Tempo de espera por consulta médica especializada em um município de pequeno porte de Minas Gerais, Brasil
DOI:
https://doi.org/10.35699/reme.v19i1.49607Palavras-chave:
Tempo para o Tratamento, Medicina, Especialização, Listas de Espera, Acesso aos Serviços de SaúdeResumo
OBJETIVO: avaliar o tempo de espera por consulta médica especializada em um município de pequeno porte, distante de grandes centros urbanos e localizado em região economicamente pouco desenvolvida em Minas Gerais, Brasil. MÉTODO: estudo de caso com abordagem descritiva que acompanhou e analisou todos os 152 encaminhamentos de pacientes para consultas médicas especializadas não ofertadas em seu município de residência durante seis meses (julho de 2011 a janeiro de 2012). Os encaminhamentos foram analisados quanto ao referenciamento e agendamento da consulta, utilizando um instrumento estruturado para a coleta de dados. Realizou-se análise descritiva e o número médio de dias de espera foi comparado entre variáveis de interesse. RESULTADOS: a maioria dos encaminhamentos (74,3%) foi referenciada a especialistas pelos médicos da atenção primária. As solicitações para primeira consulta representaram 88,8% dos encaminhamentos e a principal demanda destas foi para otorrinolaringologia (36,3%). O tempo médio de espera pela primeira consulta, independentemente da especialidade, foi de 244 dias (desvio-padrão = 193, mediana = 198), variando de seis a 559 dias. Apenas 3,7% dos pacientes encaminhados esperaram três meses ou menos pela consulta e outros 5,2% esperaram três a seis meses. Ao final dos seis meses de estudo, 91,1% dos pacientes acompanhados ainda aguardavam a consulta especializada. Todas as consultas efetivadas foram para serviços localizados na capital do estado, distante 700 km. CONCLUSÃO: a garantia de acesso a consulta especializada apresentou-se fragilizada, com elevado tempo de espera, afetando diretamente a integralidade do cuidado.Downloads
Referências
Aeenparast A, Farzadi F, Maftoon F. Waiting time for specialist consultation
in tehran. Arch Iran Med. 2012 Dec; 15(12):756-8.
Padovani CSS, Schor N, Laranja SMR. Avaliação do perfil epidemiológico
e das dificuldades encontradas pelos pacientes para o atendimento de
primeira consulta no ambulatório de triagem da nefrologia da UNIFESP. J
Bras Nefrol. 2012; 34(4):317-22.
Conill EM, Giovanella L, Almeida PF. Listas de espera em sistemas públicos:
da expansão da oferta para um acesso oportuno? Considerações a partir do
Sistema Nacional de Saúde espanhol. Ciênc saúde coletiva. 2011; 16(6):2783-94.
Hadorn DC. Setting priorities for waiting lists: defining ours terms. Can Med
Assoc J. 2000 Oct; 163(7):857-60.
Guerra AFM, Gonçalves DU, Côrtes MCJW, Alves CRL, Lima TMA.
Otorrinolaringologia pediátrica no sistema de saúde de Belo Horizonte. Rev
saúde pública. 2007; 41(5):719-25.
Paterson WG, Depew WT, Paré P, Petrunia D, Switzer C, Veldhuyzen van
Zanten SJ, Daniels S. Wait times for gastroenterology consultation in Canada:
The patients’ perspective. Can J Gastroenterol. 2006 Jun; 24(1):411:23.
Vieira J. Listas de espera para cuidados de saúde: onde fica a ética? Nursing
(Edição Portuguesa). 2007; 17(217):30-5.
Regidor E, Martínez D, Astasio P, Ortega P, Calle ME, Domínguez V.
Asociación de los ingresos económicos con la utilización y la accesibilidad de
los servicios sanitarios en España. Gac Sanitaria. 2006; 20(5):352-9.
Lima DMG, Ventura LO, Brandt CT. Barreiras para o acesso ao tratamento da
catarata senil na Fundação Altino Ventura. Arq Bras Oftalmol. 2005; 68(3):357-62.
Gouveia GC, Souza WV, Luna CF, Souza-Júnior PRB, Szwarcwald CL.
Health care users’ satisfaction in Brazil, 2003. Cad. Saúde Pública. 2005; 21
Suppl:S109-18.
Giovanella L, Mendonça MHM, Almeida PF, Escorel S, Senna MCM, Fausto
MCR, Delgado MM, Andrade CLT, Cunha MSilva, Martins MIC, Teixeira CP.
Saúde da Família: Limites e possibilidades para uma abordagem integral de
atenção primária à saúde no Brasil. Ciênc saúde coletiva. 2009; 14(3):783-94.
Bender AS, Molina LR, Mello ALSF. Absenteísmo na atenção secundária
e suas implicações na atenção básica. Rev Espaço para a Saúde. 2010 Jun;
(2):56-65.
Cano JD, Medina E, Custardoy J, Orozco D, Quince F. Identificación de las
variables de influencia en los tiempos de espera en atención especializada.
Gac Sanitaria. 2003; 17(5):368-74.
Spedo SM, Pinto NRS, Tanaka OY. O difícil acesso a serviços de média
complexidade no SUS: o caso da cidade de São Paulo, Brasil. Physis Rev Saúde
Coletiva. 2010; 20(3):953-72.
