Ensaiando estratégias das artes letradas nas zonas de contato
trajetórias de letramento acadêmico, ações afirmativas e políticas de conhecimento
Palabras clave:
Letramento acadêmico, educação superior, ação afirmativaResumen
Neste trabalho, analisamos as práticas de letramento acadêmico de estudantes universitários afrodescendentes e indígenas que ingressaram em suas instituições por medidas de ação afirmativa. A pesquisa consiste em estudo de caráter qualitativo, cujo corpus é composto por entrevistas com estudantes e docentes e os trabalhos de conclusão de curso produzidos por esses estudantes, em duas universidades latino-americanas - uma brasileira e outra colombiana. Neste cenário de políticas que buscam promover a interculturalidade na educação superior, destacamos que os estudantes empregam estratégias criativas para subverter as relações de poder e a colonialidade do saber, por meio de estratégias como a autoetnografia, transculturação, crítica, colaboração, bilinguismo, mediação, denúncia, expressões vernáculas, propostas alternativas e reconstrução de imaginário. A análise destas estratégias identifica processos de apropriação, subversão e reexistência, nos quais foram constituídos modos de usar a linguagem criados pelos estudantes para subverter a colonialidade do saber em suas trajetórias de letramento acadêmico.
Descargas
Referencias
AGUSTINI, C. L.; BERTOLDO, E. S. (Org.) Incursões na escrita acadêmico-universitária: letramento, discurso, enunciação. Uberlândia: Edufu, 2017. 237p. Doi: https://doi.org/10.14393/EDUFU-978-85-7078-463-6
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. 4. ed. Trad. Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
BALOCCO, A. E. Políticas de ação afirmativa: discurso, identidade e inclusão social. In: MOITA LOPES, L. P., BASTOS, L. C. (Org.). Para além da identidade: fluxos, movimentos e trânsitos. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010, v. 1. p. 107-128.
CANAGARAJAH, A. S. Safe houses in the contact zone: coping strategies of african-american students in the academy. College Composition and Communication, Urbana, v. 48, n. 2, p. 173-196, May 1997. Doi: https://doi.org/10.2307/358665
CARVALHO, J. J. Inclusão étnica e racial no Brasil: a questão das cotas no ensino superior. São Paulo: Attar Editorial, 2004.
CASTRO-GÓMEZ, S.; GROSFOGUEL, R. (Ed.). El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre, 2007.
COLLINS, J.; BLOT, R. Literacy and literacies: texts, power and identity. Cambridge: Cambridge University Press, 2003. Doi: https://doi.org/10.1017/CBO9780511486661
DOEBBER, M. B. Reconhecer-se diferente é a condição de entrada, tornar-se igual é a estratégia de permanência: das práticas institucionais à constituição de estudantes cotistas negros na UFRGS. 2011. 168 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011.
FISCHER, A. Letramento acadêmico: uma perspectiva portuguesa. Revista Acta Scientiarum Language and Culture, Maringá, v. 30, n. 2, p. 177-187, jul./dez. 2008.
FISCHER, A. Práticas de letramento acadêmico em um curso de engenharia têxtil: o caso dos relatórios e suas dimensões escondidas. Scripta, Belo Horizonte, v. 15, n. 28, p. 37-58, 1º sem., 2011.
FRASER, N. La justicia social en la era de la política de la identidad: redistribución, reconocimiento y participación. In: FRASER, N.; HONNETH, A. ¿Redistribución o reconocimiento? Madrid: Morata, 2006. p. 17-88.
GONÇALVES, C. P. Eu sempre estava fora do lugar: perspectivas, contradições e silenciamentos na vida de cotistas. 2012. 137 f. Dissertação (Mestrado em Letras e Linguística), Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2012.
HEATH, S. B. What no bedtime story means: narrative skills at home and school. Language and Society, Cambridge, v. 11, p. 49-76, 1982. Doi: https://doi.org/10.1017/S0047404500009039
JOUVE-MARTÍN, J. R. Escritura, hegemonia y subalternidad: de los New Literacy Studies (NLS) a los Latin American Literacy Studies (LALS), and back. In: KALMAN, J.; STREET, B. V. (Coord.). Lectura, escritura y matemáticas como prácticas sociales: diálogos con América Latina. México: Siglo XXI, 2009. p. 387-398.
