v. 3 n. 1 (2022): Dossiê - Da crítica ao dispositivo da propriedade à aposta no comum: corpos, colonialidades, mundos (jan/jun 2022)
Dossiê especial

Belo Monte, Canudos ou a "comunidade que vem" em estado fenomênico

Thaísa Maria Rocha Lemos
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil
Biografia

Publicado 06-09-2022

Palavras-chave

  • Canudos,
  • comunidade,
  • comum,
  • identidade,
  • propriedade

Como Citar

LEMOS, T. M. R. Belo Monte, Canudos ou a "comunidade que vem" em estado fenomênico. (Des)troços: revista de pensamento radical, Belo Horizonte, v. 3, n. 1, p. 111–124, 2022. DOI: 10.53981/destroos.v3i1.40245. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/article/view/40245. Acesso em: 19 mar. 2024.

Resumo

A propriedade, enquanto um dispositivo, possui a capacidade de interceptar e modelar subjetividades, de modo a constituir viventes amuralhados em si mesmos em identidades petrificadas e oposicionais que refreiam o irromper do comum. Por esse motivo, ciente da premissa benjaminiana de que a rememoração do passado serve a sua presentificação, objetivo neste artigo analisar a experiência do Arraial de Canudos (1893-1897), no qual diversas singularidades se reuniram na experiência comunitária – no sentido pregnante da palavra – de Belo Monte. Esse movimento é feito tendo em vista o meu entendimento de que ali se deu uma desativação do dispositivo proprietário que captura nossa humanidade comum, a recodificando em identidades jurídico-sociais.

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