Avaliação da implementação de novo protocolo de higiene bucal em um centro de terapia intensiva para prevenção de pneumonia associada à ventilação mecânica

Autores

  • Alessandra Figueiredo de Souza Belo HorizonteMG, Universidade Federal de Minas Gerais, Hospital das Clínicas , Brasil
  • Aneliza Ceccon Guimarães Belo HorizonteMG, UFMG, Hospital das Clínicas , Brasil
  • Efigênia Ferreira e Ferreira Belo HorizonteMG, UFMG, Faculdade de Odontologia , Brasil

DOI:

https://doi.org/10.35699/reme.v17i1.50252

Palavras-chave:

Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica, Higiene Bucal, Clorexidina

Resumo

A pneumonia associada à ventilação mecânica (PAVM) é uma das infecções hospitalares mais prevalentes na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Dentre os fatores de risco, destacam-se as microaspirações de microrganismos da orofaringe. A estratégia para prevenção da PAVM foi a criação do bundle da ventilação. Nem todas as estratégias, porém, estão incluídas no bundle - por exemplo, a higiene bucal. O objetivo com este trabalho foi avaliar os procedimentos de higiene bucal na prevenção da PAVM. Foram avaliados os dados secundários da comissão de controle de infecção hospitalar entre 2008 e 2011, apresentados por frequência de ocorrência, bem como a percepção dos profissionais de saúde na UTI sobre a implantação do protocolo de higiene bucal. Após assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), foi aplicado um questionário. A pneumonia foi a principal causa de infecção no CTI, de 2008 a 2010. Em 2011, após a implantação do bundle, a pneumonia deixou de liderar como a mais frequente. Em números percentuais, a redução de pneumonia após a implantação do bundle até a incorporação do protocolo de higiene bucal variou de 33,3% para 3,5%. Sobre a percepção dos profissionais sobre a inserção da odontologia na UTI, 56 profissionais responderam ao questionário, citando a higiene bucal como a segunda medida mais importante. Cem por cento dos profissionais responderam que eram favoráveis à inserção do dentista na UTI. A vasta literatura existente evidencia a eficiência do protocolo de higiene bucal na prevenção de PAVM. Recomenda-se, portanto, a inserção dessa medida no bundle.

Referências

Morais TMN, Silva A, Knobel E, Avi ALRO, Lia RCC. Pacientes em unidades de

terapia intensiva: atuação conjunta dos médicos e dos cirurgiões-dentistas.

In: Serrano JR CV, Oliveira MCM, Lotufo RFM, Moraes RGB, Morais TMN,

coordenadores. Cardiologia e odontologia: uma visão integrada. São Paulo:

Livraria Santos; 2007. cap.15, p.249-70.

Beraldo CC, Andrade D. Higiene bucal com clorexidina na prevenção de

pneumonia associada à ventilação mecânica. J Bras Pneumol. 2008; 34(9):707-14.

Chlebicki MP, Safdar N. Topical chlorhexidine for prevention of ventilatorassociated pneumonia: a meta-analysis. Crit Care Med. 2007; 35(2):595-602.

Muscerere J, Dodek P, Keenan S, Fowler R, Cook D, Heyland D, et al.

Comprehensive evidence-based clinical practice guidelines for ventilatorassociated pneumonia: prevention. J Crit Care. 2008; 23: 126-37.

Chan EY, Ruest A, Meade MO, Cook DJ. Oral decontamination for prevention

of pneumonia in mechanically ventilated adults: systematic review and

meta-analysis. Br Med J. 2007; 334(7599):889.

Ruffell A, Adamcova L. Ventilator-associated pneumonia: prevention is

better than cure. Nurs Crit Care. 2008 Jan-Feb;13(1):44-53.

Tantipong H, ChantanaM, Jaiyindee S, Thamlikitkul V. Randomized Controlled

Trial and Meta-analysis of Oral Decontamination With 2% Chlohexidine

Solution for the Prevention of Ventilator-Associated Pneumonia. Infect

Control Hosp Epidemiol. 2008; 29:131-6.