KENT, M.; SANTOS, R. V. Os charruas vivem nos gaúchos: a vida social de uma pesquisa de resgate genético de uma etnia indígena extinta no sul do Brasil. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 18, n. 37, p. 341-372, jan./jun, 2012.
KLEIMAN, A. B. Agenda de pesquisa e ação em Linguística Aplicada: problematizações. In: MOITA LOPES, L. P. (Org.). Linguística Aplicada na modernidade recente: festschrift para Antonieta Celani. 1.ed. São Paulo: Parábola, 2013. p. 39-58.
KLEIMAN, A.B. Modelos de letramento e as práticas de alfabetização na escola. In: KLEIMAN, A.B. (Org.). Os significados do letramento: uma nova perspectiva sobre a prática social da escrita. Campinas: Mercado Aberto, 1995. p. 15-61.
KLEIMAN, A. B.; SITO, L. Multiletramentos, interdições e marginalidades. In: KLEIMAN, A. B.; ASSIS, J. (Org.). Significados e ressignificações do letramento: desdobramentos de uma perspectiva sociocultural sobre a escrita. Campinas: Mercado de Letras, 2016. p. 169-198.
KLEIMAN, A. B.; VIANNA, C. A.; DE GRANDE, P. A iniciação científica como prática social: desvendando os mistérios do letramento acadêmico na licenciatura. In: MOURA, J. G.; ROSSI, M. A. L. (Org.). A iniciação científica nas licenciaturas: a pesquisa como prática de formação de professores. Goiânia: Gráfica da UFG, 2015. p. 7-24.
LAO-MONTES, A. Reformas de educación superior en búsqueda de la democracia inter-cultural y la descolonización de la universidad: debates necesarios, retos claves, propuestas mínimas. In: FORO INTERNACIONAL E EDUCACIÓN SUPERIOR INCLUSIVA, 2., 2008, Bogotá. Anais… Ministerio de Educación de Colombia, Bogotá. Disponível em: https://bit.ly/2MBua9a >. Acesso em: 26 jul. 2012.
LEA, M. R.; STREET, B. V. Student writing in higher education: an academic literacies approach. Studies in Higher Education, London, v. 23, n. 2, p. 157-173, June 1998. Doi: https://doi.org/10.1080/03075079812331380364
LILLIS, T. Whose common sense? Essayist literacy and the institutional practice of mystery. In: JONES, C.; TURNER, J.; STREET, B. V. (Org.). Students writing in the university: cultural and epistemological issues. Amsterdam: John Benjamins, 1999. p. 127-147.
LILLIS, T.; SCOTT, M. Defining academic literacies research: issues of epistemology, ideology and strategy. Journal of Applied Linguistics, London, v. 4, n.1, p. 5-32, 2007. Disponível em: https://bit.ly/2xpktVD >. Acesso em: 17 set. 2018.
MASON, J. Qualitative researching. London: SAGE, 1996.
MIGNOLO, W. D. Historias locales/diseños globales: colonialidad, conocimientos subalternos y pensamiento fronterizo. Madrid: Akal, 2003.
MOITA LOPES, L. P. (Org.). Por uma linguística aplicada indisciplinar. São Paulo: Parábola , 2006.
MOITA LOPES, L. P. (Org.). Linguística aplicada na modernidade recente: festschrift para Antonieta Celani. 1.ed. São Paulo: Parábola , 2013.
MORELO, B. Leitura e escrita na universidade para estudantes indígenas: princípios e práticas pedagógicas para uma ação de permanência no campo das linguagens. 2014. 188 f. Dissertação (Mestrado em Estudos da Linguagem) -Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2014.
NUNES, C. D. Subsídios para o desenvolvimento de ações de letramento na política de permanência de indígenas na universidade. 2013. 188 f. Dissertação (Mestrado em Estudos da Linguagem) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2013.
OLIVEN, R. G. Nación y modernidad: la invención de la identidad gaucha en el Brasil. Trad. Oscar Agüero. Buenos Aires: Eudeba, 1999.
PRATT, M. L. Arts of the contact zone. Profession 91, New York: MLA, p. 33-40, 1991.
QUIJANO, A. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, E. (Org). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005. p. 227-278. (Colección Sur Sur).
