Vivenciando a outridade

escalas, indexicalidade e performances narrativas de universitários imigrantes

Autores

  • Letícia Fonseca Richthofen de Freitas Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Autor
  • Luiz Paulo Moita Lopes UFRJ Autor

Palavras-chave:

Performances Narrativas, Textos, Migração, Microfascismos.

Resumo

Considerando a mobilidade dos signos e dos textos, o objetivo do artigo é analisar as performances narrativas construídas por três alunos de graduação que migraram para estudar. Isso é levado a efeito com base nos construtos teórico-analíticos de escala e de ordens de indexicalidade (BLOMMAERT, 2006, 2010; KELL, 2013; MELO; MOITA LOPES, 2014, 2015; SILVERSTEIN, 2003, 2009). O estudo aponta para os microfascismos presentes nas interações cotidianas, mas, sobretudo, para a possibilidade de, ao colocar o foco nas trajetórias de textos que se movem e que possibilitam, nesse fluxo, novas estruturas de participação nas escalas, identificar performances narrativas que desacomodam as visões estabelecidas de sociabilidade e de territorialização.

 

 

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Letícia Fonseca Richthofen de Freitas, Universidade Federal de Pelotas (UFPel)

    Graduada em Letras, Mestre e Doutora em Educação. Professora Associada do Centro de Letras e Comunicação e do Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPel. esenvolve pesquisas na interface das áreas de Letras/Linguística Aplicada e Educação.

  • Luiz Paulo Moita Lopes, UFRJ

    Professor Titular do Programa Interdisciplinar de Lingüística Aplicada da UFRJ e Pesquisador do CNPq. É PhD em Lingüística Aplicada pela Universidade de Londres. Foi presidente da Associação de Lingüística Aplicada do Brasil, atuou como representante da área de Letras e Lingüística no Conselho de Assessores do CNPq e como conselheiro da Associação de Pós-Graduação em Letras e Lingüística (ANPOLL). Já publicou dez livros no Brasil (Oficina de Lingüística Aplicada, Identidades Fragmentadas, Discursos de Identidades, Identidades - Recortes Multi- e Interdisciplinares, Por uma Linguística Aplicada INdisciplinar, Performances, Para além da identidade: fluxos, movimentos e trânsitos, Estudos de identidade: entre saberes e práticas, Português no século XXI: cenário geopolítico e sociolinguístico, Linguística Aplicada na Modernidade Recente. Festschrift para Antonieta Celani) e um nos Estados Unidos/Inglaterra (Global Portuguese. Linguistic ideologies in late modernity). Publicou também artigos em revistas científicas e capítulos de livros no Brasil, México, Estados Unidos, Holanda e Inglaterra. Atua na área de lingüística aplicada, especificamente no campo das relações entre o discurso e as práticas sociais, com ênfase em estudos sobre letramentos escolares (língua estrangeira e materna) e não-escolares (midiáticos e digitais) e os processos de construção performativa do gênero, sexualidade e raça). Tem também pesquisado questões relativas à lingua(gem) e globalização, principalmente no que se refere aos desafios teórico-metodológico-analíticos decorrentes

Referências

ALBUQUERQUE JUNIOR, D. M. A invenção do Nordeste e outras artes. São Paulo: Cortez, 1999. 340 p.

ALBUQUERQUE JUNIOR, D. M. Preconceito quanto à origem geográfica e de lugar: as fronteiras da discórdia. São Paulo: Cortez , 2007. 135 p.

AMORIM, M. Cronotopo e exotopia. In: BRAIT, B. (Org.). Bakhtin: outros conceitos-chave. São Paulo: Contexto, 2006. p. 95-114.

ANDERSON, B. Comunidades imaginadas: reflexões sobre a origem e a expansão do nacionalismo. Lisboa: Edições 70, [1983] 2005. 350 p.

AUSTIN, J. L. Quando dizer é fazer: palavras e ação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990. 136 p. Primeira edição de 1962.

BASTOS, L. C.; BIAR, L. A. Análise de narrativa e práticas de entendimento da vida social. DELTA, São Paulo, v. 31, n. especial, p. 97-126, 2015.

BAUMAN, R. Story, performance and event: contextual studies of oral narrative. Cambridge: CUP, 1986. 130 p. Doi: https://doi.org/10.1017/CBO9780511620935

BAUMAN, Z. Globalização: as consequências humanas. Rio de Janeiro: Zahar, 1999. 146 p.

BLOMMAERT, J. Sociolinguistic scales. 2006. Disponível em: https://www.academia.edu/6465214/WP37_Blommaert_2006._Sociolinguistic_scales > Acesso em: 22 mar. 2018.

