Percepção/Processamento da variação sociolinguística
considerações sobre contribuições e desafios da pesquisa experimental
DOI:
https://doi.org/10.17851/2237-2083.31.2.432-467Palavras-chave:
variação linguística, processamento, percepção, cognição, SociolinguísticaResumo
Esse artigo tem os seguintes objetivos: a) apresentar uma reflexão sobre as contribuições da pesquisa sociolinguística que vem sendo desenvolvida sobre percepção/processamento da variação com base em dados experimentais, focalizando especificamente resultados de estudos voltados para a organização cognitiva da variação no conhecimento linguístico de adultos e crianças, para o efeito, na percepção, de condicionamentos verificados em dados de produção, e também resultados de estudos voltados para o efeito da mudança em progresso na percepção da variação pela comunidade de fala; b) refletir sobre resultados que, a princípio, não replicaram condicionamentos observados em estudos com dados de produção e servem de base para a discussão dos desafios da pesquisa experimental sobre a variação sociolinguística. Nossas considerações se baseiam em um conjunto de estudos delimitado para os objetivos deste artigo, buscando situar esse campo de estudos da Sociolinguística que vem se ampliado neste século. Tomamos como ponto de partida a premissa teórica da Sociolinguística de que a variação é inerente ao conhecimento linguístico internalizado. Argumentamos que o estudo do processamento da variação precisa considerar, em seus protocolos experimentais, a hipótese da atuação conjunta de fatores linguísticos, sociais e cognitivos, como no “princípio de causas múltiplas” de Young e Bayley (1996, p. 253-254), retomado em Bayley (2002, p. 118-120), um desafio para a pesquisa experimental, que precisa isolar e controlar fatores de diferentes tipos que coocorrem e competem na gramática do indivíduo e na da comunidade de fala, seja considerando o ponto de vista do falante ou do ouvinte.