Adesão ao tratamento da Tuberculose

estratégias biopolíticas de promoção da saúde na vertente neoliberal

Autores

  • Priscila Tadei Nakata Zago Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, Faculdade de Enfermagem – FE, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. Porto Alegre, RS - Brasil. https://orcid.org/0000-0001-6181-8381
  • Fernanda Carlise Mattioni Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul, Escola de Saúde Pública do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, RS - Brasil. https://orcid.org/0000-0003-3794-6900
  • Roberta de Pinho Silveira Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, Faculdade de Enfermagem – FE, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. Porto Alegre, RS - Brasil. https://orcid.org/0000-0003-4136-9253
  • Marisângela Spolaôr Lena Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS. São Leopoldo, RS - Brasil. https://orcid.org/0000-0002-0053-7954
  • Luciana Araújo Vieira Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, Faculdade de Enfermagem – FE, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. Porto Alegre, RS - Brasil. https://orcid.org/0000-0001-6197-9900
  • Cristianne Maria Famer Rocha Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, Faculdade de Enfermagem – FE, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. Porto Alegre, RS - Brasil.

DOI:

https://doi.org/10.35699/2316-9389.2023.37429

Palavras-chave:

Tuberculose, Cooperação e Adesão ao Tratamento, Promoção da Saúde, Populações Vulneráveis, Controle de Doenças Transmissíveis

Resumo

Objetivo: analisar como as recomendações sobre adesão terapêutica presentes em manuais de controle da tuberculose constituem estratégias biopolíticas de Promoção da Saúde na vertente neoliberal. Método: pesquisa documental e qualitativa que analisou cinco manuais publicados entre 2002 e 2019, a partir da metodologia pós-crítica de inspiração foucaultiana. Resultados: foram identificadas quatro estratégias biopolíticas, que correspondem às categorias analítica deste estudo: i) Exaltação do saber da estatística como fortalecimento da lógica gerencialista; ii) Priorização do tratamento dos casos bacilíferos e instituição de medidas de controle do risco da contaminação como forma de manter a segurança da população saudável; iii) Ênfase discursiva na população vulnerável como forma de omitir corpos precarizados; e iv) Discurso do empreendimento de si para superação da pobreza, como compensação da falta de políticas de proteção social. Conclusões: algumas recomendações de controle da tuberculose consistem em estratégias biopolíticas de Promoção da Saúde na vertente neoliberal, promovendo discursos sanitários que enfatizam os aspectos individuais, como o autocuidado, a autorresponsabilização, a autonomia e o empoderamento do sujeito. Mesmo nos casos em que percebemos associação do adoecimento com determinantes sociais da saúde e com situações de vulnerabilidade, as ações de controle da tuberculose insistem em ações inscritas numa perspectiva gerencialista da saúde. Na prática, parece haver um vazio de políticas de proteção social e de ações capazes de combater as iniquidades, o que é imprescindível para a efetiva adesão terapêutica e para a cura.

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Arquivos adicionais

Publicado

21-11-2023

Edição

Seção

Pesquisa

Como Citar

1.
Adesão ao tratamento da Tuberculose: estratégias biopolíticas de promoção da saúde na vertente neoliberal. REME Rev Min Enferm. [Internet]. 21º de novembro de 2023 [citado 29º de janeiro de 2025];27. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/reme/article/view/37429

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