BLOMMAERT, J. A sociolinguistics of globalization. Cambridge: Cambridge University Press, 2010. 209 p. Doi: https://doi.org/10.1017/CBO9780511845307

BLOMMAERT, J.; RAMPTON, B. Language and superdiversity: a position paper. London: Tilburg University and King’s College, 2011. (Working Papers in Urban Language & Literacies, 70)

BLOMMAERT, J.; DE FINA, A. Chronotopic identities: on the timespace organization of who we are. Tilburg: Tilburg University, 2015. (Tilburg Papers in Culture Studies, 153)

BLOMMAERT, J.; WESTINEN, E.; LEPPÄNEN, S. Further notes on sociolinguistic scales. Tilburg: Tilburg University , 2014. (Tilburg Papers in Culture Studies, 89)

BRAH, A. Cartografías de la diáspora: identidades en cuestión. Madri: Traficantes de Suenos/Mapas, [1996] 2011. 297 p.

BROWN, G.; YULE, G. Discourse analysis. Cambridge: Cambridge University Press , 1983. 302 p. Doi: https://doi.org/10.1017/CBO9780511805226

BUTLER, J. Excitable speech: a politics of the performative. New York: Routledge, 1997. 184 p.

BUTLER, J. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, [1990] 2003. 236 p.

CARR, E. S.; LEMPERT, M. Scale: discourse and dimensions of social life. Oakland: University of California Press, 2016. 276 p. Doi: https://doi.org/10.1525/luminos.15

CONNELLY, F. M.; CLANDININ, D. J. Pesquisa narrativa: experiência e história em pesquisa qualitativa. Uberlândia: Edufu, 2011. 250 p.

COSTA, H. O fascismo social explode em países periféricos como o Brasil. 2017. Disponível em: http://www.substantivoplural.com.br/uma-ditadura-de-novo-tipo-o-fascismo-social/ >. Acesso em: 31 ago. 2018.

DE FINA, A.; GEORGAKOPOULOU, A. Analyzing narrative: discourse and sociolinguistic perspectives. Cambridge: Cambridge University Press , 2012. 240 p.

FABRÍCIO, B. F.; MOITA LOPES, L. P. “Does the picture below show a heterosexual couple or not?”: reflexivity, entextualization, scales and intersectionalities in a gay man’s blog. FABRÍCIO, B. F.; MOITA LOPES, L. P. Gender and language. No prelo.

FONSECA, T. M. G. et al. Microfascismos em nós: práticas de exceção no contemporâneo. Psicologia Clínica, Rio de Janeiro, v. 20, n. 2, p. 31-45, 2008.

FOUCAULT, M. A ordem do discurso. 5. ed. São Paulo: Loyola, [1971] 1999. 79 p.

FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, [1979] 2010. 295 p.

FREEMAN, M. Why narrative is here to stay. A return to origins. In: HYVÄRINEN, M.; HATAVARA, M.; HYDEN, L.-C. (Org.). The travelling concepts of narrative. Amsterdam: John Benjamins, 2013. 311 p. Doi: https://doi.org/10.1075/sin.18.04fre

FREITAS, L. F. R. A pedagogia do gauchismo: uma análise a partir da diáspora gaúcha. 2006. 159f. Tese (Doutorado em Educação) - Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2006.

FREITAS, L. F. R. A sala de aula como um espaço que constitui a identidade gaúcha. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 32, n. 2, p. 49-61, jul./dez. 2007.

FREITAS, L. F. R. Posicionamentos interacionais em pequenas histórias contadas por um universitário migrante - performances de masculinidade heterossexual. Fórum Linguístico, Florianópolis, v. 14, n. 2, p. 2116-2127, abr./jun. 2017. Doi: https://doi.org/10.5007/1984-8412.2017v14n2p2116

FREITAS, L. F. R.; MOITA LOPES, L. P. “Sobre feminismo, sobre racismo, sobre xenofobia, sobre tudo” - desequilíbrios narrativos em performances heterossexuais de um aluno migrante branco. Calidoscópio, São Leopoldo, v. 15, n. 2, p. 305-316, maio/ago. 2017.

GAL, S. Scale-making: comparison and perspective as ideological projects. In: CARR, E. S.; LEMPERT, M. (Org.). Scale: discourse and dimensions of social life. Oakland: University of California Press , 2016. p. 91-111

GEE, J. Situated language and learning: a critique of traditional schooling. New York: Routledge , 2004. 144 p.

GUBRIUM, J. F.; HOLSTEIN, J. A. From the individual interview to the interview society. In: GUBRIUM, J. F.; HOLSTEIN, J. A. (Org.). Postmodern interviewing. London: Sage, 2003. p. 21-49. Doi: https://doi.org/10.4135/9781412985437.n2

GUMPERZ, J. Convenções de contextualização. In: RIBEIRO, B. T.; GARCEZ, P. M. Sociolinguística interacional. São Paulo: Loyola , [1982] 2002. p. 149-182.

HAESBAERT, R. O mito da desterritorialização: do “fim dos territórios” à “multiterritorialidade”. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004. 396 p.

