTEIN, M. Pragmatic indexing. In: MEY, J. L. Concise encyclopedia of pragmatics. London: Elsevier, 2009. p. 756-759.
SQUIRE, C. et al. What is narrative research? London: Bloomsbury, 2014. 153 p.
VERTOVEC, S. Superdiversity and its implications. Ethnic and Racial Studies, Abingdon, v. 30, n. 6, p. 1024-1054, nov. 2007. Doi: https://doi.org/10.1080/01419870701599465
WESTMORELAND, M. et al. A roundtable on: Thomas Nail. The figure of the migrant. PhoenEx, [s.l.], v. 11, n. 1, p. 141-162, Spring/Summer 2016.
WORTHAM, S. Narratives in action. New York: Teacher’s College Press, 2001. 183 p.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2019 Revista Brasileira de Linguística Aplicada

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores de artigos publicados pela RBLA mantêm os direitos autorais de seus trabalhos, licenciando-os sob a licença Creative Commons BY Attribution 4.0, que permite que os artigos sejam reutilizados e distribuídos sem restrição, desde que o trabalho original seja corretamente citado.


