Agência e Discricionariedade na Prática Policial
Palavras-chave:
agência, discricionariedade, prática policialResumo
O interesse na relação indivíduo-sociedade é marcado na teoria social pela diversidade na compreensão do papel da agência na ação humana. Neste trabalho, revisitamos a questão da agência em uma perspectiva aplicada. Pretende-se examinar a agência na prática policial a partir da análise do discurso meta-agentivo que emerge em uma narrativa de desacato produzida espontaneamente por um policial durante uma entrevista de pesquisa. Com base na análise, foi possível verificar que: (i) apesar da gama de escolhas possíveis de ação circunscritas pela lei e pelos contextos situados, costuma-se aplicar uma única rota de ação a todas as situações avaliadas como desacato; (ii) há um novo modelo de policial cujo caráter reflexivo e crítico se alinha ao modelo de proximidade que se vem tentando implementar nas políticas de segurança pública no Rio de Janeiro.
Downloads
Referências
AHEARN, L. M. Agency. Journal of Linguistic Anthropology, Malden, v. 9, p. 12-15, 1999. DOI: https://doi.org/10.1525/jlin.1999.9.1-2.12
AHEARN, L. M. Language and agency. Annual Review of Anthropology, Palo Alto, v. 30, p. 109-137, 2001. DOI: https://doi.org/10.1146/annurev.anthro.30.1.109
AHEARN, L. M. Agency and language. In: JASPERS, J.; ÖSTMAN, J.; VERSCHEREN, J. (Ed.). Society and language use. Amsterdam: John Benjamins, 2010. p. 28-48. (Handbook of Pragmatics Highlights, vol. 7).
BAMBERG, M.; GEORGAKOPOULOU, A. Small stories as a new perspective in narrative and identity analysis. Text & Talk, London, v. 28, n. 3, p. 377-396, 2008. DOI: https://doi.org/10.1515/TEXT.2008.018
BETINI, E. M.; DUARTE, C. T. S. Curso de uso diferenciado da força. São Paulo: Ícone, 2012.
BUCHOLTZ, M.; HALL, K. Identity and interaction: a sociocultural linguistic approach. Discourse Studies, London, v. 7, p. 585-614, 2005. DOI: https://doi.org/10.1177/1461445605054407
DURANTI, A. Agency in language. In: DURANTI, A. (Ed.). A companion to linguistic anthropology. Massachusetts: Blackwell, 2004. p. 451-473.
FONTANA, A.; FREY, J. H. The interview: from neutral stance to political involvement. In: DENZIN, N. K.; LINCOLN, Y. S. (Ed.). The SAGE handbook of qualitative research. Thousand Oaks: SAGE, 2005. p. 695-727.
FOUCAULT, M. História da sexualidade I: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal, 1999.
GAGO, P. C. Questões de transcrição em análise da conversa. Veredas, Juiz de Fora, v. 6, n. 2, p. 89-113, 2002.
GARCEZ, P. M.; BULLA, G. S.; LODER, L. L. Práticas de pesquisa microetnográfica: geração, segmentação e transcrição de dados audiovisuais como procedimentos analíticos plenos. Delta, São Paulo, v. 30, n. 2, p. 257-288, 2014. DOI: https://doi.org/10.1590/0102-445078307364908145
GIDDENS, A. The constitution of society. Cambridge: Polity, 1984.
KLOCKARS, C. B. The idea of police. London: Sage, 1985.
LABOV, W. The transformation of experience in narrative syntax. In: LABOV, W. Language in the inner city. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 1972. p. 354-397.
MENEZES, P. V. Entre o “fogo cruzado” e o “campo minado”: uma etnografia do processo de “pacificação” de favelas cariocas. 2015. 416 f. Tese (Doutorado em Sociologia) - Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015.
MUNIZ, J. “Ser policial é, sobretudo, uma razão de ser”: cultura e cotidiano da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. 1999. 285 f. Tese (Doutorado em Ciência Política) - Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1999.
MUNIZ, J. Discricionariedade policial e a aplicação seletiva da lei na democracia. 2008. Disponível em: https://goo.gl/wGCdex >. Acesso em: 14 jan. 2017.
MUNIZ, J.; PROENÇA JÚNIOR, D. Da accountability seletiva à plena responsabilidade policial. In: CARUSO, H.; MUNIZ, J.; BLANCO, A. C. C. (Org.). Polícia, Estado e sociedade: práticas e saberes latino-americanos. Rio de Janeiro: Publit, 2007. p. 21-73.
POMERANTZ, A. Agreeing and disagreeing with assessments: some features of preferred and dispreferred turn shaped. In: ATKINSON, J. M.; HERITAGE, J. (Ed.). Structures of social action. Cambridge: Cambridge University Press, 1984. p. 57-101.
PONCIONI, P. O modelo policial profissional e a formação profissional do futuro policial nas academias de polícia do estado do Rio de Janeiro. Sociedade e Estado, Brasília, DF, v. 20, n. 3, p. 585-610, 2005. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-69922005000300005
RIESSMAN, C. K. Narrative analysis. Thousand Oaks: SAGE, 1993.
RYMES, B. The construction of moral agency in the narratives of high-school dropouts. Discourse & Society, London, v. 6, n. 4, p. 495-516, 1995. DOI: https://doi.org/10.1177/0957926595006004003
SACKS, H. Lectures on conversation. Oxford: Blackwell, 1992.
SACKS, H.; SCHEGLOFF, E. A.; JEFFERSON, G. Sistemática elementar para a organização da tomada de turnos para a conversa. Veredas, Juiz de Fora, v. 7, n. 1-2, p. 9-73, 2003.
TANNEN, D. Talking voices: repetition, dialogue, and imagery in conversational discourse. Cambridge: Cambridge University Press, 2007. DOI: https://doi.org/10.1017/CBO9780511618987
TANNEN, D.; WALLAT, C. Enquadres interativos e esquemas de conhecimento em interação. Exemplos de um exame/consulta médica. In: RIBEIRO, B. T.; GARCEZ, P. M. (Org.). Sociolinguística interacional. São Paulo: Loyola, 2013. p. 183-214.
VELASCO, A. D. B. Ninguém gosta de policial: o discurso de policiais de uma Unidade de Polícia Pacificadora e seus recursos retóricos. 2014. 75 f. Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos da Linguagem) - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.
VELASCO, A. D. B.; OLIVEIRA, M. C. L. Sorria: você está sendo filmado. A espetacularização da prática policial e o trabalho de limpeza moral. Gragoatá, Niterói, v. 21, n. 40, p. 380-398, 2016.
WATSON, D. R. Categorization, authorization and blame-negotiation in conversation. Sociology, v. 12, n. 1, p. 105-113, 1978. DOI: https://doi.org/10.1177/003803857801200106
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2018 Revista Brasileira de Linguística Aplicada

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores de artigos publicados pela RBLA mantêm os direitos autorais de seus trabalhos, licenciando-os sob a licença Creative Commons BY Attribution 4.0, que permite que os artigos sejam reutilizados e distribuídos sem restrição, desde que o trabalho original seja corretamente citado.