HARDT, M.; NEGRI, A. Multidão: guerra e democracia na era do império. Rio de Janeiro: Record, 2005. 532 p.

IRVINE, J. T. Going upscale: scales and scale-climbing as ideological projects. In: CARR, E. S.; LEMPERT, M. Scale: discourse and dimensions of social life. Oakland: University of California Press , 2016. p. 213-231.

JACQUEMET, M. Transidiomatic practices: language and power in the age of globalization. Language & Communication, Amsterdam, n. 25, p. 257-277, 2005.

KELL, C. Ariadne’s thread: literacy, scale and meaning making across space and time. Tilburg: Tilburg University , 2013. (Tilburg Papers in Cultural Studies, 81)

KIM, J-H. Understanding narrative inquiry. Washington, DC: Sage, 2016. 341 p.

MELO, G. C. V.; MOITA LOPES, L. P. Ordens de indexicalidade mobilizadas nas performances discursivas de um garoto de programa: ser negro e homoerótico. Linguagem em (Dis)curso, Tubarão, v. 14, n. 3, p. 653-673, set./dez. 2014.

MELO, G. C. V.; MOITA LOPES, L. P. “Você é uma morena muito bonita”: A trajetória textual de um elogio que fere. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, v. 54, n. 1, p. 53-78, jan./jul. 2015. Doi: https://doi.org/10.1590/0103-18134345161352

MENDES, J. M. Fascismo social. 2013. Disponível em: https://www.ces.uc.pt/observatorios/crisalt/index.php?id=6522&id_lingua=1&pag=7738 >. Acesso em: 31 out. 2018.

MOITA LOPES, L. P. Por uma linguística aplicada indisciplinar. São Paulo: Parábola, 2006. 279 p.

MOITA LOPES, L. P. A performance narrativa do jogador Ronaldo como fenômeno no esporte e no sexo em um jornal carioca: multimodalidade, posicionamento e iconicidade. Revista da Anpoll, [s.l.], v. 27, p. 129-157, 2009.

MOITA LOPES, L. P. (Org.) O português no século XXI: cenário geopolítico e sociolinguístico. São Paulo: Parábola , 2013. 398 p.

MOITA LOPES, L. P. Global Portuguese: linguistic ideologies in late modernity. New York: Routledge , [2015] 2018. 235 p.

NAIL, T. The figure of the migrant. Stanford: Stanford University Press, 2015. 295 p.

PENNYCOOK, A. Global Englishes and transcultural flows. New York: Routledge , 2007. 189 p.

PETERSON, E. E.; LANGELLIER, K. M. The performance turn in narrative studies. Narrative Inquiry, Thousand Oaks, v. 16, n. 1, p. 173-180, 2006. Doi: https://doi.org/10.1075/ni.16.1.22pet

PHILIPS, S. U. Algumas fontes de variabilidade cultural na ordenação da fala. In: RIBEIRO, B. T.; GARCEZ, P. M. (Org.). Sociolinguística interacional. São Paulo: Loyola , [1976] 2002. p. 21-43.

RAMPTON, B. Language in late modernity: interaction in an urban school. Cambridge: Cambridge University Press , 2006. 443 p. Doi: https://doi.org/10.1017/CBO9780511486722

SAFATLE, V. Um fascista mora ao lado. 2017. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/vladimirsafatle/2017/03/1863080-um-fascista-mora-ao-lado.shtml >. Acesso em: 23 abril 2018.

SANTOS, B. S. A difícil reinvenção da democracia frente ao fascismo social. 2016. Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br/159-noticias/entrevistas/563035 >. Entrevista concedida a Ricardo Machado. Acesso em: 31 ago. 2018.

SANTOS, M. Por uma outra globalização. Rio de Janeiro: Record , 2000. 174 p.

SILVA, D. N. Pragmática da violência: o Nordeste na mídia brasileira. Rio de Janeiro: 7Letras, 2012. 163 p.

SILVERSTEIN, M. Indexical order and the dialectics of sociolinguistic life. Language & Communication, Amsterdam, v. 23, p. 193-229, 2003. Doi: https://doi.org/10.1016/S0271-5309(03)00013-2

SILVERSTEIN, M. Pragmatic indexing. In: MEY, J. L. Concise encyclopedia of pragmatics. London: Elsevier, 2009. p. 756-759.

SQUIRE, C. et al. What is narrative research? London: Bloomsbury, 2014. 153 p.

VERTOVEC, S. Superdiversity and its implications. Ethnic and Racial Studies, Abingdon, v. 30, n. 6, p. 1024-1054, nov. 2007. Doi: https://doi.org/10.1080/01419870701599465

WESTMORELAND, M. et al. A roundtable on: Thomas Nail. The figure of the migrant. PhoenEx, [s.l.], v. 11, n. 1, p. 141-162, Spring/Summer 2016.

WORTHAM, S. Narratives in action. New York: Teacher’s College Press, 2001. 183 p.

Downloads

Publicado

11-03-2019