Cronicidade dos processos de reconstrução e recuperação em desastres

as histórias que nem todos avós poderão contar

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35699/2316-770X.2022.39413

Palavras-chave:

Afetados, Desabrigados, Calamidades, Defesa civil, Políticas públicas

Resumo

Os processos de reconstrução e recuperação em desastres têm pouca visibilidade pública e as pesquisas sobre o tema ainda são escassas, sobretudo no contexto brasileiro. O objetivo deste artigo é analisar as especificidades dos idosos nos processos de reconstrução e recuperação em desastres. Para tanto, baseia-se na pesquisa bibliográfica, na pesquisa documental sobre políticas públicas de proteção e defesa civil, e em pesquisas de campo, de base qualitativa, nos desastres de São Luiz do Paraitinga (2010), Nova Friburgo (2011), Teresópolis (2011), Blumenau (2008 e 2011) e Ilhota (2008 e 2011). Os resultados indicam: a) os sentidos de afetação vivenciados pelos(as) idosos (as) no contexto de emergência e desastre; b) práticas insuficientes dos(as) gestores (as) e das políticas públicas diante dessas afetações; e, c) possíveis estratégias para aperfeiçoamento e/ou implementação de políticas públicas de reconstrução e recuperação em desastres, sobretudo a partir do Sistema Único de Assistência Social.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Aline Silveira Viana, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

Gerontóloga pela UFSCar. Doutora em Saúde Pública pela ENSP/Fiocruz. Mestre em Ciências da Engenharia Ambiental pela USP. Especialista em Informática em Saúde pela UNIFESP. Formação complementar pelas universidades Johns Hopkins University (EUA), University of Pennsylvania (EUA), FLACSO (ARG), UFSC (BR), entre outras. Foi bolsista CNPq (2009-2010, 2015-2019), Capes (2013-2015), FAPESP (2011- 2012) e FUNCATE (2020-2021). Foi membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas Sociais em Desastres (NEPED/UFSCar), dos Grupos de Pesquisas Saúde e Envelhecimento (UFSCar), Sociedade e Recursos Hídricos (UFSCar) e Vulnerabilidade Socioambiental, Desastres e Saúde (Fiocruz/RJ). Desenvolveu projeto de abrangência internacional, com pesquisadores de diferentes países, entre 2019 e 2020, liderado pela Federal Emergency Management Agency (FEMA/EUA). Foi pesquisadora no CEMADEN/SP pelo Projeto ELOS SEDEC/PNUD entre 2020 e 2021. Atualmente é Professora substituta no DGero/UFSCar, membro da Rede Internacional WATERLAT-GOBACIT e da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Atua principalmente com: desastres, vulnerabilidade, desigualdade social, saúde pública, sociologia dos desastres e gerontologia. 

Victor Marchezini, Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden)

Desde 2004 atua na área de Sociologia dos Desastres. Tem experiência em projetos internacionais no tema de ciência dos desastres e adaptação às mudanças climáticas, com 27 artigos científicos e 4 livros publicados nos últimos cinco anos. Tem experiência na coordenação de redes internacionais de pesquisadores, como no projeto "Reduction of Vulnerability to Disasters: from knowledge to action", que envolveu 87 cientistas de 12 países, com publicação de 28 capítulos em inglês, espanhol e português (https://preventionroutes.weebly.com/capiacutetuloschapters.html). É pesquisador visitante no Warning Researcher Center, da University College London e membro do Comitê de Pesquisa em Sociologia dos Desastres, na Associação Internacional de Sociologia (ISA) (https://www.isa-sociology.org/en/research-networks/research-committees/rc39-sociology-of-disasters/ ), sendo um dos coordenadores das atividades desse comitê no IV Fórum Internacional da ISA (https://isaconf.confex.com/isaconf/forum2020/webprogrampreliminary/Symposium605.html). Está no comitê editorial de dois jornais científicos reconhecidos na área: o Disaster Prevention and Management Journal (https://emeraldgrouppublishing.com/products/journals/editorial_team.htm?id=dpm ) e o Environmental Hazards Journal (https://www.tandf.co.uk/journals/pdf/editor/tenh-board-members.pdf). A experiência nacional no tema transita pelo ambiente científico interdisciplinar e de políticas públicas. De 2004 a 2011 atuou no Núcleo de Estudos e Pesquisas Sociais em Desastres, da Universidade Federal de São Carlos (NEPED/UFSCar). Desde Outubro 2014 é servidor público no Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres (Cemaden/MCTIC), no cargo de pesquisador. É professor no Programa de Pós-Graduação em Desastres (ICT/Unesp - Cemaden/MCTIC) e no Programa de Pós-Graduação em Ciência do Sistema Terrestre (PGCST/INPE). É doutor em Sociologia pela UFSCar (2013), com tese sobre processos de reconstrução e recuperação em desastres. Tem especialização em Direitos Humanos, Gestão Global do Risco e Políticas Públicas de Prevenção de Desastres, pela Fundación Henry Dunant, Chile (2012). É mestre em Sociologia pela UFSCar (2010), com dissertação sobre abrigos temporários em desastres. É bacharel em Ciências Sociais pela UFSCar (2007) e licenciado em Ciências Sociais , pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2010). Tem experiência nos seguintes temas: defesa civil, vulnerabilidade, desastres, educação para redução de desastres e prevenção de desastres.