Garcia R, Jendresky L, Colbert L. Reduction of Microbial Colonization in the

Oropharynx and Dental Plaque Reduces Ventilator-Associated Pneumonia.

APIC Conference, Jun 2004.

Panchabhai TS, Dangavach NS, Krishnan A, Kothari VM, Karnad DR.

Oropharyngeal cleansing with 0.2% Chlorhexidine for prevention of

Nosocomial pneumonia in critically ill Patients. Chest. 2009; 135:1150-6.

Munro CL, Grap MJ, Jones DJ, Mcclish DK, Sesser CN. Chlorhexidine,

Toothbrushing, and Preventing Ventilator-Associated Pneumonia in

Critically Ill Adults. Am J Crit Care. 2009;18: 428-37.

Fernandes AT, Zamorano PO, Torezan Filho MA. Pneumonia hospitalar. In:

Fernandes AT, Fernandes MOV, Ribeiro Filho N. Infecção hospitalar e suas

interfaces na área de saúde. São Paulo: Atheneu; 2000. cap.21, p.516-54.

Amaral SM, Cortês AQ, Pires FR. Pneumonia nosocomial: importância do

microambiente oral. J Bras Pneumol. 2009; 35(11):1116-24.

Pereira CA, Carvalho CRR, Silva JLP, Dalcolmo MMP, Messeder OHC. Consenso

Brasileiro de Pneumonias em Indivíduos Adultos Imunocompetentes. J

Pneumol. 2001; 27: 22-41.

CDC. The National Healthcare Safety Network (NHSN) Manual. Healthcare

personnel safety component protocol, 2009. [Citado em 2011 set 10].

Disponível em: http://www.cdc.gov/nhsn/PDFs/HSPmanual/HPS_Manual.pdf.

Pinheiro PG, Salani R, Aguiar ASW, Pereira SL. Perfil periodontal de indivíduos

adultos traqueostomizados com pneumonia nosocomial. Rev Periodont.

;17(3):67-72.

Oliveira LCBS, Carneiro PPM, Fisher RG, Tinoco EMB. A presença de

patógenos respiratórios no biofilme bucal de pacientes com pneumonia

nosocomial. Rev Bras Ter Intens. 2007; 19(4): 428-43.

Pace MA, Watanabe E; Facetto MP, Andrade D. Staphylococcus spp. na saliva

de pacientes com intubação orotraqueal. Rev Panam Infectol. 2008;10(2):8-12.

Morais TMN, Silva A, Avi ALRO, Souza PHR, Knobel E, Camargos LFA. A

importância da atuação odontológica em pacientes internados em unidade

de terapia intensiva. Rev Bras Ter Intens. 2006;18(4):412-7.

Bergmans DC, Bonten MJ, Gaillard CA, Paling JC, Geest SVD, Tiel FHV et al.

Prevention of ventilator-associated pneumonia by oral decontamination:

a prospective, randomized, double-blind, placebo-controlled study. Am J

Respir Crit Care Med. 2001; 164(3):382-8.

Santos PSS, Mello WR, Wakim RCS, Paschoal MAG. Uso de solução bucal

com sistema enzimático em pacientes totalmente dependentes de cuidados

em unidade de terapia intensiva. Rev Bras Ter Intens. 2008; 20(2):154-9.

Araújo RJG, Oliveira LCG de, Hanna LMO, Correa AM, Carvalho LHV, Álvares

NCF. Análise de percepções e ações de cuidados bucais realizados por

equipes de enfermagem em unidades de tratamento intensivo. Rev Bras Ter

Intens. 2009; 21(1):38-44.

Reche NSG. Controle da placa dental em deficientes mentais com o uso da

clorexidina. 2005. 72 p. Dissertação (Mestrado em Clínica Odontológica).

