A configuração vertical e horizontal da rede construcional
DOI:
https://doi.org/10.17851/2237-2083.33.4.153-179Palavras-chave:
gramática de construções, rede, elos verticais, elos horizontaisResumo
Um dos conceitos mais fundamentais aos chamados Modelos Baseados no Uso é a visão da língua organizada em uma rede cognitiva, em que construções estão ligadas umas às outras de modo que nenhuma construção esteja isolada (Langacker, 2008; Hudson, 2010; Goldberg, 2006, 2019). Partindo desse pressuposto, neste artigo discutem-se os modelos vertical e horizontal de rede construcional, destacando as vantagens e desvantagens em cada um. Tomando os conectores condicionais do português como objeto de estudo, assume-se a visão da rede integrada, entendendo que a organização vertical e a horizontal representam tarefas cognitivas distintas e complementares. A análise dos conectores condicionais mostra a como os elos verticais sozinhos não dão conta de representar a sobreposição semântica e pragmática observada nessas construções. Por isso, propõe-se aqui a hipótese da similaridade construcional, para dar conta dos contextos de alternância construcional. A hipótese assume que os falantes generalizam também em contextos de alternância construcional, armazenando detalhes do contexto de uso de exemplares similares, o que é capturado por elos horizontais.
Referências
BYBEE, J. Language, usage and cognition. Cambridge: Cambridge University Press, 2010.
CAPPELLE, B. Particle placement and the case for “allostructions”. Constructions. 2006.
CEZARIO, M. M.; SILVA, T. S.; SANTOS, M. Formação da construção [Xque]conec no Português. E-scrita-Revista do Curso de Letras da UNIABEU, v. 6, n. 3, p. 229-243, 2015.
CLEMENTE, C. G. C. O subesquema [V_que] condicional no português. 2020. 91 f. Dissertação (Mestrado em Letras) – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Três Lagoas, 2020.
CLEMENTE, C. G. C.; OLIVEIRA, T. P. Esquematicidade e produtividade na reconfiguração da rede de conectores condicionais. Revista do GEL, v. 19, n. 3, p. 58-84, 2022.
CROFT, W.; CRUSE, D. A. Cognitive linguistics. Cambridge University Press, 2004.
CROFT, W.. Radical construction grammar: Syntactic theory in typological perspective. Oxford University Press, USA, 2001.
DIESSEL, H. The constructicon: Taxonomies and networks. Cambridge: Cambridge University Press, 2023.
DIESSEL, H. The grammar network. Cambridge: Cambridge University Press, 2019.
GOLDBERG, A. E. Explain me this: Creativity, competition, and the partial productivity of constructions. Princeton: Princeton University Press, 2019.
GOLDBERG, A. E. Constructions at work: The nature of generalization in language. Oxford: Oxford University Press, 2006.
GOLDBERG, A. E. Constructions: A construction grammar approach to argument structure. Chicago: University of Chicago Press, 1995.
GRIES, S. Quantitative corpus linguistics with R: A practical introduction. New York: Routledge, 2016.
GRIES, S.; STEFANOWITSCH, A. Extending collostructional analysis. A corpus-based perspective on ‘alternations’. International Journal of Corpus Linguistics, Amsterdam, v. 9, n. 1, p. 97-129, 2004. DOI: https://doi.org/10.1075/ijcl.9.1.06gri
GYSELINCK, E. Modeling shifts and reorganizations in the network hierarchy. In: SMIRNOVA, E.; SOMMERER, L. Nodes and networks in diachronic construction grammar. Amsterdam: John Benjamins Publishing Company, 2020, p. 107-140.
HAIMAN, J. Conditionals are topics. Language, New York, v. 54, n. 3, p. 564-589, 1978.
HIRATA, F. B. M. A hipotaxe adverbial condicional no português escrito contemporâneo do Brasil. 1999. 231 f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.
HOFFMANN, T. Construction grammar and creativity: Evolution, psychology, and cognitive science. Cognitive Semiotics, Berlin, v. 13, n. 1, 2020.
HUDSON, R. An Introduction to Word Grammar. Cambridge: Cambridge University Press, 2010.
LANGACKER, R. W. Cognitive grammar: A basic introduction. Oxford: Oxford University Press, 2008.
MACHADO VIEIRA, M. dos S.; WIEDEMER, M. L. A variação no modelo construcionista da Linguística Funcional-Cognitiva. Sociolinguística no Brasil: textos selecionados, Porto Alegre: Editora da PUCRS, 2020, p. 265-304.
OLIVEIRA, T. P. Conjunções adverbiais no português. Revista de Estudos da Linguagem, Belo Horizonte, v. 22, p. 45-66, 2014. DOI: https://doi.org/10.17851/2237-2083.22.1.45-66
OLIVEIRA, T. P. Conjunções e orações condicionais no português do Brasil. 2008. 155 f. Tese de Doutorado (Linguística e Língua Portuguesa), Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.
PEREK, F. Alternation-based generalizations are stored in the mental grammar: Evidence from a sorting task experiment. Cognitive linguistics, Berlin, v. 23, n. 3, p. 601-635, 2012.
RSTUDIO TEAM. RStudio: Integrated Development for R. Boston, MA: RStudio, PBC, 2023. Disponível em: https://posit.co. Acesso em: 28 set. 2024.
SOMMERER, L.; SMIRNOVA, E. (Eds.). Nodes and networks in diachronic construction grammar. Amsterdam: John Benjamins Publishing Company, 2020.
TRAUGOTT, E. C.; TROUSDALE, G. Construcionalização e mudanças construcionais. Tradução de Taísa Peres de Oliveira e Maria Angélica Furtado da Cunha. Petrópolis: Editora Vozes, 2021.
UNGERER, T. Vertical and horizontal links in constructional networks: Two sides of the same coin?. Constructions and Frames, Amsterdam, v. 16, n. 1, p. 30-63, 2024.
VAN DE VELDE, F. Degeneracy: The maintenance of constructional networks. Extending the scope of construction grammar, Berlin, v. 1, p. 141-179, 2014.
ZEHENTNER, E.; TRAUGOTT, E. C. Constructional networks and the development of benefactive ditransitives in English. In: SOMMERER, L.; SMIRNOVA, E. (Ed.). Nodes and networks in diachronic construction grammar. Amsterdam: John Benjamins Publishing Company, 2020, p. 168-211.
