Multimodalidade e a representatividade racial sugerida em E foi assim que eu e a escuridão ficamos amigas, do rapper Emicida

Autores

  • Francisco Wellington Borges Gomes Universidade Federal do Piauí (UFPI), Teresina, Piauí / Brasil | Universidade Estadual do Piauí (UESPI), Teresina, Piauí / Brasil https://orcid.org/0000-0002-8683-5978

DOI:

https://doi.org/10.17851/2237-2083.31.4.1791-1812

Palavras-chave:

multimodalidade, representação racial, literatura, ação social

Resumo

Sabe-se que a multimodalidade é uma característica inerente e todo e qualquer texto. Entretanto, em áreas como a literatura, ela ainda encontra obstáculos para ser reconhecida plenamente como portadora de significados e como objeto de apreciação estética, em parte por causa da cultura de enaltecimento do texto verbal escrito que perdurou durante boa parte da história dos estudos literários. Entretanto, novas perspectivas trazidas à tona pela efusão de textos que mesclam diversos modos semióticos, especialmente aqueles divulgados em meios digitais, têm indicado que o texto literário começa a ser visto com outros olhos. O mesmo pode ser dito em relação à adoção de uma perspectiva para a leitura do texto literário como uma ferramenta de conscientização social, empoderamento e de ação voltada para a solução de problemas, tais como o racismo e as desigualdades sociais ligadas à etnia. A partir dessas perspectivas, neste texto, apresentamos uma análise multimodal da obra infantil E foi assim que eu e a escuridão ficamos amigas, tanto em sua versão impressa quanto em sua versão audiovisual, para demonstrarmos que embora os enunciados verbais não apresentem explicitamente conotações ligadas à valorização da cultura negra, tais sentidos são expressos por meio da relação multimodal estabelecida entre textos verbais escritos, sonoros e visuais, entre outros. Ao final da análise, ainda sugerimos a transmodalidade (Bezermer; Kress, 2008), como um conjunto teórico adequado para a interpretação dos textos em tela.

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Biografia do Autor

Francisco Wellington Borges Gomes, Universidade Federal do Piauí (UFPI), Teresina, Piauí / Brasil | Universidade Estadual do Piauí (UESPI), Teresina, Piauí / Brasil

Doutor em Linguística Aplicada, professor associado de Linguística na Universidade Federal do Piauí, membro permanente do Programa de pós-graduação em Letras da Universidade Estadual do Piauí.

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Publicado

2024-10-11

Como Citar

GOMES, F. W. B. Multimodalidade e a representatividade racial sugerida em E foi assim que eu e a escuridão ficamos amigas, do rapper Emicida. Revista de Estudos da Linguagem, [S. l.], v. 31, n. 4, p. 1791–1812, 2024. DOI: 10.17851/2237-2083.31.4.1791-1812. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/relin/article/view/55240. Acesso em: 21 nov. 2024.

Edição

Seção

Thematic issue 31:4 (2023): Multimodality through the lenses of Kress’ Social Semiotics