Marília-SP: Universidade de Marília; 2005.

Zanatta FB, Rösing CK. Clorexidina: mecanismo de ação e evidências atuais

de sua eficácia no contexto do biofilme supragengival. Scientific-A 2007;

(2):35-43.

Tortora GJ, Funke BR, Case CL. Controle do crescimento microbiano. In:

Tortora GJ, Funke BR, Case CL. Microbiologia. 6ª ed. Porto Alegre: Artmed;

p.181-206.

Gebran MP, Gebert APO. Controle químico e mecânico de placa bacteriana.

Tuiuti: ciência e cultura, Curitiba 2002; (26):45-58.

Fávero MLD, Pontarolo R, Sato MEO, Andreazza IF, Machado A.

Desenvolvimento de dentifrício como veículo para o uso de digluconato

de clorexidina no controle químico da placa bacteriana, 2004 [dissertação].

Programa de pós- graduação em ciências farmacêuticas – Universidade

Federal do Paraná, Curitiba, 2004.

5 Million Lives Campaign. Getting Started Kit: Prevent Ventilator Associated

Pneumonia. Cambridge MA: Institute for Healthcare Improvement; 2008.

[Citado em: 10 ago. 2011]. Disponível em: www.ihi.org.

Munro CL, Grap MJ. Oral health and care in the intensive care unit: state of

the science. Am J Crit Care. 2004; 13(1):25-33.

Grap MJ, Munro CL, Ashtiani B, Bryant S. Oral care interventions in critical

care: frequency and documentation. Am J Crit Care. 2003; 12(2):113-8.

Koeman M, Ven AJAMVD, Hak E, Joore HCA, Kaasjager K, Smet AGA et al.

Oral decontamination with chlorhexidine reduces the incidence of ventilatorassociated pneumonia. Am J Respir Crit Care Med 2006;173(12):1348-55.

Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução-RDC nº 7, de 24 de

fevereiro de 2010. [Citado em 2011 set 12]. Disponível em: URL: http://www.

amib.org.br/pdf/RDC-07-2010.pdf.

Hospital Risoleta Tolentino Neves. Histórico. 2011. [Citado em 2011 jun 10].

Disponível em: http://www.hrtn.fundep.ufmg.br/index.php?option=com_

content&task=blogsection &id= 6&Itemid=86.

Souza AF, Neves ALC, Benevenuto MEAC, Costa PM. Uso da clorexidina

,12% na higiene oral de pacientes em unidade de terapia intensiva. 2009. 88f.

Monografia (Graduação em Enfermagem) – Belo Horizonte,Faculdade de

Enfermagem, Universidade José do Rosário Vellano; 2009.

Hospital Risoleta Tolentino Neves. Serviço de Controle de Infecções Hospitalares:

Risco de Infecção associada à assistência e taxas de letalidade no Centro de

Tratamento Intensivo: Jan de 2008 a out de 2011. Belo Horizonte nov 2011.

Moreno R. The customization of APACHE II for patients receiving orthotopic

liver transplants. Critical Care. 2002, 6:188-189.

Ames NJ, Sulima P, Yates JM, McCullagh L, Gollins SL, Soeken K, Wallen

GR.Effects of Systematic Oral Care in Critically Ill Patients: A Multicenter

study. AJCC. 2011; 20(5):

Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Infecções do trato respiratório

orientações para prevenção de infecções relacionadas à assistência à saúde.

Brasília: Anvisa; 2009.

Publicado

01-03-2013

Edição

Seção

Pesquisa

Como Citar

1.
Avaliação da implementação de novo protocolo de higiene bucal em um centro de terapia intensiva para prevenção de pneumonia associada à ventilação mecânica. REME Rev Min Enferm. [Internet]. 1º de março de 2013 [citado 23º de dezembro de 2024];17(1). Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/reme/article/view/50252

Artigos Semelhantes

1-10 de 213

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.