O verbo auxiliar vir a como marcador de posterioridade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.17851/2237-2083.33.4.127-152

Palavras-chave:

vir a, verbos auxiliares, tempo verbal, modo, pressuposição, redundância

Resumo

Neste trabalho, analisa-se, numa perspetiva predominantemente semântica, o verbo auxiliar vir a como marcador de posterioridade, distinguindo dois valores temporo-modais a que ele pode surgir associado: um puramente prospetivo e não factual, como na frase se tudo corresse bem, viríamos a descobrir a verdade, outro prospetivo-retrospetivo e factual, como na sequência tinham-nos mentido; só viríamos/viemos a descobrir a verdade uns dias depois. São considerados diversos fatores gramaticais que condicionam o uso deste verbo, com destaque para o tipo de ponto de perspetiva temporal, o tempo e modo verbal, a Aktionsart das situações descritas e a eventual presença de adjuntos temporais de posterioridade ou formas afins; sublinha-se a importância de se considerar informação pressuposta no seu processamento, ainda que este aspeto não seja desenvolvido. São identificadas situações em que o uso de vir a se afigura como redundante, obtendo-se equivalência vericondicional quando o verbo é removido.

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Publicado

2025-12-05

Como Citar

O verbo auxiliar vir a como marcador de posterioridade. Revista de Estudos da Linguagem, [S. l.], v. 33, n. 4, p. 127–152, 2025. DOI: 10.17851/2237-2083.33.4.127-152. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/relin/article/view/58360. Acesso em: 13 dez. 2025.