Alice Dianezi Gambardella, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP)

Socióloga, mestre e doutora em Serviço Social, Políticas Sociais e Movimentos Sociais pela PUC/SP. Possui experiência em trabalho social e ciência política, especialmente em avaliação de políticas públicas, calamidades públicas e ações de gestão de prevenção de riscos e de desastres. Foi consultora do PNUD Brasil como gerente de pesquisa no Programa de Proteção e Apoio Integral às Famílias - PAIF; pesquisadora acadêmica para avaliar a implementação de Centros-Dia para a Pessoa com Deficiência na Região Nordeste. Recentemente, foi consultora em emergências e calamidade públicas (quebra de barragens, inundações, incêndios e deslizamentos de terra), incluindo os casos Samarco e Vale em Minas Gerais/BR. Foi pesquisadora PNPD (Pós-doc) em projeto de Análise da Capacidade Protetiva de Programas de Transferência de Renda para Famílias Beneficiárias no Estado da Paraíba/BR e gestora da Plataforma Covid-19/PB. Atualmente integra a equipe de pesquisa no Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN) para aprimoramento da implementação da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil.

Referências

BRASIL. Censo Suas, 2017. Análise dos componentes sistêmicos da Política Nacional 2017 de Assistência Social. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Social, 2018.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Regional. Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil. Diagnóstico de capacidades e necessidades municipais em proteção e defesa civil [livro eletrônico]: Brasil. Victor Marchezini (Coord.). Brasília/DF, 2021.

BRASIL. Sistema Integrado de Informações sobre Desastres - S2ID. 2016. Disponível em: <https://s2id.mi.gov.br/paginas/series/>. Acesso em: 11 de abril de 2022.

BRITO, J.R., I et al. Utilização de regressão multivariada na determinação do perfil da população afetada por desastres, XXVI ANPET - Congresso de Pesquisa e Ensino em Transportes, Joinville/SC, 2012.

CASTELLANOS, M.E.P. et al. Cronicidade: experiência de adoecimento e cuidado sob a ótica das ciências sociais. Fortaleza: EdUECE, 2015.

CORREIO BRAZILIENSE. Neta morre soterrada em Petrópolis 50 anos depois de a avó morrer da mesma forma. Reportagem de 18/02/2022. Disponível em: <https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2022/02/4986401-neta-morre-soterrada-em-petropolis-50-anos-depois-de-a-avo-morrer-da-mesma-forma.html>. Acesso em: 28 de fevereiro de 2022.

CORTÉS, G.V. Devastación y éxodo: memoria de seminarios sobre reubicaciones por desastres en México. Ciudad de México: CIESAS, 2009.

COSTA, R.S. et al. Rede de apoio familiar ao idoso vítima de desastre ambiental. Anais… IV Programa de Estudos "População, Ambiente e Desenvolvimento: Segurança Humana em contextos de desastres", 2012.

CUNHA, E. Os sertões: campanha de Canudos. São Paulo: Penguim Classis/ Companhia das Letras, 2019.

DOSTAL, P.J. Vulnerability of Urban Homebound Older Adults in Disasters: A Survey of Evacuation Preparedness. Disaster Med Public Health Prep., v. 9, n.3, p. 301-6, 2015.

G1. Chuva em Petrópolis: veja quem são os 20 desaparecidos. Reportagem de 17/02/2022. Disponível em: <https://g1.globo.com/rj/regiao-serrana/noticia/2022/02/17/catastrofe-em-petropolis-veja-quem-sao-os-desaparecidos.ghtml>. Acesso em: 28 de fevereiro de 2022.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Censo Populacional. 2010. Disponível em:<http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 05 de novembro de 2021.

LOKE, A.Y.; LAI, C.K.; FUNG, O.W. At-home disaster preparedness of elderly people in Hong Kong. GeriatrGerontol Int, v. 12, n. 3, p. 524-31, 2012.

MACÍAS, J.M. Investigación evaluativa de reubicaciones humanas por desastres en México. Ciudad de México: CIESAS, 2009.

MILANEZ, B.; LOSEKANN, C . Desastre no Vale do Rio Doce: antecedentes, impactos e ações sobre a destruição. Rio de Janeiro: Folio-Digital Letras e Imagem, 2016.