Simon JC, Maltchik M, Silva EE, Lima VRB, Bredemeier M. Avaliação do tempo
de espera para consultas de reumatologia em um centro de atendimento
terciário de Porto Alegre - RS. Rev AMRIGS. 2008 out./dez.; 52(4):303-8.
BRASIL. Portaria no 55, de 24 de fevereiro de 1999. Dispõe sobre a rotina
do tratamento fora de domicílio no Sistema Único de Saúde - SUS, com
inclusão dos procedimentos específicos na tabela de procedimentos do
Sistema de Informações Ambulatoriais do SIA/SUS e dá outras providências.
[Citado em 2014 abr. 14]. Disponível em: http://dtr2001.saude.gov.br/
sas/PORTARIAS/Port99/PT-055.html.
Gaiva MAM, Neves ÁQ, Siqueira FMG. O cuidado da criança com espinha
bífida pela família no domicílio. Esc Anna Nery Rev Enferm. 2009 Oct-Dec;
(4):717-25.
Rodrigues ILA, Monteiro LL, Pacheco RHB, Silva SED. Abandono do
tratamento de tuberculose em co-infectados TB/HIV. Rev Esc Enferm USP.
; 44(2):383:7.
Vázquez ML, Vargas I, Unger J, Mogollón A, Silva MRF, Paepe P. Integrated
health care networks in Latin America: toward a conceptual framework for
analysis. Rev Panam Salud Publica/Pan Am J Public Health. 2009; 26(4):360:7.
Travassos C, Martins M. Uma revisão sobre os conceitos de acesso e utilização
de serviços de saúde. Cad Saúde Pública. 2004; 20(Sup 2):S190-8.
Instituto Brasileiro de Geografia e estatística. Cidades@. Minas Gerais.
Jequitinhonha. [Internet]. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística; [atualizado em 2014 abr. 14; citado em 2014 abr. 14]. Disponível em:
http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=313580
Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013. Perfil Municipal.
Jequitinhonha, MG [Internet]. Programa das Nações Humanas para o
Desenvolvimento. Fundação João Pinheiro. Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada; [atualizado em 2014 Apr 14; citado em 2014 Apr 14]. Disponível
em: http://www.atlasbrasil.org.br/2013/pt/perfil/jequitinhonha_mg#idh
Malachias I, Leles FAG, Pinto MAS. Plano Diretor de Regionalização da Saúde
de Minas Gerais (PDR/MG). Belo Horizonte: Secretaria de Estado de Saúde de
Minas Gerais. 2010. [Citado em 2014 abr. 14]. Disponível em: http://www.saude.
mg.gov.br/component/gmg/page/401-regionalizacao-assistencial-sesmg.
Leddin D, Bridges RJ, Morgan DG, Fallone C, Render C, Plourde V, Gray J,
Switzer C, McHattie J, Singh H, Walli E, Murray I, Nestel A, Sinclair P, Chen Y,
Jan Irvine E. Survey of Access to GastroEnterology in Canada: The SAGE wait
times program. Can J Gastroenterol. 2010 Jan; 24(1):20:5.
Kreindler SA. Policy strategies to reduce waits for elective care: a synthesis of
international evidence. Br Med Bull. 2010 May; 95:7-32.
Proença G, Ferreira D, Freitas A, Madeira F, Soares AO, Ferreira R. Programa
especial de combate à lista de espera para consulta de cardiologia: relato de
uma experiência inovadora. Rev Port Cardiol. 2003; 22(11):1335-42.
Sarmento Junior KMA, Tomita S, Kos AOA. O problema da fila de espera
para cirurgias otorrinolaringológicas em serviços públicos. Rev Bras de
Otorrinolaringologia. 2005; 71(3):256-62.
Ezekowitz JA, Armstrong PW. The waiting game: facing the consequences.
CAMJ. 2002; 167(11):1247-8.
Carrière G, Sanmartin C. Waiting time for medical specialist consultations in
Canada. Statistics Canada, Catalogue nº 82-00 - Health Reports. 2010 Jun; 21(2).
Giovanella L, Lobato LVC, Carvalho AI, Conill EM, Cunha EM. Sistemas
municipais de saúde e a diretriz da integralidade da atenção: critérios para
avaliação. Saúde Debate. 2012; 26(60):37-61.
Malachias I, Marra A, Castro GB, Pinto MAS, Siqueira M, Azevedo J. A
resolubilidade e os vazios da Assistência hospitalar Micro e macrorregional
do SUS/MG em 2010 e a evolução – 2003/2010. Belo Horizonte: Secretaria
de Estado da Saúde de Minas Gerais; 2011.
Campos WSC, Chakour M, Santos RC. Análise crítica sobre especialidades
médicas e estratégias para integrá-las ao Sistema Único de Saúde (SUS). Cad
Saúde Pública. 1997 jan/mar; 13(1):141-4.
Kirwan J. Rheumatology out-patient workload increase inexorably. British J
Rheumatol. 1997; 36:481-6.
Hofstetter PJ, Kokesh J, Ferguson AS, Hood LD. The impact of telehealth on
wait time for ENT specialty care. Telemed J E Health. 2010 Jun; 16(5):551-6.
Telessaúde Brasil Redes [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde. [atualizado
em 2013 fev. 22; citado em 2014 mar 20]. Disponível em: http://www.
telessaudebrasil.org.br/.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2015 Reme: Revista Mineira de Enfermagem
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.