ROGOFF, B.; GUTIÉRREZ, K. Maneras culturales de aprender: rasgos individuales o repertorios de práctica. In: FRISANCHO, S. et al. (Ed.). Aprendizaje, cultura y desarrollo: una aproximación interdisciplinaria. Lima: Fondo Editorial PUCP, 2014. p. 179-196.
SANTOS, B. S. Una epistemología del sur: la reinvención del conocimiento y la emancipación social. México: Siglo XXI , 2009.
SANTOS, B. S. A universidade no século XXI: para uma reforma democrática e emancipatória da Universidade. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2011. Disponível em: https://bit.ly/2xy4Lb5 >. Acesso em 29 mai. 2013.
SANTOS, J. T. (Org.). Cotas nas universidades: análises dos processos de decisão. Salvador: CEAO, 2012.
SANTOS, J. T. (Org.). O impacto das cotas nas universidades brasileiras (2004-2012). Salvador: CEAO , 2013.
SIGNORINI, I.; CAVALCANTI, M. C. Linguística Aplicada e transdisciplinaridade. Campinas: Mercado de Letras , 1998.
SITO, L. Escritas afirmativas: estratégias criativas para subverter a colonialidade em trajetórias de letramento acadêmico. 2016. 295 f. Tese (Doutorado em Linguística Aplicada) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2016.
SITO, L.; KLEIMAN, A. B. Eso no es lo mío: un análisis de conflictos en la apropiación de prácticas de literacidad académica. Universitas Humanística, Bogotá, n. 83, p. 159-185, 2017. Disponível em: https://bit.ly/2MHQTAq >. Acesso em: 17 set. 2018.
SOLER, S. S. Usted ya en la universidad y no saber escribir: escritura y poder en la universidad. Bogotá: Universidad Distrital Francisco José de Caldas, 2013.
STREET, B. V. Literacy in theory and practice. Cambridge: Cambridge University Press , 1984.
TERZI, S. B. A construção da escrita: uma experiência com crianças de meios iletrados. 2. ed. Campinas: Pontes, 2001.
VIVEROS VIGOYA, M. Género, raza y nación: los réditos políticos de la masculinidad blanca en Colombia. Maguaré, Bogotá, v. 27, n. 1, ene./jun., p. 71-104, 2013.
VOLOSHINOV, V. N. Marxismo e Filosofia da Linguagem. 7. ed. Trad. M. Lahud e Y. Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec, 1995.
WADE, P. Gente negra, nación mestiza: dinámicas de las identidades raciales en Colombia. Trad. Ana Mejía. Bogotá: Siglo del Hombre , 1997.
WALSH, C. Interculturalidade crítica e pedagogia decolonial: in-surgir, re-existir e re-viver. In: CANDAU, V. M. (org.). Educação Intercultural na América Latina: entre concepções, tensões e propostas. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2009. p. 12-43.
WALSH, C. Interculturalidad y (de)colonialidad: Perspectivas críticas y políticas. Visão Global, Joaçaba, v. 15, n. 1-2, p. 61-74, jan./dez. 2012. Disponível em: https://bit.ly/2MCOYgl >. Acesso em 17 set. 2018.
ZAVALA, V. La escritura académica y la agencia de los sujetos. Cuadernos Comillas, Comillas, n. 1, 2011. p. 52-66.
ZAVALA, V. Deconstruyendo la educación intercultural bilingüe: los aportes de la sociolingüística crítica. In: FRISANCHO, S. et al. (Ed.). Aprendizaje, cultura y desarrollo: una aproximación interdisciplinaria. Lima: Fondo Editorial PUCP , 2014. p. 179-196.
ZAVALA, V.; CÓRDOVA, G. Decir y callar: lenguaje, equidad y poder en la universidad peruana. Lima: Fondo Editorial PUCP , 2010.
Descargas
Publicado
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2019 Revista Brasileira de Linguística Aplicada

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
Autores de artigos publicados pela RBLA mantêm os direitos autorais de seus trabalhos, licenciando-os sob a licença Creative Commons BY Attribution 4.0, que permite que os artigos sejam reutilizados e distribuídos sem restrição, desde que o trabalho original seja corretamente citado.