MINISTÉRIO DA CIDADANIA. Mapas Estratégicos para Políticas de Cidadania (MOPS). Disponível em: <https://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/mops/index.php?e=1>. Acesso em: 28 de fevereiro de 2022

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL (MDR). GIRD+10: caderno técnico de gestão integrada de riscos e desastres. Brasília: SEDEC, 2021

OLIVER-SMITH, A. Reconstrucción después del desastre: una visión general de secuelas y problemas. In: LAVELL, A. (Org.). Al Norte del Rio Grande. Cidade do Panamá: Red de Estudios Sociales en Prevención de Desastres en América Latina, 1994, p.25-40.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS - ONU. Direitos Humanos das Mulheres. 2018. Disponível em: . Acesso em: 21 de fevereiro de 2022.

PLATAFORMA COVID-19 Paraíba/IPSA: Índice de Proteção Social Ampliada. Nota Técnica n.1. NEPPS – Núcleo de Estudos e Pesquisas em Políticas Sociais. PPGSS/UFPB. Setembro, 2021. Disponível em: <https://plataformapb.github.io/indicator-panel/>Acesso em: 21 de fevereiro de 2022.

RIANELLI, E. TV Globo. Bombeiros acham corpos de avó e neta no Morro da Oficina, em Petrópolis. Reportagem de 22/02/2022. Disponível em: <https://g1.globo.com/rj/regiao-serrana/noticia/2022/02/22/bombeiros-acham-corpos-de-avo-e-neta-no-morro-da-oficina-em-petropolis.ghtml>. Acesso em: 28 de fevereiro de 2022.

SANTOS, A. B. et al. A catástrofe de 1967. In: CAMPOS, J. F. (Ed.). Santo Antônio de Caraguatatuba: memórias e tradições de um povo. Caraguatatuba: Fundacc, 2000.

SANTOS, D. M. Os sentidos da patrimonialização no processo de reconstrução de São Luiz do Paraitinga. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Humano). Universidade de Taubaté, 2016.

SANTOS, J.R.C.C. A cultura como protagonista do processo de reconstrução da cidade de São Luiz do Paraitinga/SP. Tese (Doutorado em História Social). Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015.

SARTORI, J. Como esquecer? Memórias de um desastre vivenciado. Dissertação (Mestrado em Ciências da Engenharia Ambiental) Universidade de São Paulo, 2015.

SIENA, M. A Atenção Social nos Desastres: uma análise sociológica das diversas concepções de atendimento aos grupos sociais afetados. Tese (Doutorado em Sociologia), Universidade Federal de São Carlos,São Carlos, 2012.

SILVA, R. A. C. Águas de novembro: estudo antropológico sobre memória e vitimização de grupos sociais citadinos e ação da Defesa Civil na experiência de calamidade pública por desastre ambiental (Blumenau, Brasil). Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2013.

VALENCIO, N., VALENCIO, A. Cobertura jornalística sobre desastres no Brasil: dimensões sociopolíticas marginalizadas no debate público. Anuario Electrónico de Estudios en Comunicación Social “Disertaciones”, v. 10, n. 2, p. 165-186, 2017.

VARGAS, D. Da chuva atípica à falta de todo mundo: a luta pela classificação de um desastre no município de Teresópolis/RJ. Tese (Doutorado em Sociologia) – Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2013.

VIANA, A. S. Idosos nos desastres - uma análise das condições de vida, dos problemas de saúde e das respostas sociais dadas pelo poder público. 2019. Tese (doutorado) – Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Rio de Janeiro, 2019.

VIANA, A. S. O Desastre e o Caos Velado: O enfrentamento individual, interpessoal e coletivo de idosos e familiares. 1ª edição.. 1. ed. B.Aires, C.Grand, Alcalá de Hen.: EDUEP, IELAT, Red Waterlat-Gobacit, 2020. v. 1. 145p .

VIEIRA JÚNIOR, I. Torto Arado. São Paulo: Todavia, 2018.

ZHOURI, A. et al. O desastre da Samarco e a política das afetações: classificações e ações que produzem o sofrimento social. Ciência e Cultura, Campinas, v. 68, n. 3, p. 36-40, 2016.

Downloads

Publicado

2022-08-01

Como Citar

VIANA, A. S.; MARCHEZINI, V. .; GAMBARDELLA, A. D. Cronicidade dos processos de reconstrução e recuperação em desastres: as histórias que nem todos avós poderão contar. Revista da UFMG, Belo Horizonte, v. 29, n. 2, p. 69–91, 2022. DOI: 10.35699/2316-770X.2022.39413. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadaufmg/article/view/39413. Acesso em: 29 mar. 2024.

Edição

Seção

Artigos